O escândalo da Zaask

O escândalo da Zaask

Cuidado com quem pede dinheiro a troco de possibilidade de trabalho

Este é o texto que a Zaask não quer que leia:

  • A Zaask tentou intimidar com uma carta dum advogado. Não tendo caso, servia a carta para aterrorizar, numa clara tentativa de censura pelo medo;
  • A Zaask requereu ao Medium a supressão desta publicação original, numa tentativa continuada e sistemática de silenciar a crítica. A publicação é agora reproduzida aqui no Telegraph.

Há actualmente uma empresa que vive do desespero das pessoas: a Zaask.

A Zaask continua a existir através dum conjunto de acções sistemáticas de censura e silenciamento das opiniões na Internet, por isso leia este texto com atenção.

Como funciona a Zaask para um profissional

Funciona assim:

  1. Um cliente introduz na página deles um pedido de orçamento.
  2. Os profissionais podem pagar dinheiro (eles dizem que são créditos, mas esses créditos representam dinheiro) para a possibilidade de enviarem um orçamento a esse cliente.
  3. O dinheiro que a Zaask cobra é proporcional ao orçamento do cliente. Isto é, cobram mais créditos sobre a possibilidade do prestador de serviço poder vir a ganhar mais dinheiro.
  4. A Zaask fica com o dinheiro dos profissionais que pagaram para enviar um orçamento ao cliente, na forma de créditos que se esgotam. Se os créditos da sua subscrição esgotarem, os profissionais são encorajados a comprar mais créditos.
  5. O cliente escolhe um dos profissionais que pagaram para lhe enviar os seus orçamento, ou pode não escolher nenhum.
  6. A Zaask fica com o dinheiro de todos os profissionais, mesmo os que não ficaram com o trabalho do cliente. Os créditos são gastos pelos profissionais sempre que concorrem a um pedido dum cliente.
  7. Como se isso não bastasse, no final a Zaask cobra comissão sobre o serviço do cliente.

«Fiz o plano anual, e depois devo ter carregado duas ou três vezes». O número de clientes por período exibido também é muito baixo para as respectivas profissões.

Pagar para concorrer?

Da página da Zaask:

A Zaask funciona com um sistema de créditos. Os Profissionais usam os créditos para adquirir os contactos dos Clientes que fizeram os pedidos de orçamento. Ao subscrever um Plano Zaask, o Profissional recebe créditos com os quais adquire o contacto dos clientes a cujos serviços quer concorrer e apresentar uma proposta de orçamento.
O número de créditos atribuídos depende do Plano que se subscreve e, à medida que se vão adquirindo contactos, vão sendo retirados créditos do saldo de créditos da conta do Profissional na Zaask.
Caso o Profissional gaste os créditos antes do final da subscrição, este tem a possibilidade de comprar mais créditos para aceder a mais oportunidades de negócio. — in https://www.zaask.pt/sistema-de-creditos

Não sei como alguém consegue dormir à noite com este modelo de negócio sujo: cobrar dinheiro por aquilo que é, francamente, um jogo de fortuna e azar — os prestadores de serviços pagam para licitar sobre a hipótese de ganhar dinheiro através dum serviço dum cliente… e ainda por cima a Zaask fica com comissão sobre esse dinheiro ganho pelo profissional que ficar com o serviço.

Nunca ninguém questionou o modelo de negócio da Zaask?

É estranho que tenha obtido investimento da Portugal Ventures, que é gerido pelo Estado português, sem que ninguém tenha criticado a desumanidade deste modelo de negócio. Quem quereria investir numa empresa como esta?

Um conjunto de pessoas que não se importa de lucrar com o desespero das pessoas.

E ainda mais estranho é que a Zaask tenha obtido cobertura dos media portugueses sem que nenhum jornalista tivesse constatado que se está a cobrar dinheiro a quem quer trabalhar a troco da remota hipótese deles poderem vir a ganhar dinheiro com o fruto do seu trabalho — e daí retirando uma comissão.


A Zaask serve para se ajudar a si mesmo a ganhar dinheiro — à custa de quem trabalha

Já a Zaask, existe para fazer dinheiro para si mesmo. Exemplos:

Dinheiro que expira

Os créditos (que são dinheiro) caducam — expiram! Lê-se o seguinte na página da Zaask:

Não gastei os créditos todos no período passado, posso usá-los no seguinte?
Não. Os créditos só são válidos durante o período de subscrição em causa. Ou seja, no caso do plano trimestral os créditos poderão ser gastos durante os três meses que compreendem a subscrição. Contudo, se no final da subscrição e eventual renovação não tiver gasto os créditos todos, estes não transitarão para o período de subscrição seguinte.
Nota: Este caso aplica-se às subscrições efetuadas depois do dia 25 de abril de 2014. Nas subscrições anteriores a esta data para poder usufruir dos créditos adquiridos nas subscrições anteriores tem de ter um plano de subscrição ativo. Ou seja, os créditos estão associados aos planos de subscrição. — in Para prestadores de serviços

Ou seja, antes de 25 de Abril (que data, já agora) ainda se podia comprar créditos em avulso e estes não expiravam. Mas como este modelo não estava a ser suficientemente lucrativo para a Zaask (onde é que já se viu, pessoas a guardarem créditos só para usarem quando valesse mesmo a pena licitar num eventual trabalho!), inventaram este modelo da subscrição. Que bullies!

Já agora, quem adquiriu esses créditos antes desse tal 25 de Abril, lixou-se: nem vão poder usar estes créditos se não tiverem uma subscrição activa, ao contrário do que os profissionais pudessem pensar quando originalmente compraram créditos que lhes foram vendidos sem falar em datas de expiração — a Zaask quebrou a sua própria promessa de não cobrar mais dinheiro do que a venda dos créditos que não expiravam, e obrigam agora os profissionais da Zaask a pagarem regularmente dinheiro para poderem gastar o outro dinheiro que já deram à Zaask. É chular ao máximo.

O importante neste modelo de negócio vil é manter os profissionais num modelo em que pagam regularmente à Zaask independentemente do dinheiro que os profissionais realizarem.

Grandes Negócios

Uma entrevista em que vemos um grande, grande negócio (para a Zaask)

Uma mouth piece da Zaask. No minuto 10:10, fala da comissão, mas não fala dos créditos. No minuto 12:04 fala-se do objectivo de 100.000 euros. A partir do minuto 19:24: «Esta ideia nasce da vontade ter a minha própria empresa (…) ter o meu próprio negócio (…) vontade grande de (…) pensar em novos negócios, sempre atento. (…) Esta ideia foi uma de várias(…), a que me pareceu mais rápida.» Grandes negócios, realmente.

O que deveria ser perguntado nesta longa entrevista encontra-se facilmente na Internet, como uma blogger que usou a Zaask e que não recebeu nenhuma resposta de profissionais dali:

O “problema” da Zaask é que quem se inscreve para prestar serviços tem que pagar um valor mensal (que não me recordo quanto é) para poder ver os anúncios de procura desses serviços. Se calhar o problema de falta de resposta está aí. — in Zaask para vocês também! (blog)

Vamos então ver os preços que a Zaask cobra a quem queira ser profissional. De notar que esta tabela não está pública, e só é revelada depois dum profissional se registar.

Só depois dum profissional se registar é que são revelados os preços. De notar: os créditos só são válidos durante o período de pagamento. Para juntar insulto à injúria: aos valores apresentados é acrescido o IVA. Com IVA o plano básico custa 43.05€, o plano intermédio 73.8€, o plano profissional 121.77€, e o plano premium 244.77€. E já agora, cada crédito de 1 euro com IVA fica a 1,23€.
Caso ganhe algum dinheiro, a Zaask também lhe cobrará a si o IVA sobre a comissão que eles lhe cobram a si.

Quanta insensibilidade e quanta falta de coração é preciso para conseguir fazer isto?

Um prestador de serviço que tenha o azar de se registar na Zaask sente-se vítima: começa a ser contactado por telemóvel pelo departamento de vendas da Zaask pressionando-o para que faça uma subscrição para que possa usar os créditos (que expiram) para licitar sobre pedidos de clientes que, não sendo garantidos, ninguém sabe se existirão sequer para todas as profissões.

Se não aparecerem clientes nenhuns, lá se vão os créditos que expiram; e se não ganhar licitações nenhumas, lá se vão os créditos à mesma. Mas pode sempre fazer novos carregamentos de dinheiro para a Zaask. Eles telefonar-lhe-ão para fazer esses pagamentos, acredite.

De notar ainda que em nenhum momento do processo de registo se informou o profissional de que o seu número de telemóvel iria ser usado para fins de marketing e vendas da empresa.

A Zaask tem três funcionários registados, mas basicamente é um call centre com mais de 20 pessoas se calhar até em regime precário. Será que estão a recibos verdes e a ganhar à comissão? Será que até os seus próprios funcionários são vítimas da Zaask?

Estas vendas de subscrições não são para benefício dos profissionais, mas para benefício da Zaask que quer fazer 100.000 euros por ano. Eles ganharam 12.57o euros num ano com o dinheiro das vendas de subscrições, e perderam 148.000 (como?). O objectivo deles parece ser ganharem 100.000 euros por ano, ficando a perder cerca de 50.000, para justificar junto dos investidores que quando se expandirem para o resto da Europa irão ganhar mais do que perdem actualmente.

Anúncio de recrutamento de operador de call centre para a tal internacionalização espectacular da Zaask
Zaask es una startup en proceso de crecimiento, con buena financiación y con una propuesta de valor innovadora tanto para el consumidor final como para nuestros socios (prestadores de servicio).
Responsabilidades:
* Contactar y comunicar la propuesta de valor para potenciales prestadores de servicios identificados.
* Gestionar la base de datos de los prestadores de servicios contactados.
Requisitos:
* Ambicioso y con voluntad de crecer en el área comercial.
* Menor de 26 años
* Experiência em vendas de pelo menos 6 meses, preferencialmente telefónica — in Emprego Vendas

Esperemos que as associações de consumidores em Espanha escrutinizem a Zaask, já que em Portugal a DECO ainda não fez nada sobre isto:

¿Te has encontrado con ofertas laborales donde lo primero que hacen es pedirte dinero? — FACUA Consumidores en acción

A razão de existir da Zaask está explicada pelo próprio director da Zaask na entrevista ao Grandes Negócios: o seu objectivo é ter a sua própria empresa e fazer 100.000 euros. Quem executa este plano são os operadores de call centre da Zaask.

Resultados para o ano anterior: a derreter assim dinheiro (para onde vai?) é natural que queiram agora um forçar as pessoas que tiveram o azar de se registar na Zaask a passar dum modelo de carregamento de créditos que não expiravam para um de subscrição — para que o dinheiro dos profissionais entre regularmente para a Zaask.

No fundo, a Zaask é um grande call centre. Eis o que acontece a quem tiver o azar de se inscrever como profissional na página web da Zaask:

  1. Um profissional encontra a página da Zaask, e regista-se para avaliar se lhe interessa ou não a Zaask.
  2. O profissional constata que tem de pagar para avaliar sequer a eventual utilidade da Zaask, e abandona a página web, achando que terminou ali a sua relação com a Zaask. Mal ele sabe que isso foi só o isco, e que irá receber uma chamada telefónica.
  3. Como o profissional tinha dado o seu número de telemóvel durante o processo de registo, será contactado por um operador de call centre para ser persuadido a fazer uma subscrição. Em nenhum momento da inscrição lhe tinha sido indicado que o seu número poderia ser usado para acções de marketing da empresa.
  4. O operador de vendas começa por perguntar se já realizou negócios pela Zaask (ele bem sabe que não, pois tem a base de dados à sua frente). A vítima diz que não, e o operador de call centre explica porquê: porque a vítima não fez uma subscrição.
  5. O operador de vendas pergunta se pode relembrar como funciona a Zaask. Em nenhum momento explica que há créditos que expiram por período de subscrição, nem que o profissional tem de pagar continuamente pela mera hipótese de realizar serviços.
  6. O operador explica que basta um negócio ganho (faz uma simulação dos valores dos serviços com o profissional) para recuperar o montante «investido» com a Zaask. O operador não explica que o profissional irá pagar cerca 4 euros (em 4 créditos) para enviar orçamentos a clientes, e muito menos explica que há a forte possibilidade dum profissional não obter nunca nenhum serviço.

O operador perante o desinteresse do profissional nesta fase insiste na ideia de que o pagamento resulta, numa lógica causal, em clientes garantidos. O operador fica em modo always be closing, não deixando desligar a chamada, perguntando à vítima quais as suas resistências, e insistindo para que o profissional faça a sua subscrição de pagamento à Zaask. Como conseguem estes operadores viver com a sua consciência?

Como consegue ele dormir à noite?

Na Zaask, tudo para um profissional é pago. Tudo.

Quais os requisitos para responder a Pedidos de Orçamento?
O Prestador de Serviço para responder a um Pedido de Orçamento tem de estar subscrito a um dos planos da Zaask (clique aqui para mais informação), pois, só assim poderá adquirir o contacto dos clientes. Uma vez feita a aquisição (através de um sistema de créditos) o Prestador pode apresentar uma proposta de orçamento directamente ao cliente e/ou através do site da Zaask. — in Para prestadores de serviços

Eu não conseguiria viver comigo vivendo da crise dos outros: não seria capaz de cobrar dinheiro sobre o desespero dos desempregados e das pessoas que precisam de trabalhar.

Pelos vistos, na Zaask são capazes.

Lute contra a censura: copie e cole este texto nas suas plataformas.

A Zaask silencia as críticas todas da Internet, tendo inicialmente usado um advogado para escrever uma carta intimidatória e juridicamente nula. Depois, através doutras tácticas, conseguiu ter removido este texto do seu endereço original, no Medium.

Não confie numa marca que silencia todas as críticas da Internet. Quanto mais tentam silenciar, mais se revelam.


Report Page