MEDITAÇÃO DIÁRIA

MEDITAÇÃO DIÁRIA

Católico Tradicional

Do Tratado “A vida em Cristo”, de Nicolau Cabasilas

(Lib. 3: PG 150,578-579)

Cristo é, ao mesmo tempo, sacerdote e altar, vítima e oferente, termo de sua oferta e a própria realidade oferecida

A iluminação do Batismo, logo infundida nas almas quando purificadas por esse sacramento, não é percebida por todos imediatamente. Tal percepção só acontece depois de algum tempo, e apenas por pessoas que purificaram os olhos da alma pelo esforço ascético e pelo amor de Cristo. É graças a essa unção que as casas de oração se tornam propícias a nossa oração, porque foi derramado em nós um unguento: o advogado que temos junto do Pai. E pelo próprio fato de se ter derramado e de se ter tornado crisma, penetrou até o íntimo de nossa alma.

Os altares representam as mãos do Salvador. É assim que recebemos o pão, o Corpo de Cristo, retirado da mesa sagrada como de suas mãos santíssimas; bebemos também seu sangue como pessoas que o Senhor admite pela primeira vez a tal banquete e a quem oferece um cálice de amargura. De fato, o próprio Cristo é, ao mesmo tempo, sacerdote e altar, vítima e oferente, termo de sua oferta e a própria realidade oferecida. Fez passar a realidade para os mistérios, atribuindo isso ao pão da bênção, e ao unguento. Pois, pela unção, o Salvador é o altar do sacrifício e o que sacrifica. No início, se estabeleceu o altar para que fosse ungido; e ser sacerdote era ser ungido. Mas Cristo é também sacrifício por causa da cruz e da morte que aceitou para a glória de Deus, seu Pai. Todas as vezes que comemos deste pão, anunciamos essa morte e essa imolação, como afirma a Escritura.

Além disso, o Senhor, por causa do Espírito Santo, é unguento e unção. Por isso, podia realizar as ações mais santas e santificar. Mas não podia ser santificado nem sofrer. Santificar era próprio do altar, do sacrificador e do oferente, mas não do que era oferecido e sacrificado. De fato, é o altar, diz a Escritura, que santifica a oferenda (Mt 23,19). Na verdade, o Senhor é pão por causa de sua carne, santificada pela unção e deificada pelas chagas recebidas. Efetivamente ele disse: O pão que eu darei é minha carne, que eu entrego pela vida do mundo (Jo 6,51). Como pão é oferecido, como unguento oferece, seja deificando a própria carne, seja tornando-nos participantes de sua unção.

Prefigurando tudo isso, Jacó, depois de ter ungido com óleo uma pedra, dedicou-a ao Senhor e ofereceu-a assim ungida. Indicava, desse modo, a carne do Senhor, suma pedra angular e verdadeiro Israel, único espírito que conhece o Pai e que derramou a unção da divindade. E indicavanos também a nós, filhos de Abraão, suscitados por ele da pedra e tornados participantes da unção. Efetivamente, o Espírito Santo, derramado nos que recebem a unção, sem falar dos outros dons que confere aos homens, é o Espírito da filiação adotiva. O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus (Rm 8,16), clamando em nossos corações: “Abbá, Pai!” (G1 4,6). Esse é o auxílio do santíssimo unguento para aqueles que desejam viver em Cristo.

───────────────────────

Canal: Católico Tradicional

Report Page