Dia 13 - As 5 Linguagem do Amor

Dia 13 - As 5 Linguagem do Amor

@vadoaju

10 O Amor Faz a Diferença

 

O amor não é a nossa única necessidade emocional. Psicólogos têm observado que entre nossas carências básicas encontram-se a segurança, a autovalorização e o significado. O amor, no entanto, relaciona-se com todas elas.

Se me sinto amado(a) por meu cônjuge, consigo relaxar, pois confio que seu amor não me fará mal algum. Acho-me seguro(a) em sua presença. Posso enfrentar muitas incertezas em meu emprego e ter inimigos em outras áreas de minha vida, mas sinto segurança em relação a meu cônjuge.

Meu senso de autovalorização é alimentado pelo fato de saber que meu cônjuge me ama. O amor que ele me dedica aumenta minha autoestima.

A necessidade de significado é a força emocional por trás da maior parte de nossos atos. A existência humana é pautada pelo desejo de sucesso. Queremos que nossas vidas valham a pena. Temos nossas próprias ideias de onde encontrar esse significado e trabalhamos duro para atingir nossos alvos. Ser amado(a) por nosso cônjuge aumenta nosso senso de significado. Concluímos: “Se alguém me ama, então devo significar algo para essa pessoa”.

Tenho significado porque sou a obra-prima da criação. Possuo a habilidade de pensar em termos abstratos, comunicar meus pensamentos por meio de palavras e tomar decisões. Através da palavra escrita ou gravada, posso beneficiar-me com os pensamentos daqueles que me precederam. Sou enriquecido pelas experiências de outros, mesmo que tenham vivido em épocas e culturas diferentes. Com a morte de meus familiares e amigos, experimento o fato de que há uma existência além do material. Concluo que, em todas as culturas, as pessoas acreditam no mundo espiritual. Meu coração afirma que isso é verdade, mesmo que minha mente, treinada em observação científica, levante questionamentos a esse respeito.

Tenho significado. A vida possui um sentido. Existe um propósito mais alto. Quero acreditar nisso, mas não consigo encontrar esse significado até que alguém expresse amor por mim. Quando meu cônjuge, de forma amorosa, investe tempo, energia e esforço em minha pessoa, acredito que tenho significado. Sem amor, passo a vida inteira na busca do significado, da autovalorização e da segurança. Porém, quando experimento o amor, ele impacta positivamente todas estas necessidades. Torno-me então livre para desenvolver meu potencial. Sinto-me mais seguro em minha autoestima e posso canalizar meus esforços para outra direção ao invés de ficar obcecado com minhas próprias necessidades. O amor verdadeiro sempre resulta em libertação.

No contexto do casamento, se não nos sentimos amados, as diferenças tornam-se ampliadas. Observamos um ao outro como ameaça à própria felicidade. Lutamos por autovalorização e significado e o casamento torna-se mais um campo de batalha do que um porto seguro.

O amor não oferece resposta para tudo, mas cria um clima de segurança no qual podemos buscar soluções para as questões que nos aborrecem. Na convicção do amor os casais podem conversar sobre diferenças sem condenação.

Conflitos podem ser resolvidos. Duas pessoas diferentes podem aprender a viver juntas em harmonia. Descobrimos como fazer surgir o melhor de cada um. Podemos chamar a isso tudo de recompensas do amor.

A decisão de amar seu cônjuge encerra um tremendo potencial. Aprender a primeira linguagem do amor dele transforma este potencial em realidade. O amor realmente “faz o mundo girar”. Pelo menos, isso é afirmado no que diz respeito a Jean e Norman.

Eles viajaram três horas para chegar em meu escritório. Era óbvio que Norman estava contrariado. Jean “torcera seu braço” com a ameaça de deixá-lo. (Não sou a favor e nem recomendo esta atitude, mas as pessoas não podem saber disso antes que nos encontremos.) Estavam casados há trinta e cinco anos e nunca haviam tido um aconselhamento conjugal.

Jean iniciou a conversa.

— Dr. Chapman, gostaria que o senhor soubesse de duas coisas. Em primeiro lugar, não temos problemas financeiros. Li uma revista que afirmava ser o dinheiro o maior problema no casamento. Este, porém, não é o nosso caso. Nós dois trabalhamos a vida toda, a casa está paga e os carros também. Realmente não temos dificuldades financeiras. Em segundo lugar, o senhor precisa saber que nós não brigamos. Ouço sempre meus amigos dizer das brigas que tiveram. Nós nunca discutimos. Não consigo nem me lembrar da última vez em que tivemos uma discussão. Nós dois concordamos que brigas não levam a nada, então não brigamos.

Como conselheiro, apreciei o fato de Jean jogar um pouco de luz para começarmos. Sabia que ela iria direto ao ponto. Ela demonstrou que agiria assim logo em suas primeiras palavras. Queria ter certeza de que não nos ateríamos ao que não fosse necessário, pois seu objetivo era utilizar o horário que tinha de forma sábia.

Ela continuou:

— O problema é o seguinte: sinto que meu marido não me ama. A vida tornou-se rotineira para nós. Levantamos pela manhã e vamos ao trabalho. De tarde, dedico-me aos meus afazeres e ele aos dele. Costumamos jantar juntos, mas não conversamos. Ele assiste televisão enquanto comemos. Após o jantar refugia-se no porão e dorme em frente à TV, até que o acordo e digo-lhe que já é hora de ir para a cama. Essa é nossa vida cinco dias por semana. Aos sábados ele joga golfe na parte da manhã, trabalha no jardim às tardes e, às noites, saímos para jantar com um casal de amigos. Ele dialoga com eles, mas quando entramos no carro para retornar à nossa casa, a conversa simplesmente termina. Quando chegamos, ele dorme em frente à TV até a hora de ir para a cama. Aos domingos pela manhã vamos à igreja. Nós vamos à igreja toda manhã de domingo. Ela enfatizou e prosseguiu:

— Depois, almoçamos fora com alguns amigos. Ao chegarmos em casa, ele dorme em frente à televisão a tarde toda. À noite vamos à igreja; depois voltamos para o lar, comemos pipoca e vamos para a cama. Fazemos isso todas as semanas. E é só isso. Somos como dois colegas que moram na mesma casa. Não há nada de especial entre a gente. Não sinto, de forma alguma, que ele me ame. Não há calor, não há emoção. E só vazio, só morte. Não sei se consigo mais continuar desse jeito.

Àquela altura, Jean chorava. Dei-lhe um lenço de papel e olhei para Norman. Suas primeiras palavras foram:

— Não consigo entendê-la! Tenho feito tudo o que posso para demonstrar que a amo, especialmente nos últimos dois ou três anos, quando ela começou a reclamar mais. Nada parece agradá-la. Não importa o que eu faça pois ela continua a reclamar que não se sente amada. Não sei mais o que fazer!

Era nítido que Norman estava frustrado e muito irritado. Então eu lhe perguntei:

— O que você tem feito para demonstrar seu amor por Jean?

— Bem, para começar, eu chego em casa antes dela e todas as noites adianto o jantar. Para falar a verdade, quatro vezes por semana, eu tenho o jantar quase pronto quando ela chega à nossa residência. Na quinta noite da semana, saímos para comer fora. Depois do jantar, três vezes por semana lavo a louça. Em uma das quatro noites tenho uma reunião, mas por três noites lavo toda a louça. Limpo a casa toda porque ela tem problema de coluna. Faço todo o trabalho de jardinagem porque ela é alérgica ao pólen das flores. Retiro a roupa da secadora e em seguida dobro-a.

E ele prosseguiu a dizer todas as outras coisas que fazia por Jean. Quando terminou de falar, pensei: Esse homem realiza tudo em casa, e o que sobra para a esposa fazer? Não sobrava quase nada para ela!

Norman continuou:

— Faço todas estas coisas para demonstrar meu amor por ela e ainda a ouço lhe dizer a mesma coisa que me afirma há uns dois ou três anos: não se sente amada por mim. Não sei mais o que fazer por ela!

Quando me virei novamente para Jean, ela disse:

— Tudo bem dele fazer todas essas coisas. Mas eu quero que ele se sente no sofá e converse comigo! Nós nunca dialogamos. Há trinta anos que nós não conversamos. Ele está sempre ocupado em lavar a roupa, limpar a casa, cortar a grama. Ele está sempre ocupado em alguma coisa. Quero que ele se sente ao meu lado e dê-me um pouco de seu tempo, olhe para mim, fale comigo sobre nós e nossas vidas.

Jean mais uma vez chorou. Era óbvio para mim que sua primeira linguagem do amor era “Qualidade de Tempo”. Ela clamava por atenção. Queria ser tratada como gente, não como um objeto. Todo o trabalho de Norman não supria sua necessidade emocional. Mais tarde, quando conversei com ele, descobri que também não se sentia amado, mas simplesmente não falava sobre isso. Disse-me:



— Se você já está casado há 35 anos, tem suas contas pagas, não brigam um com o outro, o que mais pode esperar?

Ele estava neste ponto, quando lhe perguntei:

— Que tipo de mulher seria ideal para você? Se fosse possível ter uma esposa perfeita, como ela deveria proceder?

Ele, pela primeira vez, olhou-me nos olhos e perguntou:

— O senhor quer mesmo saber?

Respondi-lhe que sim. Ele então sentou-se no sofá, cruzou seus braços e disse:

— Tenho sonhado sobre isso. A esposa perfeita seria aquela que às tardes fizesse o jantar para mim, enquanto eu trabalhasse no jardim, chamasse-me e dissesse que o jantar estava na mesa. Após o jantar, ela lavaria a louça. Eu, possivelmente a ajudaria, mas arrumar a cozinha seria responsabilidade dela. Ela também pregaria os botões de minhas camisas quando eles caíssem.

Jean não conseguiu mais se conter. Virou-se para o marido e disse:

— Não acredito no que ouço. Você me disse que gostava de cozinhar!

Norman então respondeu:

— Eu não me importo de cozinhar. Ele apenas perguntou como seria para mim a esposa ideal.

Percebi, também, sem que fossem necessários mais dados, a primeira linguagem do amor de Norman — “Formas de Servir”. Por que você acha que ele fazia todas aquelas coisas para Jean? Porque aquela era a sua linguagem do amor. Em sua mente, aquela era a forma de se demonstrar amor a uma pessoa: através das várias “Formas de Servir”. O problema era que “Formas de Servir” não era a primeira linguagem de amor de Jean. Não tinha, para ela, o significado emocional que existiria para ele, se ela utilizasse para com ele “Formas de Servir”.

Quando a luz brilhou na mente de Norman, a primeira coisa que ele disse foi:

— Por que ninguém me falou sobre isso trinta anos atrás? Eu teria me sentado no sofá ao lado dela durante quinze minutos, todas as noites, ao invés de fazer todas aquelas coisas.

Ele, então, virou-se para Jean e disse:

— Pela primeira vez em minha vida, entendo o seu sofrimento quando fala que não dialogamos. Eu não conseguia entender isso. Na minha forma de enxergar as coisas, nós conversávamos. Eu sempre perguntava se você dormira bem, e achava que aquilo era uma diálogo. Mas agora compreendo tudo. Você quer que sentemos no sofá por uns quinze minutos às noites, olhemos um para o outro e conversemos. Só agora entendo o que você desejava dizer, e porque isso é tão importante. É sua linguagem do amor emocional, e vamos começar hoje à noite mesmo. Vou lhe dedicar quinze minutos naquele sofá, pelo resto de minha vida. Você pode contar com isso!

Jean virou-se para Norman e disse:

— Seria maravilhoso, e também não me importo de fazer o jantar para você. Vai ficar pronto um pouco mais tarde, porque chego do serviço depois de você, mas não me importo em cozinhar. E vou adorar pregar seus botões. Você nunca os deixa soltos o tempo suficiente para que eu possa pregá-los… Também vou lavar a louça pelo resto de minha vida, se isso faz com que você se sinta amado.

Jean e Norman voltaram para casa e começaram a amar-se na linguagem certa um do outro. Em menos de dois meses, achavam-se em uma segunda lua de mel. Eles me ligaram das Bahamas para contar sobre a mudança radical que o casamento deles passara. É possível o amor emocional renascer em um casamento? Pode apostar! A chave é aprender a primeira linguagem do amor de seu cônjuge e decidir utilizá-la.

 

11 Amando a Quem não Merece Nosso Amor

 

Era um lindo sábado de setembro. Minha esposa e eu caminhávamos pelo Jardim Reynolds, “curtindo” a flora, que continha vários exemplares provenientes de diversos países do mundo. Os pomares foram originariamente cultivados por R. J. Reynolds, o magnata do tabaco, como parte de sua propriedade rural. Agora, fazem parte do campus da Universidade Wake Forest. Acabávamos de passar pelo jardim das rosas quando vimos Ann, uma senhora a quem eu começara a aconselhar duas semanas atrás, a qual caminhava em nossa direção. Ela olhava para baixo, para as pedras dispostas ao longo do chão, formando o corredor por onde andávamos. Parecia estar completamente abstraída. Quando a cumprimentei, teve inicialmente um sobressalto, mas depois olhou para cima e sorriu. Apresentei-a Karolyn e trocamos alguns cumprimentos. De repente, ela de chofre fez uma das perguntas mais profundas que já me foram formuladas:

— Dr. Chapman, é possível amar alguém a quem odiamos? Eu sabia que aquela pergunta tinha brotado de uma profunda ferida e merecia uma resposta bem avaliada. Eu tinha horário marcado com ela para outra sessão de aconselhamento na semana seguinte. Então lhe disse:

— Ann, essa é uma pergunta que precisa ser muito bem pensada antes de ser respondida. Que tal conversarmos sobre ela na semana que vem?

Ela concordou e Karolyn e eu continuamos nosso passeio. A pergunta que ela fizera, porém, não nos abandonou. Mais tarde, enquanto dirigia para casa, Karolyn e eu falamos sobre aquela interrogação. Começamos a nos lembrar dos primeiros anos de nosso casamento e de como, por várias vezes, tivemos o sentimento de ódio. As palavras condenatórias que dirigíamos um ao outro estimularam a mágoa e, no calcanhar da mesma, a ira, que abrigada no interior transformou-se em ódio. O que foi diferente em nosso caso? Ambos fizemos a escolha de amar e percebemos que, se continuássemos aquele trajeto de cobranças e condenação, destruiríamos nosso casamento.

Felizmente, após um período de um pouco mais de um ano, aprendemos como discutir nossas diferenças sem condenarmos um ao outro; a tomar decisões sem destruir nossa unidade; a dar sugestões construtivas ao invés de fazermos cobranças; e, eventualmente, a falarmos a primeira linguagem do amor um do outro. (Muitos desses itens foram descritos em um outro de nossos livros — Toward a Growing Marriage, Moody Press — “Em Busca de um Casamento Maduro”, publicado pela Editora Moody.) Nossa decisão de amar foi feita em meio a sentimentos negativos mútuos. Quando começamos a falar a primeira linguagem do amor um do outro, os sentimentos negativos provenientes da mágoa e do ódio foram desfeitos.

Nossa situação, no entanto, era diferente da que Ann enfrentava. Karolyn e eu estávamos abertos para aprender e crescer. O marido de Ann, porém, não concordava. Ela me dissera ainda na semana anterior, que implorara para ele fazer um aconselhamento, ler um livro ou ouvir alguma fita sobre casamento. No entanto, ele recusara todas estas alternativas. Segundo ela, a postura que ele assumira era:

“Não tenho qualquer dificuldade. Você é quem possui os problemas aqui.”

Na mente dele, ele estava certo e ela errada — e isto era simples. Os sentimentos de amor que ela nutria por ele foram mortos através dos anos de crítica e condenação constantes. Após dez anos de casamento, sua energia emocional esgotara-se e sua autoestima praticamente se destruíra. Haveria esperança para o casamento de Ann? Ela conseguiria gostar de um marido indigno de ser amado? Será que, algum dia, ele corresponderia ao seu amor?

Eu sabia que Ann era profundamente religiosa e frequentava regularmente sua igreja. Deduzi, então, que a única esperança que ela possuía para seu casamento residia em sua fé. No dia seguinte, com meus pensamentos nela, comecei a ler a vida de Cristo no evangelho de Lucas. Sempre gostei da forma deste evangelista escrever sobre Jesus, pois, como médico, dava muita atenção a detalhes e ainda no primeiro século fez um relato cronológico dos ensinos e do estilo da vida do Filho de Deus. Naquele que muitos consideram o melhor sermão de Jesus, li as seguintes palavras, às quais chamo de grande desafio do amor:

“Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam.”    


— Estas palavras lembram seu marido? Ele a tem tratado mais como inimiga

do que como amiga? — perguntei.

Ela balançou sua cabeça afirmativamente.

— Ele já praguejou contra você?

— Muitas vezes.

— Ele já a maltratou?

— Sempre o faz.

— Ele já expressou que a odeia?

— Sim.

Ann, se você concordar, gostaria de tentar um coisa. Desejaria ver o que aconteceria se aplicássemos este princípio em seu casamento. Deixe-me explicar melhor.

Comecei a explicar a Ann o conceito do tanque emocional e o fato de que, quando ele está baixo como o dela se encontrava, não temos sentimentos de amor por nosso cônjuge e, simplesmente, experimentamos dor e vazio. Desde que o amor é uma profunda necessidade emocional, a falta dele possivelmente também é a nossa mais profunda dor emocional. Disse-lhe, então, que se pudéssemos aprender a falar a primeira linguagem do amor um ao outro, a necessidade emocional estaria suprida e sentimentos positivos seriam novamente gerados.

— Isso faz sentido para você? — perguntei-lhe.

Dr. Chapman, o senhor acabou de descrever a minha vida. Nunca, antes, enxerguei de forma tão clara. Apaixonamo-nos antes de nos casarmos. Não muito tempo depois de nosso casamento, caímos das nuvens e nunca aprendemos a falar a linguagem do amor um ao outro. Meu tanque está vazio há anos, e estou certa que o dele também. Dr. Chapman, se eu compreendesse antes este conceito, talvez nada disso nos teria acontecido.

Não podemos voltar no tempo, Ann. Tudo o que podemos tentar é fazer o futuro diferente. Gostaria de propor-lhe uma experiência de seis meses.

Estou disposta a tentar qualquer coisa — disse Ann.

Apreciei seu espírito positivo, mas eu não estava muito certo de que ela entendera o alto grau de dificuldade daquela experiência. Então sugeri:

— Estabeleçamos então nossos objetivos. Se em seis meses você pudesse ter seu desejo romântico realizado, qual seria?

Ann ficou um tempo sentada em silêncio. Depois, ainda pensativa, ela disse:

— Gostaria de ver Glenn amar-me novamente e demonstrar isso através de algum momento gasto comigo; desejaria realizar diversas atividades juntos; queria sair, eu e ele sozinhos, para passear; gostaria muito que houvesse interesse da parte dele pelo meu mundo; apreciaria demais que conversássemos um com o outro quando saíssemos para jantar fora; desejaria que ele me ouvisse; gostaria de sentir que ele valoriza minhas ideias. Seria tão bom se pudéssemos novamente viajar e nos divertir juntos. E, mais do que qualquer outra coisa, desejaria saber que ele valoriza nosso casamento.

Ann fez uma pausa e depois continuou:

— De minha parte, gostaria muito de voltar a ter sentimentos calorosos e positivos por ele. Desejaria sentir orgulho dele. No momento, não nutro estes desejos.

Eu escrevia enquanto Ann falava. Quando ela terminou, li alto o que ela me dissera e comentei:

— Estes objetivos parecem-me difíceis de ser alcançados. É isso mesmo o que você deseja, Ann?

— Concordo que, para o momento, eles pareçam praticamente impossíveis. Mas é o que desejo acima de tudo.

— Então estabeleçamos que estes serão nossos objetivos. Em seis meses, queremos ver você e Glenn possuir esse tipo de amor em seu relacionamento. Gostaria de levantar uma hipótese. O objetivo de nossa experiência será provar se ela é ou não verdadeira. Suponhamos que você consiga falar a primeira linguagem do amor de Glenn, de forma consistente durante seis meses. Digamos também que em algum ponto desse período sua necessidade emocional de amor comece a ser suprida, o tanque do amor encha-se e ele comece a corresponder seu amor. Esta hipótese baseia-se na ideia de que nossa necessidade de amor emocional é a carência mais profunda que possuímos, e quando essa necessidade é suprida, a tendência natural é respondermos positivamente à pessoa que nos supriu.

E eu continuei.

— Você compreendeu que esta proposta coloca toda iniciativa em suas mãos? Glenn não faz questão de trabalhar para salvar este casamento, mas você sim. Esta hipótese implica em que, se conseguir canalizar suas energias para a direção certa, haverá grandes possibilidades de que seu esposo venha a lhe corresponder.

Li a outra parte do sermão de Jesus conforme registrado em Lucas, o médico. “Dai e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante generosamente vos darão: porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”.

Se entendi bem, Jesus estabelece aqui um princípio, e não uma forma de manipular pessoas. De modo geral, se formos bondosos e amorosos, todos também terão a tendência de sê-lo conosco. Isto não significa que sejamos pessoas boas e que todos necessitam ser bons para conosco. Somos agentes independentes. Portanto, não há garantias de que Glenn venha a ser recíproco a suas manifestações de amor. Só podemos dizer que existe uma boa possibilidade disso vir a acontecer. (Um conselheiro nunca pode predizer com absoluta certeza o comportamento humano individual. Com base em pesquisas e em estudos dos tipos de personalidade, ele pode deduzir uma reação em determinada situação.)

Após ela concordar com a hipótese, eu disse a Ann:

— Conversemos agora sobre a primeira linguagem do amor, tanto a sua como a dele. Declaro, pelo que você me contou, que “Qualidade de Tempo” seja sua primeira linguagem do amor. O que você acha?

— Eu concordo com o senhor, Dr. Chapman. Logo no início, quando gastávamos algum tempo juntos e Glenn ou via-me, conversávamos por horas a fio e fazíamos muitas coisas em companhia um do outro, eu me sentia amada. Acima de qualquer outra coisa, esta é a parte de nosso casamento a qual gostaria que voltasse. Quando ficamos algum momento juntos, sinto-me como se ele realmente se importasse comigo; porém, quando se dedica somente a outras coisas, e nunca tem tempo para conversarmos nem para realizarmos algumas atividades juntos, sinto como se os negócios e outros assuntos fossem muito mais importantes do que eu.

Nesse momento, perguntei:

— E qual você acha que é a primeira linguagem do amor de Glenn?

— Acho que é o “Toque Físico”, especialmente a parte íntima do casamento. Noto que, quando nossas relações sexuais ficam mais ativas, ele assume uma atitude mais positiva e eu chego a sentir-me mais amada. É, acho que o “Toque Físico” é a primeira linguagem do amor dele, Dr. Chapman.

— Ele reclama da forma como você fala com ele?

— Bem, ele diz que eu o critico o tempo todo. Também afirma que eu não o apoio e sou sempre contra suas ideias.

— Creio, então, que podemos dizer que o “Toque Físico” seja sua primeira linguagem do amor e que “Palavras de Afirmação”, a segunda. Se ele reclama das palavras negativas que lhe são ditas então, pelo que tudo indica, as positivas devem ser importantes para ele.

Fiz uma pequena pausa e escrevi as seguintes sugestões:

— Deixe-me sugerir um plano para testar nossa hipótese. Que tal você chegar em casa e dizer a Glenn: “Tenho pensado muito sobre nós e quero que você saiba que eu gostaria de ser a melhor esposa do mundo. Então, se tiver alguma sugestão de como eu posso melhorar como companheira, gostaria de saber isso agora e quero dizer-lhe que estou aberta para isso. Você pode me declarar agora, ou então pensar um pouco e dar-me sua opinião depois. Gostaria, porém, que soubesse desta minha decisão de ser a melhor esposa do mundo”. Seja qual for a resposta dada, negativa ou positiva, aceite simplesmente como uma informação. Esta colocação mostrará a ele que algo diferente está para acontecer no relacionamento entre vocês dois.



— Em seguida — continuei —, com base em sua opinião de que a primeira linguagem do amor de Glenn é “Toque Físico”, e em minha suposição de que a segunda seja “Palavras de Afirmação”, focalize sua atenção nestas duas áreas por um mês. Se Glenn conceder-lhe uma sugestão do que você deve fazer para ser uma melhor esposa, aceite essa informação e insira-a em seu plano. Procure traços positivos nele e manifeste apreciação por eles. Neste meio tempo, pare com as críticas. Se neste mês você tiver motivos para reclamar, escreva-os em sua caderneta de anotações, ao invés de dizer qualquer coisa a Glenn.

— E finalmente — concluí —, tome mais iniciativa em tocá-lo fisicamente e também no envolvimento sexual. Surpreenda-o e seja mais agressiva, não simplesmente para corresponder às investidas dele. Coloque um alvo de, nas primeiras duas semanas, ter relações sexuais pelo menos uma vez a cada sete dias e nas duas seguintes, duas vezes em cada semana.

Ann me contara que, durante os últimos seis meses, ela e Glenn tiveram somente uma ou duas relações sexuais. Imaginei que este plano tiraria as coisas do marasmo em que se encontravam em menos tempo.

 

Se você afirmar ter sentimentos que não nutre, isso ê hipocrisia. Porém, expressar um ato de amor em benefício, ou para o prazer de outra pessoa, é um ato de escolha.

 

Ann então disse:

— Dr. Chapman, isso será realmente difícil! É quase impossível corresponder-me sexualmente com ele, pois ignora-me o tempo todo. Sinto-me usada e não amada em nossas relações sexuais. Ele me trata como se eu fosse totalmente insignificante em outras áreas e, de repente, quer ir para a cama e usar meu corpo. Magôo-me muito com isso e esta deve ser a razão de termos tão pouco envolvimento sexual nos últimos anos.

Respondi então a Ann, com real compreensão pelo que ela passava:

— Sua reação é absolutamente natural e normal. Para a maioria das esposas, o desejo de ter relações sexuais com os maridos é decorrente do fato de serem amadas por eles. Se elas se sentem prestigiadas, então querem ter relações sexuais. Se não, sentemse usadas no contexto sexual. É por este motivo que amar a quem não nos ama é extremamente difícil. É algo que vai além de nossas tendências normais. É preciso confiar profundamente em Deus para poder fazer isso. Creio que Ele a ajudará, se você ler novamente o sermão de Jesus sobre o amar os inimigos, ou seja, a quem nos odeia e nos usa. Depois, peça a Deus ajuda para colocar em prática os ensinos de Cristo.

Dava para perceber que Ann concordava com o que eu lhe dizia. De vez em quando ela balançava a cabeça afirmativamente, mas seus olhos afirmavam que ela estava com muitas dúvidas:

— Mas Dr. Chapman, não é uma hipocrisia demonstrar amor sexual quando se tem tantos sentimentos negativos por uma pessoa?

Minha resposta foi:

— Acho que seria bom conversarmos um pouco sobre a diferença entre amor como sentimento e amor como ação. Se você afirmar ter sentimentos que não nutre, isso é hipocrisia e esta comunicação falsa não é uma boa forma para se construir um relacionamento íntimo. Porém, se você expressar um ato de amor em benefício ou para o prazer de outra pessoa, é um ato de escolha. Você não atribuirá àquele ato um profundo envolvimento emocional. Creio que foi exatamente isto que Jesus quis dizer.

Fiz uma pequena pausa e prossegui:

Fiz uma pequena pausa e prossegui:

— Certamente não dá para termos sentimentos calorosos por quem nos odeia. Isso não seria normal, mas, por outro lado, podemos realizar atos de amor por eles. E isso é uma decisão nossa. Esperamos que tais atos de amor produzam efeitos positivos em suas atitudes, seu comportamento e tratamento. Pelo menos, escolhemos fazer algo positivo por eles.

Minha resposta, aparentemente, satisfez a Ann, pelo menos naquele momento. Fiquei com a sensação de que precisaríamos conversar sobre isso novamente. Eu também sentia que, se aqueles planos fossem postos em prática, seriam devido à profunda fé que ela nutria em Deus. Tornei a dizer-lhe:

— Eu gostaria que, depois de um mês, perguntasse a Glenn se você melhorou ou

não. Coloque em suas próprias palavras, mas pergunte a ele algo como: “Glenn, lembra-se quando umas semanas atrás eu lhe disse que gostaria de ser a melhor esposa do mundo? Seria possível você me dizer o que tem achado?”

Prossegui com outras propostas:

— Seja qual for a resposta de Glenn, aceite-a como uma informação. Ele pode

ser sarcástico, frívolo, hostil ou positivo. Seja qual for a resposta que ele lhe der, não argumente, aceite-a e assegure-lhe que você fala sério e realmente quer ser a melhor esposa do mundo, e se ele tiver sugestões, você está aberta para elas. Além do mais — prossegui —, mantenha o hábito de interrogá-lo nesse sentido uma vez por mês, durante os seis primeiros meses. Quando Glenn lhe der o primeiro retorno positivo, e disser algo como: “É… tenho de admitir que quando você me falou que gostaria de tentar ser a melhor esposa do mundo, eu quase morri de rir; no entanto, tenho de aceitar que as coisas têm andado diferentes por aqui!”; você saberá que seus esforços começam a modificá-lo emocionalmente. Ele talvez lhe conceda um retorno positivo depois do primeiro mês, do segundo ou mesmo do terceiro. Uma semana depois de você receber o primeiro retorno positivo, quero que faça um pedido a Glenn — algo que gostaria que ele fizesse, e esteja relacionado com sua primeira linguagem do amor. Por exemplo, numa bela noite você poderia virar-se para ele e dizer algo parecido com: “Glenn, sabe o que eu estou com vontade de fazer? Você se lembra de como nós costumávamos jogar “Scrabble”12 juntos?) Eu gostaria tanto que jogássemos juntos, só nós dois, na quinta-feira à noite! As crianças vão ficar na casa da Mary. Você acha que seria possível?”

— Ann — prossegui —, coloque esse pedido de forma específica, não geral. Não

diga algo como: “Sabe, gostaria muito que a gente pudesse gastar mais tempo juntos”.

Isso é muito vago. Como é que você saberá se ele fará ou não o que pediu? Mas… se fizer um pedido específico, ele saberá exata mente o que você quer e com certeza reagirá. Quando ele o fizer, será pela escolha de realizar algo que a agrade. E finalmente, faça, a cada mês, um pedido específico. Se ele a atender, ótimo; se não concordar, não se importe. Uma coisa é certa: quando atender seu pedido, você saberá que ele procura satisfazer a sua necessidade. Nesse processo, você o ensinará a falar sua primeira linguagem do amor, porque os pedidos que fará com certeza são parte dela. Se ele decidir amá-la através de sua primeira linguagem do amor, suas emoções positivas relativas a ele despontarão na superfície. Seu “tanque” emocional começará a encher e, a seu tempo, o casamento renascerá.

Ann então disse:

— Dr. Chapman, eu faria qualquer coisa se isso fosse possível.

 

Talvez você precise de um milagre em seu casamento. Por que não tenta colocar em prática a experiência de Ann ?

 

— Bem. Dará um bocado de trabalho, mas acredito que compensa uma

tentativa. Eu, pessoalmente, estou muito interessado em ver se esta experiência dará certo e se esta hipótese comprovar-se-á. Gostaria que nos encontrássemos sistematicamente durante este processo; talvez a cada dois meses, e você fizesse anotações das palavras de afirmação que disser a Glenn a cada semana. Gostaria, também, que me trouxesse a lista das reclamações anotadas em sua caderneta; aquelas que você não vai revelar para Glenn. Pode ser que, através destas reclamações, eu consiga ajudá-la a formular pedidos que possam ir ao encontro do suprimento destas frustrações. Finalmente, gostaria que você aprendesse como compartilhar suas frustrações e irritações de forma construtiva e os dois conseguissem lidar com isso. Mas, durante estes seis meses de experiência, quero que você as anote sem nada dizer a Glenn.

Ann levantou-se e acredito que já com a resposta à famosa pergunta que me

fizera: “É possível amar alguém a quem se odeia?”

Nos seis meses que se seguiram, Ann viu uma tremenda mudança na atitude e

no tratamento de Glenn para com ela. Nos primeiros 30 dias ele estava frívolo e lidou com a situação de forma superficial. Porém, após o segundo mês, ela já recebeu dele o retorno positivo de seus esforços. Nos últimos quatro meses, ele respondeu positivamente a quase todos os seus pedidos, e seus sentimentos para com ela começaram a sofrer uma drástica mudança. Glenn nunca apareceu para o aconselhamento, mas ouviu algumas de minhas fitas e discutiu-as com Ann. Chegou mesmo a encorajá-la a continuar suas sessões de aconselhamento, o que durou por mais três meses após o final da experiência. Atualmente, Glenn segreda a seus amigos que eu sou um “milagreiro”. Sei, no entanto, que o amor é que faz milagres.

Talvez você precise de um milagre em seu casamento. Por que não tenta

colocar em prática a experiência de Ann? Diga a seu cônjuge o que tem pensado sobre o casamento dos dois, e que gostaria de fazer o possível para suprir da forma melhor suas necessidades. Peça sugestões de como melhorar. As propostas que forem dadas servirão de dicas para que se descubra sua primeira linguagem do amor. Se ele(ela) não fizer alguma sugestão, tente descobrir sua primeira linguagem do amor através das reclamações feitas ao longo dos anos. Então, durante seis meses, focalize sua atenção naquela linguagem. Ao final de cada mês, solicite um retorno de como você evolui por intermédio de outras sugestões.

Quando seu cônjuge demonstrar melhoras, espere uma semana e então faça um

pedido específico. A solicitação deverá ser de algo que realmente apreciaria que ele(ela) fizesse por você. Se ele(ela) decidir atendê-la(o), saberá que ele(ela) tomará aquela atitude com o objetivo de suprir suas necessidades. Se ele não atender seu pedido, continue a amá-lo. Talvez no próximo mês você receba uma resposta positiva. Se seu cônjuge começar a falar sua linguagem do amor através do atendimento a seus pedidos, as emoções positivas sobre ele(ela) voltarão e, a seu tempo, seu casamento renascerá. Não posso garantir os resultados, mas são muitas as pessoas a quem aconselhei que experimentaram os milagres do amor.

  

10     Os Filhos e as Linguagens do Amor - Palavras de Afirmação


Até amanhã ...





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