Estão todos bem, exceto eu!

Estão todos bem, exceto eu!

Beto Canales

Com o título original Everybody’s Fine, a obra é um verdadeiro soco no estômago, principalmente para quem tem filhos.

Repito o título aí de cima, Estão todos bem, exceto eu, e complemento aqui: “exceto todos”,

pois é exatamente isso que acontece.

O filme transcorre sem grandes sobressaltos e vai revelando, pouco a pouco, a falência das relações e a mentira como álibi e prática, comprometendo uma família composta por um pai viúvo e seus quatro filhos, todos morando em cidades diferentes.

Robert de Niro, como Frank, o viúvo, está estupendo. O que eu admiro em suas atuações é o que mais demonstra nesse filme: a naturalidade. A forma como ele coloca o personagem como qualquer um de nós, como o cara que mora ali ao lado ou o sujeito que trabalha em uma repartição pública. Ele empresta uma naturalidade que parece ser da família. Um velho conhecido.

O restante do elenco, composto por Drew Barrymore, a eterna pantera, Kate Beckinsale e Sam Rockwell também desempenham satisfatoriamente suas funções. Na verdade, o tipo de personagens que interpretam não exige grande habilidade do ator. O desempenho fica como o filme: sem grandes picos, nem para cima, nem para baixo.

Li em alguns sites sobre cinema que o classificaram como comédia. Essa indicação sim, sem dúvida é uma piada. Não há nada de engraçado nele. Nada que provoque riso, exceto uma ou duas cenas feitas para não tornar o clima pesado em ainda mais pesado. Trata-se de um drama familiar, costurado de maneira hábil pelo diretor Kirk Jones. Um filme pouco ambicioso em um formato bastante lógico e previsível.

Estão todos bem?

Mas, afinal, o que realmente chama a atenção? Como um longa que acabei de chamar de pouco ambicioso e que transcorre sem grandes sobressaltos pode ser um soco no estômago?

Pois aí está o pulo da gato: não é o filme, ou efeitos, interpretações e truques usados para prender ou assustar o espectador. É a própria história. São os problemas que todos nós criamos e tentamos resolver. São as relações compostas muitas vezes por sentimentos puros, mas que pecam na forma de acontecer. São os artifícios que usamos, e todos nós usamos, para proteger pessoas próximas e que, muitas vezes, destroem mais que alguns megatons jogados a 500 metros do solo. Essas coisas, vividas e às vezes sequer notadas em nosso dia a dia, é que estão ali, dando vida ao filme.

Estão Todos Bem fala de nós, nossas mentiras e limitações. Fala do que somos capazes por sermos egoístas e de toda nossa incapacidade em sermos simples no que há de mais importante: os outros, os nossos “outros”.

Se ainda não viram, vejam. Está no telecine, sem pagar mais nada para os assinantes.


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