Narcos

Narcos

Beto Canales

Um maldito copo de sorvete, quase no final do último capítulo da segunda temporada, ou seja, depois de dezenove episódios, quase estragou tudo.

Quase.

Pablo Escobar barbudo e de óculos escuro entra em uma sorveteria e compra um copinho de helado. Caminha calmamente, tira os óculos, senta em um banco de praça, “conversa” com seu primo morto há muito tempo atrás, e, adivinhem, o sorvete some. Desaparece sem deixar indícios.

Um erro grave em uma produção desse nível. Gravíssimo, até. Pode-se até dizer que é um pequeno detalhe, coisa pequena, mas o que ocorre é que um fato desses tira a credibilidade da obra. Copos de sorvete não desaparecem. E isso, a rigor, põe em risco o resto todo, principalmente para pessoas que exigem um padrão mínimo de qualidade e verossimilhança.

Mas ficou somente no “quase” por um simples motivo: Narcos é excelente.

Apesar do copinho de sorvete e do sotaque do Wagner Moura, a série é muito bem feita.

A história de Pablo Escobar, uma das figuras mais curiosas e cruéis das Américas, responsável por, estima-se, 3000 mortes diretas e por fatos inacreditáveis, como mandar derrubar um Boeing para eliminar inimigos ou propôr quitar a dívida externa da Colômbia em troca de anistia, não poderia ser diferente: é incrível e impressiona.

Bandido e mocinho

Colocar uma história rica dessas nas mãos do José Padilha, de Tropa de Elite e Robocop, não poderia dar em outra coisa. A série ficou excelente, rápida, de bom gosto. As atrocidades do traficante ficam até suportáveis apesar da maneira cruel e verdadeira como são mostradas. Wagner Moura deixa Escobar com um certo carisma. Chega-se quase (novamente o “quase” em ação) a gostar dele.

Tem um outro ator que se sobressai por sua atuação: Pedro Pascal, um chileno até então pouco conhecido que interpreta Javier Pena, agente do DEA. Guardem esse nome. Ele ainda despontará como um grande ator de Hollywood. Talento para isso ele tem de sobra.

Outro detalhe muito interessante, é a forma como são “amarrados” os episódios. Todos eles possuem vida própria, tem um começo e um fim, apesar de todos estarem ligados entre si. Isso dá uma certa liberdade ao espectador, permitindo que veja como e quando quiser, sem prejuízo ao todo.

Então, apesar de pessoalmente não gostar de séries (e também não ver – Narcos foi uma exceção), recomendo: vejam!

É uma boa produção Netflix. É uma boa história! É uma boa série!


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