Tecnologia e angústia: uma crise histórica

Tecnologia e angústia: uma crise histórica

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Desde o inicio da humanidade o homem cria ferramentas onde modifica o mundo e é modificado pelos instrumentos que desenvolve. O curioso é que acabamos produzindo também, angústia. É certo afirmar que não existiríamos sem o uso de tecnologias.


No passado construíamos ferramentas batendo uma pedra na outra, depois aprendemos a derreter metais e construir toda variedade de objetos.


A descoberta e manuseio do fogo são conhecidos como o grande passo no desenvolvimento tecnológico. Geralmente representado pelo mito grego onde Prometeu roubou o fogo dos deuses para presentear os homens com tal tecnologia.


Com o surgimento do fogo, novos horizontes se abriram e o futuro desconhecido foi venerado e temido. Novas escolhas se fizeram necessárias assumindo riscos desconhecidos.


Esta é a grande crise histórica que o desenvolvimento tecnológico impõe desde o seu surgimento. Para cada nova tecnologia desenvolvida, surge um conjunto de escolhas e riscos desconhecidos. Proporcionando tecnologia e angustia ao mesmo tempo. Segundo o filósofo Kierkegaard, toda escolha promove uma vivência angustiante.


No caso do desenvolvimento tecnológico sempre existiu um fator temerário. Quando surgiu a máquina fotográfica algumas pessoas temiam que sua alma fosse aprisionada pelo invento. No automóvel, se tinha medo do corpo humano não suportar a velocidade do veículo e apresentar doenças devido ao acelerado transporte de 50 km/h. Com a televisão, alguns acreditaram que a máquina poderia dominar coletivamente o cérebro escravizando a mente humana.


Nem todos os medos são infundados, no Japão um desenho com elevada taxa de cintilação provocou uma crise em massa nas crianças com Epilepsia e a televisão realmente possui certa influencia sobre a cultura.


Ao olharmos para o passado observamos temores que devido ao conhecimento de hoje podem parecer banais. No entanto, lidamos com o mesmo tipo de temor em relação aos desenvolvimentos atuais. Celulares, internet, energia atômica, experiências quânticas, etc. Novas tecnologias, mesma angústia.


Entre os temores atuais encontramos a questão da liberdade de informação, onde qualquer indivíduo pode aprender através da internet como cultivar vírus biológico ou criar bombas, venenos, etc.


Os celulares e as redes wireless também estão no foco dos temores modernos uma vez que os efeitos da radio freqüência ainda são desconhecidos em exposições de longo prazo.


Na história da humanidade, tecnologia e angústia sempre apareceram em alguma crise histórica. Ao desenvolver uma tecnologia se caminha em direção ao futuro desconhecido, com todos os perigos pertinentes desta aventura.


O fogo que nos garantiu a sobrevivência e promoveu o desenvolvimento tecnológico é o mesmo que destruiu cidades inteiras, remédios que salvam milhares de vidas também causam a morte de um percentual da população. É a angustiante escolha tecnológica em ação.


O termo angústia pode ser definido como sendo um mal-estar que se constitui de um medo sem um objeto determinado, uma sensação física de aperto frente aos possíveis riscos de eventos ainda por ocorrer.


Uma crise aguda de angústia pode levar ao comportamento agressivo, sensação de vazio, depressão, comportamento inapropriado, etc. Elevada angústia pode transformar pessoas e adoecer sociedades.


Embora o futuro tecnológico seja incerto e a angústia inevitável, muitos pensadores apostam na moderação como meio de diminuir os efeitos negativos deste evento. Neste sentido, é aconselhável usar qualquer tecnologia de forma prudente. Esse é o caso da angústia ocasionada com a polêmica sobre celulares e o câncer.


Alertar crianças e adultos para a importância do uso limitado e coerente da tecnologia e promover um comportamento em oposição ao excesso, parece ser a melhor forma para conciliar de maneira saudável a relação entre tecnologia e angústia. Quem sabe, diminuindo assim, o impacto dessa crise histórica que permeia o universo tecnológico.

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