São Bento 52
CARTA ENCÍCLICA
FULGENS RADIATUR
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
(Continuação)
22. Onde quer que chegasse este exército inerme de agricultores, de artistas, de teólogos, de sábios, de pregoeiros do Evangelho, marcava bem fundo o rastro das suas pisadas, em oficinas que se erguiam, alegres de arte e de trabalho, em relhas que se multiplicavam, desabrochando o seio das florestas na promessa verde dos campos, em novos grupos de povos civilizados, arrancados aos costumes da selva pelo exemplo e pregação dos monges. Apóstolos sem-conta calcorrearam, transbordantes de caridade divina, as regiões turbulentas e ignoradas da Europa, regando-as, generosamente, de suor e de sangue, levando às populações pacíficas a luz das verdades e da moral cristã. Podemos realmente dizer que Roma, engrandecida com a extensão de suas conquistas, levando as guerras de seu império à terra e ao mar, "menos deve à braveza dos soldados que a moderação da paz cristã".(39) Com efeito, desde a Inglaterra, a França, a Holanda, a Alemanha, a Dinamarca, a Frísia, a Escandinávia, até a Hungria, nenhum povo há que se não orgulhe do apostolado dos monges, os não considere como glória nacional e ilustres iniciadores da sua cultura. Quantos bispos, saídos do claustro, não governaram sabiamente suas dioceses, ou já constituídas ou por eles criadas, fecundando-as com o seu labor! Quantos mestres, quantos doutores exímios, fundando escolas que ficaram célebres depois, iluminando os espíritos obscurecidos no erro e contribuindo para desenvolvimento e progresso da cultura religiosa e profana! Quantos varões santíssimos, finalmente, que, ingressando na ordem beneditina, se adestraram no exercício da perfeição evangélica e intensamente propagaram o reino de Jesus Cristo, com o exemplo e com admiráveis prodígios que operavam mediante a graça divina.
23. Muitos deles, como perfeitamente sabeis, veneráveis irmãos, ascenderam às honras do episcopado ou se imortalizaram com a tiara dos pontífices. Recordar aqui o nome de tantos apóstolos, bispos, santos e pontífices que a Igreja tem inscritos a letras de ouro em seus anais, seria excessivamente longo e, aliás, inútil, porque a vívida luz que os nimba, a incomparável importância que tiveram na história, bastam por si a patenteá-los.