NoticiAudio, 8 Outubro 2020
NoticiAudioEstimados ouvintes, sejam bem-vindos a mais uma edição do NoticiÁudio!
Os destaques desta semana.
- Adriano Nuvunga forçado a abandonar sua casa devido a ameaça de bomba
- Guebuza recomenda a PGR para falar com Nyusi sobre o esclarecimento do caso das dívidas ocultas
- Governo paga mais uma parte da dívida da EMATUM apesar da mesma ser inconstitucional
- Renamo considera “infeliz” sugestão de Guebuza de incorporar ex-guerrilheiros do partido no combate aos terroristas
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O presidente do Centro para a Democracia e Desenvolvimento, Adriano Nuvunga, tem recebido, desde o dia 3 deste mês, chamadas anónimas ameaçando bombardear a sua casa. Segundo a VoA, numa das ocasiões, o interlocutor disse a Nuvunga que uma bomba havia sido plantada na sua casa e que explodiria a qualquer momento, forçando a sua mudança.
Nuvunga é uma das vozes que criticam a má governação, incluindo a resposta das autoridades na luta contra a insurgência em Cabo Delgado.
A Amnistia Internacional (AI) diz que as ameaças são um aviso com o objectivo de assustar e silenciar Nuvunga e adverte as autoridades moçambicanas a não tomar as ameaças de ânimo leve, e lançar uma investigação rápida, independente e imparcial sobre esta intimidação, bem como garantir que os seus mentores sejam levados à justiça.
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O presidente Guebuza foi ouvido na quarta-feira da semana passada nos seus escritórios em Maputo no âmbito do processo das dívidas ocultas face à emergência de novos factos.
No encontro, conduzido pela procuradora-geral da cidade, Sheila Marrengula, Guebuza só assumiu a ideia e o conceito da estrutura que está por detrás das empresas envolvidas nas dívidas ocultas, o Sistema Integrado de Monitoria e Protecção (SIMP), tendo dito, por exemplo, que o seu governo queria evitar o que está acontecer hoje em Cabo Delgado, uma vez que um estudo realizado pelo Serviço de Informação de Segurança de Estado já tinha identificado ameaças de gênero.
Guebuza empurrou toda responsabilidade operacional e de financiamento deste sistema ao ex-ministro da defesa Filipe Nyusi, que à data dos factos era coordenador do comando operativo conjunto do SIMP.
O Canal de Moçambique nota que, além da zanga que existe entre os dois presidentes, de facto em todo processo não aparece nenhuma assinatura do presidente Guebuza, mas sim de Nyusi, sendo claro que o fazia para se conformar com ordens superiores.
No interrogatório que iniciou às 11h, com duração de 4h, Guebuza também respondeu sobre os 10 milhões de dólares que foram transferidos por Jean Boustani para a conta do Comité Central do partido Frelimo.
Guebuza disse que o apoio dado pela Privinvest não era no âmbito do valor da operação de financiamento às três empresas envolvidas no esquema e que não sabe nada sobre o valor, se entrou e para onde foi. Questionado como isso seria possível sendo que ele era presidente da Frelimo, Guebuza respondeu que ele não controlava as contas e não dirigia o partido diariamente. A terminar Guebuza reafirmou que está a ser vítima de sabotagem.
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O governo moçambicano pagou no dia 15 de Setembro mais uma parte da dívida da EMATUM, tendo desta vez pago cerca de 22 milhões de dólares, desrespeitando a decisão do Conselho Constitucional que declarou que a dívida é ilegal.
Segundo o Jornal A Verdade, com este pagamento, mais o primeiro efectuado no dia 15 de Março, o total aumenta para cerca de 44 milhões de dólares. Contas feitas pelo jornal indicam que Moçambique vai pagar até 2023 aproximadamente a 1.8 biliões de dólares contra os 850 milhões de dólares contraídos ilegalmente em 2013 para comprar barcos da EMATUM que hoje estão a enferrujar de tanto não operar.
Os pagamentos da dívida ilegal acontecem num momento em que a Procuradoria-Geral da República tem processos abertos em Maputo e em Londres com vista ao esclarecimento do caso das dívidas ocultas e responsabilização dos envolvidos neste esquema corrupto que aumentou os níveis de pobreza em Moçamboque.
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O Secretário-Geral da Renamo, André Magibire, considerou na quarta-feira "infeliz" a sugestão do ex-Presidente Armando Guebuza, de que antigos combatentes, incluindo os da Renamo, poderiam ajudar a travar a violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Magibire disse que quando muitos membros do governo e família do presidente Guebuza se beneficiaram do dinheiro das dívidas ocultas, ninguém chamou o pessoal da Renamo para se beneficiar de qualquer coisa, mas agora, porque é para ir para Cabo Delgado e morrer, já querem que os homens da Renamo vão para lá.
É muita infelicidade do lado do Guebuza, sublinhou Magibire citado pela Lusa.
O porta-voz da Renamo, José Manteigas, lembrou que durante o consulado de Armando Guebuza como Chefe de Estado e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, sempre se combateu a Renamo, tanto é assim que no seu reinado vários oficiais generais foram sendo afastados das Forças Armadas e não foi possível integrar nenhum combatente do partido na polícia, e no Serviço de Informação e Segurança do Estado, SISE, apesar de isso ter sido estabelecido no Acordo Geral de Paz.
Citado pela DW, José Manteigas questionou o facto de a Renamo poder servir para coisas más, como o conflicto em Cabo Delgado, com todas as consequências incluindo mortes e decapitações, mas não para ser útil para outras situações do país.
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Esta foi mais uma edição do NoticiÁudio, produzido pela Plural Media.
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