MEDITAÇÃO DIÁRIA

MEDITAÇÃO DIÁRIA

Católico Tradicional

Dos “Comentários sobre os Salmos”, de Santo Agostinho, bispo

(Sl 92,2)(Séc. V)

Nós somos o perfume de Cristo.

Sabeis bem, irmãos, que quando Nosso Senhor se tornou homem e começou a pregar o Evangelho agradou a alguns, mas desagradou a outros. Havia diferença de opinião entre os judeus. Diziam alguns: Ele é bom. Mas outros diziam: não, antes engana o povo (Jo 7,12). Alguns, então, dele falavam bem, enquanto outros murmuravam, faziam ironia e sarcasmo, contestavam.

Portanto, para aqueles que o apreciavam, o Senhor se revestiu de majestade, mas para os outros Ele se cingiu com um cinto de poder (Sl 92,1).

Imita, assim, o teu Senhor, para poderes ser como o manto do qual Ele se reveste: sê brilho para quem gosta de boas obras e força para os detratores.

Escuta como o apóstolo Paulo, seguidor de seu Senhor, também teve brilho e força. Somos o perfume de Cristo - ele diz - entre os que se salvam e entre os que se perdem (2Cor 2,15).

Aqueles que amam o bem serão salvos; aqueles que o desprezam perecerão. De sua parte, Paulo possuía o bom perfume; aliás, ele era o bom perfume. Mas ai daqueles que se perdem porque evitam a graça do bom perfume!

Ele não diz: para estes nós somos perfume agradável, para aqueles desagradável, mas: Somos o perfume de Cristo no mundo inteiro, entre os que se salvam e entre os que se perdem. E logo acrescenta: Para uns, perfume de morte para a morte; para outros, perfume de vida para a vida. (2Cor 2,16). Para os primeiros, Ele se revestiu de brilho; já para os segundos, cobriu-se de força.

Se te alegras quando as pessoas te elogiam e acolhem as tuas boas obras, mas, quando te reprovam, deixas de fazer o bem e chegas a acreditar ter perdido o fruto das boas obras, porque há quem te critica, então não és uma pessoa firme: não pertences à terra que nunca será abalada (Sl 92,1). O Senhor se reveste, se cinge de poder. São Paulo afirma, também: Pelas armas da justiça à direita e à esquerda. Eu vi onde está o esplendor e onde está a força. Na honra e na desonra (2Cor 6,7-8): no sucesso, esplêndido; na desonra, forte.

Jesus foi proclamado por alguns digno de glória, e foi desprezado por outros como vil. Àqueles que O recebiam, conferia beleza; àqueles que O desprezavam, força. Assim Paulo nos elucida, até o final da passagem, quando diz que os apóstolos são pessoas que não têm nada, e ainda possuem tudo (2Cor 6,10). Quando têm tudo, estão envoltos de brilho, quando não têm nada, estão cingidos de poder.

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Canal: Católico Tradicional

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