Palavrinhas que nos sabotam no dia a dia - Parte II

Palavrinhas que nos sabotam no dia a dia - Parte II

Samej Spenser
Imagem: “Autossabotagem pode prejudicar os negócios” | Empreendedores Web

Por Julyver Modesto de Araujo

Introdução

Dando continuidade ao texto anterior, “Palavrinhas que nos sabotam no dia a dia”, — que tratou das palavras “não”, “mas” e “tentar” —, o amigo Julyver Modesto preparou um novo texto, no qual as palavras que podem nos sabotar desta vez, podem (também) gerar generalizações e/ou sensações de obrigatoriedade. E essas palavras são: NUNCA - SEMPRE e TENHO - PRECISO.

Vejamos aí abaixo um pouco mais sobre cada uma dessas palavras! 😉

Nunca - Sempre

Você já ouviu a frase “Nunca diga nunca”? Ou então, que “o ‘pra sempre’ sempre acaba”?

Sabia que, normalmente, as palavras “nunca” e “sempre”, dada a sua “extensão infinita”, acabam nos sabotando? Entenda porquê:

Na Programação Neurolinguística, a questão é estudada sob o enfoque do Metamodelo da Linguagem, procurando-se avaliar os reflexos da comunicação em nossa própria percepção do mundo e a mensagem inconsciente que é transmitida a nós mesmos e ao nosso interlocutor.

Quando dizemos “nunca” ou “sempre” (assim como “todos”, “todo mundo” ou “ninguém”), estamos generalizando um fato que, normalmente, não é tão geral assim e nem se repete de maneira indefinida, ou seja, via de regra, o “nunca” não é, realmente, “nunca” e o “sempre” não é “sempre” de verdade.

É claro que não há qualquer problema em você dizer coisas do tipo “Nunca tinha ouvido falar a respeito disso” ou “A partir de hoje, sempre me lembrarei dessas recomendações”, pois, nestes casos, você está, respectivamente, apenas reconhecendo tratar-se do primeiro contato com o assunto e se predispondo a, na medida do possível, lembrar-se do que considera pertinente (o “sempre” aí é positivo, pois reforça o seu desejo e o seu compromisso na lembrança).

Por outro lado, quando algo de ruim lhe acontece e você diz “sempre acontece isso comigo”, sem perceber está sendo sabotado pela palavra, pois está reconhecendo que isso ocorre SEMPRE (inclusive nos momentos que estão por vir) e aí o seu cérebro trabalhará para que, no futuro, ocorra novamente, nas mesmas circunstâncias, afinal, você mesmo já se convenceu de que aquilo é para sempre. Procure substituir essa frase, comum no nosso dia a dia, por “da próxima vez, será diferente” ou “estou me habituando com novas soluções para esse tipo de problema” (pois estará dando um comando positivo ao seu cérebro, o qual procurará atender à sua expectativa).

De igual modo, evite dizer frases como “eu nunca aprendo isso” ou “você nunca faz nada certo”. Ao contrário, prefira “estou em constante aprendizado” ou “tenho certeza que, com o tempo, você aprenderá a fazer o certo”.

Tenho e Preciso

Outras palavras que merecem nossa atenção são “tenho” e “preciso”, quando utilizadas em algo a ser feito, do tipo “eu tenho que acordar cedo” ou “eu preciso trabalhar”.

Tais palavras também nos sabotam porque tiram de nós a decisão sobre nossos atos, como se nossas escolhas fossem dependentes dos outros, como se estivéssemos, nestes momentos, sendo impelidos a agir desta ou daquela forma.

Experimente trocar essa forma de falar (e pensar) por “quero”, “prefiro”, “pretendo”, “decido”, “escolho” ou qualquer outro verbo que denote que você é dono de suas vontades e ações; afinal de contas, por mais que alguns acontecimentos nos pareçam obrigatórios, podemos escolher o que queremos para nossa vida (e isso inclui avaliar até que ponto estamos dispostos a nos sujeitar às consequências de nossos atos).

As respostas a estas perguntas e a análise do custo-benefício entre o “fazer” e o “não fazer” nos permitirão entender a diferença entre “eu tenho que acordar cedo” e “eu escolhi acordar cedo” ou entre “eu preciso trabalhar” e “eu prefiro trabalhar”.

Talvez, a predileção pela forma como a maioria das pessoas se expressa (usando tenho/preciso) decorra do nosso aprendizado em seguir as ordens dos mais velhos (pais/mães/avós/irmãos, etc.), pois a maioria de nós crescemos com esse referencial. O filósofo André Comte-Sponville, no livro “Pequeno tratado das grandes virtudes”, ao explanar acerca do início das nossas virtudes, argumenta exatamente que a origem de todas é a POLIDEZ: agimos correto porque tem que ser assim. A mãe diz “faça assim” e, ao perguntarmos “por quê?”, ouvimos “porque você tem que fazer assim”, sem, necessariamente, uma conotação moral, mas porque é o “correto” a ser feito. Crescemos e continuamos a imaginar que as coisas TÊM que ser assim ou assado. Será mesmo?


Esperamos que tenha gostado deste texto. Lembre-se:


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