O COELHO E O PEIXE | UM CONTO SOBRE AUTODEFESA

O COELHO E O PEIXE | UM CONTO SOBRE AUTODEFESA

Miracle CW | Eddie
Capa ilustrada por Eddie Joe

Os dois sempre se encontravam num lago pra conversar de coisas boas da vida e acabavam sempre discordando num tema em específico, pois um tinha a personalidade de alguém preocupado, enquanto o outro... nem tanto.


INTRODUÇÃO

Um conto feito para expressar minhas ideias sobre a liberdade de se preparar e a noção de que o mundo não é só composto de passado e presente, mas também do futuro que, quando nos preparamos para ele nos sentimos melhor. Não leia associando à política ou políticos, mas sim como uma filosofia de vida, ou pelo menos o início de uma.



Imagem meramente ilustrativa


O FALSO REFLEXO

6 A.M | Beep! Beep! O relógio desperta

É numa manhã de uma calma segunda-feira que se inicia a semana de um sensato coelho. Assim, Robert levanta de sua cama, sentindo-se descansado e muito disposto a fazer suas tarefas que no dia anterior havia anotado em sua agenda.

Em pé, se estica, se coça, relaxa e se direciona à cozinha onde prepara uma deliciosa panqueca com sua frigideira no armário à esquerda de sua espingarda levantada numa parede, exatamente como tinha deixado após praticar 'tiro ao alvo' noite passada.


No banheiro, ele limpa os dentes com sua escova previamente alocada numa tupperware preparada de forma caseira como suporte de utensilhos de higiene.

Robert, não estranha nada, e mesmo assim sente um prazer comum que sua mente está acostumada a liberar todos os dias aos domingos.


Ajeita uma lâmina, bem cuidada e amolada. Abre a porta de sua casa que dá direto em seu jardim onde apesar de pequeno e não tão chique, vive suas plantas, ervas que usa para fazer chá, lavandas e alguns outros tipos de flores.

Robert poda algumas das ervas para fazer um chá que irá descansá-lo assim que voltar de sua rotina de trabalho que está prestes a encará-lo.

8 A.M | Beep! Beep! Hora do trabalho


Sua motocicleta estava apoiada num suporte de madeira que foi feito com suas próprias mãos após um acidente que causou um dano leve ao filho do vizinho. Ele está bem e a moto, graças ao suporte construido. Robert prossegue indo ao seu trabalho onde ficar em um local bem mais urbano e industrial. Um motoqueiro passa na contra-mão e faz com que Robert por um instante entorte sua direção. Nada que sua calma não fosse capaz de se organizar e manter o controle.


No meio do caminho, nota uma moça coelha paralisada em pé num gramado ao lado de algo que parecia ser um bosque, parecia uma linha tênue entre a cidade grande e um matagal extenso. Ele pensa que talvez possa não ser nada demais mas ao mesmo tempo estranha um pouco aquele evento.


Chegando em seu trabalho, cumprimenta seus colegas como de costume e parte para sala de aula onde efetua sua tarefa com perfeição, assim como toda sua rotina. Ensina cada aluno coelho a manejar armas, recarregar, esconder e agir em perigo eminente. Seu trabalho lhe da uma forma de prazer razo mas que por hora o satisfaz. O tempo passa como a água escorre em seus dedos.

6 P.M | Beep! Beep! Hora de ir embora


Se despede de todos assim como os cumprimentou e parte para saída do estabelecimento. Da partida em sua motocicleta e pelo mesmo caminho que foi, agora irá voltar, exceto que Robert faz isso há anos, mas dessa vez decide parar por ter lembrado da moça coelha que estava parada em um local peculiar.


Robert chegando próximo, estaciona seu veículo ao lado de um carro vermelho e segue em direção ao que quando mais perto, descobre ser um lago. De início não nota muita coisa e fica por alguns segundos olhando ao redor para tentar encontrar o que a coelha poderia estar vendo.


Quando passa por sua cabeça que nada demais tenha acontecido, um reflexo meio borrado começa a se materializar no lago até que revela ser um... "- peixe?" indagou.


Mais alguns segundos se passam e:

"Valeeeime! que calor está lá embaixo, vim tomar uma água fresca!" disse o peixe em uma intonação bem alegre


Robert com um pequeno susto e estranhando a situação pergunta:
"Um p-peixe que fala?"


O peixe se apresentou como "Monero" e então a conversa progrediu por quase uma hora, variando entre alguns temas sobre a vida.



CAPÍTULO 2

Uma boa conversa

Desde aquele dia, Robert passou a encontrar Monero naquele mesmo local às 6:20 p.m na volta do trabalho para conversarem. Algo que o fazia se interessar pelas conversas, como uma válvula de escape para o que estava ocorrendo em sua vida.


Monero vez e outra falava sobre um problema específico que acontecia em seu dia a dia no rio em que morava e desaguava no lago. As notícias que o peixe trazia era de que um tubarão estava aterrorizando o cardume com quem o peixe nadava e pretendia atacar algum dia . Bateram papo e novamente... os dois foram embora.


No entanto, havia um assunto que sempre parecia voltar, não importa o quanto tentassem esquecer: Como agir na vida. Robert tentava sempre planejar antes de fazer as coisas, sempre estar preparado para o que vinha a frente, enquanto Monero não pensava assim:

"Robert, entenda de vez que a vida é só uma e que se não aproveitar o possível, amanhã pode não ter mais chance "


E Robert sempre retrucava com palavras diferentes:

"O mundo não é como você acha. Não é só aproveitar como se tudo o que estivesse nele fosse frutos. Também há desastres e são esses que podem fazer nosso amanhã não ter mais chances e é contra eles que devemos lutar"


E então Monero dizia: "Não se trata de aproveitar tudo, mas de aproveitar as coisas boas para que possamos desfocar das ruins e sermos felizes"


Robert encerrava de forma parecida, como um discurso pronto mas com palavras semelhantes:

"No dia que você usar sua felicidade para evitar um desastre ao invés do preparo, retiro cada letra que pronunciei nas últimas semanas"


Mas dessa vez, Monero não desistiu. Pelo contrário, sentiu uma vontade imensa de desabafar:

"Robert, eu... me sinto inseguro. Eu sei que você pode achar isso muito necessário, o preparo, o planejamento e tudo mais. Mas eu não tenho tempo pra isso, meus problemas já me atordoam o suficiente, não preciso de complicar ainda mais. E armas? elas são... o oposto à felicidade, nossos líderes já tem o dever nos proteger, entendeu?"


Monero afundou no lago e foi para sua casa, enquanto Robert voltava para casa pensando muito confuso.


CAPÍTULO 4 | FINAL

Um desastre


Ao anoitecer, Robert parou novamente, no horário que costumavam se encontrar, mas com um pouco de repulsa, se aproxima do lago e nota que o peixe não está lá. Pelo jeito que o conheceu, achou que poderia ser um atraso ou estava ocupado.. esperou.. esperou... e esperou... uma hora havia passado e nada do peixe.


Ele voltou por mais uma semana consecutiva e em todas as vezes que voltava não conseguia se encontrar com Monero, até que ele desiste e tenta aceitar o fato de que não o verá mais.


Robert, volta ao trabalho, à rotina... e é mais um domingo.








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