MEDITAÇÃO DIÁRIA

MEDITAÇÃO DIÁRIA

Católico Tradicional

Das “Homilias” de São Beda, o Venerável, presbítero

(14.a)(Séc. VII)

O tempo das núpcias é aquele em que, pelo mistério da encarnação, o Senhor uniu a si a Igreja

O fato de que o Nosso Senhor e Salvador, convidado às núpcias, não só tenha se dignado a ir, mas também a realizar um milagre para alegrar os convidados, confirma a nossa fé, também segundo a letra, a não levar em consideração o simbolismo dos mistérios celestes. Se de fato existisse culpa em um leito conjugal imaculado e nas núpcias celebradas com a devida castidade, o Senhor jamais teria ido ao matrimônio nem teria querido consagrá-lo com o primeiro dos seus milagres. Mas a castidade conjugal é boa, a continência na viuvez é melhor, e a perfeição virginal ótima; por isso, na intenção de conceder a própria aprovação na escolha de todos os estados e ainda destacar os méritos de cada um deles, ele se dignou nascer do seio inviolado da virgem Maria; logo que nasceu foi bendito pelas palavras proféticas da viúva Ana; depois, já como jovem, é convidado pelos noivos à festa de núpcias, e os honra com a sua presença onipotente. Mas a alegria do simbolismo é bem maior. Na verdade, o Filho de Deus, que devia realizar os milagres sobre a terra, foi às núpcias para ensinar que era dele próprio que o salmista havia profeticamente cantado sob a figura do sol: “Sai como esposo do quarto nupcial, exulta como o intrépido corredor que percorre o caminho. Ele surge de um extremo do céu, e a sua corrida alcança o outro extremo” (Sl 18,6-7). E em outro texto ele próprio afirma de si e dos seus: “Podem, acaso os convidados às núpcias estarem de luto, enquanto o esposo está com eles? Virão os dias em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão” (Mt 9,15). Realmente, a partir do momento em que a encarnação do nosso Salvador começou a ser prometida aos pais, sempre foi esperada entre as lágrimas e o pranto dos santos, até que acontecesse.

Da mesma forma também, desde quando, depois da ressurreição, Cristo subiu ao céu, toda a esperança dos fiéis se apoia sobre seu retorno. Portanto, somente no tempo em que ele viveu entre os homens, eles não puderam chorar e estar de luto, porque na verdade tinham consigo também corporalmente aquele que amavam espiritualmente. Portanto, Cristo é o esposo e a sua esposa é a Igreja: os filhos do esposo, ou seja, desta sua união nupcial, são todos os que creem nele; o tempo das núpcias é quando, pelo mistério da encarnação, ele uniu a si a santa Igreja.

Assim, não foi por acaso, mas sim por um verdadeiro mistério, que ele veio às núpcias celebradas na terra segundo a carne, aquele que desceu do céu à terra para unir a si a Igreja com amor espiritual e cujo leito nupcial foi o seio da sua puríssima Mãe: neste seio Deus se uniu à natureza humana e dela saiu como um esposo para unir a si a Igreja. O primeiro lugar onde foi celebrada as núpcias foi a Judeia, onde o Filho de Deus se dignou a tornar-se homem e a consagrar a Igreja com a participação do seu corpo e confirmá- la na fé com o penhor do seu Espírito; mas quando foram chamados à fé todos os povos, a alegria daquelas núpcias alcançou os confins de toda a terra.

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Canal: Católico Tradicional

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