Dia 10 - As 5 Linguagem do Amor

Dia 10 - As 5 Linguagem do Amor

@vadoaju


8 - A Quinta Linguagem do Amor: Toque Físico

 

Há muito se sabe que o toque físico é uma forma de se comunicar o amor

emocional. Inúmeras pesquisas na área do desenvolvimento infantil chegaram às seguintes conclusões: Os bebês que são tomados nos braços, beijados e abraçados desenvolvem uma vida emocional mais saudável do que os que são deixados durante um longo período de tempo sem contato físico. A importância do toque no que se refere às crianças não é uma ideia moderna. Durante o ministério terreno de Cristo, os hebreus que moravam na

Palestina reconheciam que Jesus era um grande mestre e levavam seus filhos até ele para que tocasse neles. Como podemos nos lembrar, seus discípulos repreenderam aos pais daquelas crianças, pois acharam que o Filho de Deus estava ocupado demais para aquela atividade tão “frívola”. Porém, as Escrituras afirmam-nos que Jesus se indignou com os seus seguidores e disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o Reino dos Céus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-9

lhes as mãos, as abençoava.” 

Pais sábios, em qualquer cultura, também tocam seus filhos de forma amorosa.

O toque físico é também um poderoso veículo de comunicação para transmitir o

amor conjugal. Andar de mãos dadas, beijar, abraçar e manter relações sexuais são formas de se comunicar o amor emocional para o cônjuge.

Os antigos costumavam dizer: “O caminho para se conquistar o coração de um homem é através de seu estômago”. Muitos deles engordaram tanto a ponto de correrem risco de vida, devido às esposas serem adeptas desta filosofia. Naturalmente, os antigos não se referiam ao coração físico, mas ao centro do romantismo. Seria mais adequado dizer: “A forma de alcançar o coração de alguns homens é através de seus estômagos”. Lembro-me bem das palavras de um certo marido:

“Dr. Chapman, minha esposa é uma cozinheira de forno e fogão. Ela gasta horas cozinhando. Faz os pratos mais elaborados que existem. E quanto a mim? Sou um daqueles homens que apreciam purê e carne moída. Vivo dizendo que ela está gastando muito tempo na cozinha. Eu adoro comida simples. Ela fica aborrecida e diz que não gosto dela. Mas eu a amo! Só desejaria que ela facilitasse as coisas para si mesma e não gastasse muito tempo com pratos tão trabalhosos. Dessa forma, passaríamos mais tempo juntos e ela teria mais energia para fazer outras coisas”.

Obviamente, essas “outras coisas” chegavam mais perto de seu coração do que refeições sofisticadas.

A esposa daquele homem era emocionalmente frustrada. Ela crescera em uma família onde a mãe era uma excelente cozinheira e o pai sabia apreciar seus esforços. Ela se lembrava de seu pai ter dito à sua mãe: “Quando me sento à mesa com uma refeição como esta diante de mim, torna-se fácil amá-la”. Seu pai diariamente elogiava os quitutes feitos por sua mãe. Em particular e em público ele elogiava os dotes culinários da esposa. Aquela filha aprendera direitinho o modelo deixado por sua mãe. O problema é que ela não estava casada com o seu próprio pai. Seu esposo possuía uma linguagem do amor muito diferente.

Em minha conversa com aquele esposo, não levou muito tempo até eu descobrir que as “outras coisas” às quais ele se referia era sexo. Quando a esposa respondia positivamente no tocante a relação sexual, ele sentia segurança em seu amor. No entanto, quando por qualquer motivo ela se esquivava sexualmente do marido, nem toda sua habilidade culinária era suficiente para convencê-lo de que ela o amava. Ele não era contra os pratos elaborados, mas em seu coração eles não poderiam, de forma alguma, substituir aquilo que ele considerava “amor”.

A relação sexual, porém, é somente um dialeto na linguagem do toque físico. Dos cinco sentidos, o do toque diferencia-se dos outros quatro, pois não se limita a uma localização específica no nosso organismo. Pequenos receptores táteis acham-se espalhados ao longo de todo o corpo. Quando esses receptáculos são tocados ou apertados, os nervos carregam esses impulsos para o cérebro. Este os interpreta e percebemos o objeto do toque como quente ou frio, áspero ou macio. Causam dor ou prazer. Também os interpretamos como amorosos ou hostis.

O toque físico pode iniciar ou terminar um relacionamento. Pode comunicar ódio ou amor.

Algumas partes do corpo são mais sensíveis do que outras. A diferença deve-se ao fato dos pequenos receptores táteis não estarem espalhados aleatoriamente pelo nosso organismo, mas sim distribuídos em grupos. Portanto, a ponta da língua é altamente sensível ao toque, ao passo que atrás dos ombros é uma das partes mais insensíveis. As pontas dos dedos e a ponta do nariz também são áreas extremamente sensíveis. Nosso objetivo, no entanto, não é entender as bases neurológicas das sensações do toque, mas sim sua importância psicológica.

O toque físico pode iniciar ou terminar um relacionamento. Pode comunicar ódio ou amor. A pessoa cuja primeira linguagem do amor é “Toque Físico” receberá uma mensagem que irá muito além das palavras “Eu odeio você” ou “Eu amo você”. Um tapa no rosto é algo difícil para qualquer criança enfrentar, mas para aquela que possuir o “Toque Físico” como primeira linguagem do amor, será devastador. Um abraço afetivo comunica amor a qualquer criança, mas aquela que possuir o “Toque Físico” como primeira linguagem do amor, desfrutará de forma mais intensa aquele gesto, sentindo-se amada e segura. A mesma atitude é válida para os adultos.

No casamento, o toque de amor existe em várias formas. Levando-se em conta que os receptores ao toque localizam-se por todo o corpo, um afago amoroso em qualquer parte pode comunicar amor a seu cônjuge. Isso não significa que todos os toques sejam iguais. Seu cônjuge apreciará a alguns mais do que a outros. Seu melhor professor, sem dúvida alguma, será seu(sua) próprio(a) esposo(a). Afinal de contas, ele(ela) é a quem você demonstrará amor. Ele(ela) sabe exatamente o tipo de toque que mais lhe agrada. Não insista em tocá-la(o) de seu jeito e em seu tempo. Aprenda a falar o dialeto dele(dela), pois alguns toques podem ser considerados desconfortáveis ou irritantes. A insistência em praticar tais atos pode comunicar o oposto ao amor. Talvez afirme que você não é sensível às necessidades dele(dela) e não se importa com a sua percepção de prazer. Não caia no erro de achar que o que lhe traz prazer também trará a seu cônjuge.

Toques amorosos podem ser explícitos e exigir sua completa atenção, como afago nas costas e jogos sexuais que terminem em uma relação. Por outro lado, também podem ser implícitos e breves, como um toque nos ombros ao encher uma xícara de café, ou um rápido roçar no corpo ao passar pela cozinha. Toques explícitos, naturalmente, levam mais tempo, não somente a prática deles em si, como também a percepção de como progredir quando se visa comunicar amor dessa forma ao cônjuge. Se uma massagem nas costas comunica eficazmente seu amor a seu(sua) esposo(a), então, todo tempo, dinheiro e energia que você gastar para aprender a ser um(a) bom(boa) massagista será, sem dúvida, um bom investimento. Se a relação sexual for o primeiro dialeto de seu parceiro, leia e converse sobre a arte do amor sexual de forma a aprimorar sua expressão de amar.

Toques implícitos de amor levam menos tempo; porém desenvolvem o treinamento, especialmente se o ‘Toque Físico” não for sua primeira linguagem do amor, e se você cresceu em uma família onde as pessoas não se expressavam dessa forma.

Sentar-se pertinho um do outro no sofá para assistirem televisão, não exigirá tempo extra e poderá comunicar amor de forma abundante.

Pequenos toques ao passar por seu cônjuge implicam frações de segundos. Afagos ao sair e ao chegar em casa podem envolver beijos e abraços ligeiros mas falarão muito alto para seu(sua) esposo(a).

Uma vez que você descubra que o ‘Toque Físico” é a primeira linguagem do amor de seu cônjuge, sua única limitação é sua própria imaginação, quanto às formas de expressar amor. Descobrir novas formas e lugares de toque pode ser um excitante desafio. Se você não for alguém que tem o hábito de “tocar sob a mesa”, descobrirá que essa prática poderá acender fagulhas quando jantarem fora. Você poderá encher o “tanque do amor” de seu cônjuge, se caminharem de mãos dadas até chegarem ao carro, mesmo que você não tenha o hábito de fazer isso em público. Se você, normalmente, não beija seu cônjuge ao entrar no carro, poderá descobrir que esse gesto tornará sua viagem mais atraente. Abraçar sua esposa antes dela sair para as compras poderá, além de expressar amor, trazê-la mais rápido para casa. Tente novos toques em novos lugares e pergunte a seu cônjuge o que sentiu: se os achou prazerosos ou não. Lembre-se: a última palavra é dele(dela). Você está aprendendo a falar a língua dele(dela).

O Corpo Existe Para Ser Tocado

Tudo o que há em mim reside em meu corpo. Tocar em mim significa afagá-lo. Afastar-se dele é distanciar-se de mim, emocionalmente. Em nossa sociedade, um aperto de mão comunica acordo e exclusividade. Quando, em raras ocasiões, um homem recusa apertar a mão de outro, a mensagem que essa atitude comunica é que as coisas não vão bem naquela amizade. Todas as sociedades possuem formas de toque físico como cumprimento social. A maioria dos homens americanos não se sente confortável com fortes abraços e beijos, mas na Europa eles têm a mesma função de um aperto de mão.

Em cada sociedade há formas adequadas e inadequadas de se tocar as pessoas do sexo oposto. A recente atenção voltada para os assédios sexuais tem evidenciado as formas inapropriadas. No casamento, entretanto, tudo isso é determinado pelo casal, dentro de algumas amplas diretrizes. Abuso físico é, naturalmente, condenado pela sociedade e existem organizações sociais cujo objetivo é ajudar tanto esposas quanto esposos vítimas dos excessos. Nossos corpos foram feitos para toques, mas não para abusos.

 

Se a primeira linguagem do amor de seu cônjuge for o “Toque Físico”, nada será mais importante do que abraçá-la(o) quando ela (ele) chorar.

 

Este século caracteriza-se como a era da abertura e liberdade sexual. Essa conquista, porém, tem demonstrado que o casamento onde ambos os cônjuges são livres para ter relações sexuais com outros parceiros é uma ilusão. Os que não discordam disso por motivos morais, não aceitam por razões emocionais. Há alguma coisa em nossa necessidade por intimidade e amor que não nos permite dar tal liberdade a nosso cônjuge. A dor emocional é profunda e a intimidade evapora-se quando tomamos conhecimento de que nosso cônjuge está envolvido sexualmente com outra pessoa. Os arquivos dos conselheiros estão repletos de registros de esposos e esposas que tentam superar o trauma emocional de um cônjuge infiel. Esse problema, entretanto, é multiplicado para aquele cuja primeira linguagem do amor é o ‘Toque Físico”. É por isso que machuca tanto — o “Toque Físico” como expressão do amor — agora é dado a outra pessoa. Não é que o tanque emocional tenha se esvaziado; o fato é que ele explodiu! Serão necessários inúmeros reparos para que aquelas necessidades emocionais sejam supridas.

As Crises e o Toque Físico

De forma mais ou menos instintiva, abraçamos uns aos outros em tempos de crise. Por quê? Pois o “Toque Físico” é um poderoso comunicador de amor. Em épocas difíceis, mais do que em qualquer outra, precisamos nos sentir amados. Nem sempre devemos mudar as situações, mas podemos superá-las se nos sentirmos amados.

Todos os casamentos atravessam crises. A morte dos pais é inevitável.

Acidentes automobilísticos aleijam e matam centenas de pessoas anualmente. Enfermidades não respeitam ninguém. Desapontamentos fazem parte da vida. A coisa mais importante a ser feita por seu cônjuge quando este atravessar alguma crise na vida, é amá-lo. Se a primeira linguagem do amor de seu(sua) esposo(a) for o “Toque Físico”, nada será mais importante do que abraçá-lo(a) quando ele(a) chorar. Suas palavras talvez não tenham muita importância, mas o toque físico comunicará que você se preocupa com ele(ela). As crises propiciam uma oportunidade singular para se expressar amor. Toques afetuosos serão lembrados muito tempo ainda após as dificuldades terem passado. Porém, a ausência de seu toque talvez jamais seja esquecida.

Desde minha primeira visita a West Palm Beach, na Flórida, muitos anos atrás, recebo com alegria os convites para voltar e dar meus seminários naquela região. Em uma dessas ocasiões, conheci Pete e Patsy. Eles não eram originários da Flórida (poucos o são), mas já moravam ali há vinte anos e sentiam-se em casa. Meu seminário fora promovido pela igreja local, e no percurso do aeroporto para a igreja o pastor comunicou-me que Pete e Patsy haviam solicitado que eu passasse a noite na casa deles. Procurei demonstrar contentamento, mas sabia de experiências anteriores que aquele tipo de solicitação implicaria em uma sessão de aconselhamento até altas horas da madrugada. No entanto, eu me surpreenderia mais de uma vez naquela noite.

Quando o pastor e eu adentramos aquela espaçosa casa estilo espanhol, decorada com muito bom gosto, fui apresentado a Patsy e Charlie, o gato da família. Ao olhar ao redor pude aferir que ou os negócios de Pete iam muito bem, ou seus pais deixaram-lhe uma grande fortuna, ou ele estava enterrado em dívidas. Depois descobri que meu primeiro palpite estava correto. Quando me levaram ao quarto de hóspedes, Charlie, o gato, antecipou-se e pulou na cama onde eu dormiria, e esticou-se muito à vontade. Eu pensei: Esse gato está com tudo!

Pete chegou logo depois e comemos um delicioso lanche. Ficou combinado que jantaríamos após o seminário. Várias horas mais tarde, enquanto ceávamos, eu aguardava o momento em que a sessão de aconselhamento começaria. Mas não começou. Ao contrário do que imaginei, Pete e Patsy formavam um casal saudável e feliz. Para um conselheiro isso é uma raridade. Estava curioso para descobrir qual era o segredo deles, mas me encontrava exausto, e como sabia que ambos me levariam no dia seguinte ao aeroporto, decidi fazer minha sondagem ao amanhecer. Eles, então, conduziram-me a meu quarto.

Charlie, o gato, foi muito gentil em deixar o quarto quando eu cheguei. Saltando da cama ele procurou outro local e eu, em poucos minutos, assumi seu lugar naquele confortável leito. Após uma rápida reflexão sobre aquele dia, adormeci. Antes, porém, que perdesse o contato com a realidade, a porta do quarto foi escancarada e um monstro pulou sobre mim! Eu ouvira falar sobre o escorpião da Flórida, mas aquele não era um deles. Sem pensar sacudi o lençol que me cobria e com um grito lancinante atirei-o contra a parede. Ouvi seu corpo bater, seguido de um silêncio. Pete e Patsy correram, acenderam a luz e nós três olhamos para Charlie, ainda estendido no chão.

Pete e Patsy sempre se recordam disso e eu jamais me esquecerei. Charlie recobrou-se em alguns minutos e saiu rapidinho dali. Para falar a verdade, Pete e Patsy contaram-me que ele nunca mais entrou naquele quarto!

Após meu episódio com Charlie, não sabia se Pete e Patsy ainda me levariam ao aeroporto e nem se teriam algum interesse por mim. Meus temores, no entanto, desapareceram quando após o seminário ele me disse:

“Dr. Chapman, já cursei vários seminários mas nunca ouvi alguma descrição tão clara a respeito de Patsy e de mim como a que o senhor fez. A linguagem do amor é realmente uma verdade. Não vejo a hora de lhe contar nossa história!”

Após despedir-me das pessoas presentes ao seminário, saímos a caminho do aeroporto, em nosso percurso de aproximadamente 45 minutos. Pete e Patsy começaram, então, a contar-me sua história. Nos primeiros anos de seu casamento tiveram grandes problemas. Porém, 22 anos atrás, seus amigos disseram-lhes que eles formavam o casal perfeito. Pete e Patsy realmente acreditavam que seu matrimônio “fora realizado nos céus”.

Eles cresceram na mesma comunidade, frequentaram a mesma igreja e estudaram no mesmo colégio. Seus pais tinham estilos de vida e valores semelhantes. Pete e Patsy apreciavam muitas coisas em comum. Ambos gostavam muito de jogar tênis, velejar e sempre conversavam a respeito de como possuíam os mesmos interesses. Eles, aparentemente, tinham todas as similaridades que se acredita necessários para se diminuir os conflitos em um casamento.

Começaram o namoro no segundo ano da faculdade. Faziam cursos diferentes, mas davam sempre um jeito de se encontrar pelo menos uma vez por mês e em algumas ocasiões especiais. Ainda na escola estavam convencidos de que “haviam nascido um para o outro”. Ambos, no entanto, concordaram em terminar a faculdade antes de se casarem. Pelos três anos seguintes tiveram um relacionamento idílico. Um final de semana ele a visitava em seu campus, e no outro era a vez dela retribuir a visita dele. No final de semana seguinte eles iam para suas casas visitar suas famílias, mas a maior parte do tempo também ficavam juntos. No quarto final de semana de cada mês, no entanto, ambos concordaram que não se veriam e utilizariam o tempo para desenvolver atividades de seus interesses pessoais. Com exceção de eventos especiais como aniversários, realmente respeitavam esse planejamento. Três semanas após receberem seus diplomas, ele em economia e ela em sociologia, casaram-se. Dois meses depois, mudaram para a Flórida onde apareceu uma ótima chance de emprego para Pete. Eles estavam a 3.200 quilômetros de distância do parente mais próximo, e podiam desfrutar de uma eterna lua de mel.

Os primeiros três meses foram emocionantes — mudar, achar um apartamento e curtir um ao outro. O único motivo de conflito que tinham era a louça para lavar. Pete achava que ele possuía uma técnica mais eficiente para aquela tarefa. Patsy, no entanto, não concordava com aquela ideia. Chegaram, então, a conclusão de que quem fosse lavar a louça, utilizaria a forma que desejasse. E aquela discussão foi desfeita. Eles tinham uns seis meses de casamento quando Patsy achou que Pete estava se afastando dela. Trabalhava horas além do expediente normal e, ao chegar em casa, gastava tempo demais no computador. Quando finalmente conseguiu manifestar a sua desconfiança a Pete, ele respondeu que não a estava evitando, mas sim tentava manter-se no auge de seu emprego. Disse também que ela não compreendia a pressão que ele sofria em seu trabalho, e quão importante era que ele se saísse bem no primeiro ano de atividade. Patsy não ficou muito satisfeita, mas resolveu dar-lhe o espaço solicitado.

 

Ao final do primeiro ano, Patsy estava desesperada.

 

Patsy fez amizade com diversas senhoras que moravam no mesmo condomínio onde ela residia. Quando sabia que Pete trabalharia até mais tarde, fazia compras com suas amigas ao invés de ir direto para casa após o trabalho. Algumas vezes ela ainda estava ausente quando ele chegava. Aquilo o aborrecia muito e ele passou a acusá-la de negligência e irresponsabilidade. Patsy respondia:

— Parece o roto falando do rasgado! Quem é o irresponsável? Você não se dá ao luxo nem de me telefonar para avisar a que hora chegará em casa… Como eu posso esperá-lo, se nem ao menos sei quando virá?! E, quando chega, fica o tempo todo colado naquela droga de computador. Você não precisa de uma esposa; tudo o que necessita é de um computador.

Pete, então, respondeu em um tom de voz mais alto:

— Eu PRE-CI-SO de uma ES-PO-SA. Será que você não entende? O ponto é exatamente esse. Eu PRE-CI-SO de uma ES-PO-SA!

Mas Patsy não conseguia entender. Ela estava muito confusa. Em sua busca por respostas foi a uma biblioteca pública e leu vários livros sobre casamento. Ela pensava: “O casamento não pode ser desse jeito! Eu tenho que achar uma resposta para a nossa situação”. Quando ele ia para o computador, ela pegava firme no livro. Durante várias noites lia direto até meia-noite. Pete, ao se deitar, percebia o que ela fazia e lá vinham comentários sarcásticos, do tipo:

— Se você tivesse lido todos esses livros quando estava na faculdade, teria tirado “A” em todas as matérias!

Patsy respondia:

— Só que eu não estou na faculdade. Encontro-me casada e, no momento, ficaria muito satisfeita com um “C”!

Pete então ia para a cama sem abrir mais a boca; apenas a olhava.

Ao final do primeiro ano, Patsy estava desesperada. Ela já falara com Pete sobre isso, mas dessa vez comunicou-lhe calmamente:

— Vou procurar um conselheiro conjugal. Você gostaria de ir comigo?

Pete então respondeu:

— Não preciso de um conselheiro conjugal. Não tenho tempo para isso e nem posso pagar uma consulta!

— Então, eu vou sozinha — disse Patsy.

— Tudo bem, é você mesmo quem precisa de conselhos.

A conversa terminou. Patsy sentiu-se totalmente abandonada e sozinha, mas na semana seguinte ela marcou uma consulta com um conselheiro conjugal. Após três semanas aquele psicólogo entrou em contato com Pete e perguntou se ele poderia conversar com ele sobre suas perspectivas a respeito do casamento. Pete concordou e o processo de cura começou. Seis meses depois eles deixavam o consultório do conselheiro com o casamento renovado.

Eu, então, perguntei a Pete e Patsy:

— O que foi que vocês aprenderam no aconselhamento que favoreceu essa virada em seu casamento?

Pete então respondeu:

— Em resumo, Dr. Chapman, aprendemos a falar a primeira linguagem do amor um do outro. O conselheiro não usou esse vocabulário, mas quando o senhor falou hoje em seu seminário, as luzes se acenderam. Minha mente voltou à época de nosso aconselhamento e percebi que foi exatamente isso que aconteceu conosco. Nós finalmente aprendemos a falar a linguagem do amor um do outro.

Eu então perguntei:

— E qual é sua linguagem do amor, Pete?

— “Toque Físico” —, ele respondeu sem titubear.

— Sem a menor sombra de dúvida! Acrescentou Patsy. Voltei-me então para ela:

— E qual a sua linguagem do amor, Patsy?

— “Qualidade de Tempo”, Dr. Chapman. Era isso que eu pedia quando ele gastava todo aquele tempo com o trabalho e o computador.

— Como você descobriu que o “Toque Físico” era a linguagem do amor de Pete?

— Levou um tempo. Pouco a pouco, essa característica começou a surgir durante as sessões de aconselhamento. No começo, acho que Pete nem se apercebeu.

Pete então completou:

— É isso mesmo. Eu estava tão inseguro em minha autoestima que levou um tempão até que eu identificasse e percebesse que a ausência do toque de Patsy havia feito com que eu me afastasse dela. Eu nunca disse que precisava do toque dela. Em nossa época de namoro e noivado, eu sempre tomava a iniciativa de abraçar, beijar, andar de mãos dadas, e ela sempre foi receptiva. Isso fazia com que eu achasse que ela me amava. Após nosso casamento houve situações em que eu a procurei fisicamente e ela não correspondeu. Achei que ela estivesse muito cansada devido às suas responsabilidades no novo emprego. Eu não percebi, mas concluí isso pessoalmente. Senti-me como se ela não me achasse mais atraente. Então, decidi que não tomaria mais a iniciativa para não me sentir mais rejeitado. E esperei, para ver quanto tempo demoraria até que ela decidisse beijar-me, tocar-me ou demonstrar uma nova experiência sexual. Cheguei a esperar seis semanas por um toque. Aquilo foi insuportável. Eu me afastava para ficar longe da dor que apertava quando estava com ela. Sentia-me rejeitado, dispensado e malamado. Então Patsy acrescentou…

— Eu não tinha a menor ideia de que ele se sentia dessa forma. Sabia que não me procurava mais. Não nos abraçávamos, nem nos beijávamos como antes, mas achei que, desde que estávamos casados, isso não era mais tão importante para ele. Compreendia também que estava sob pressão no trabalho. Não tinha, porém, a menor ideia que ele desejava que eu tomasse a iniciativa.

Fez uma pausa e prosseguiu:

— E foi exatamente como ele disse. Eu vivi semanas sem tocá-lo. Isso nem passava por minha mente. Eu preparava as refeições, mantinha a casa limpa, colocava a roupa para lavar e tentava não atrapalhá-lo. Honestamente, eu não sabia o que mais poderia fazer. Não entendia o afastamento nem a falta de atenção dele. Não é que eu não apreciasse tocá-lo. É que para mim isso não era tão importante. Receber sua atenção, seu tempo é o que me fazia sentir amada. Não importava se nos beijássemos ou abraçássemos. Desde que ele me desse sua atenção, eu me sentia querida.

Respirou fundo e continuou:

— Levou um bocado de tempo até que localizássemos a raiz do problema e, ao descobrirmos que não supríamos a necessidade de amor um do outro, demos uma virada em nosso relacionamento. Quando comecei a tomar a iniciativa de tocá-lo, foi impressionante o que aconteceu. Sua personalidade e seu ânimo mudaram drasticamente. Eu ganhei um novo marido. Quando ele se convenceu de que eu realmente o amava, então começou a ficar mais sensível às minhas necessidades.

— Ele ainda tem computador em casa? — perguntei.

— Tem sim. Mas raramente o usa e, quando o faz, está tudo bem porque eu sei que ele não está “casado” com o computador. Fazemos tantas coisas juntos, que se tornou fácil para mim dar-lhe a liberdade para usar o computador quando quiser.

Pete então disse:

— O que me deixou pasmo no seminário hoje foi a forma como sua palestra sobre as linguagens do amor reportou-me aos anos passados. O senhor disse em vinte minutos o que levamos seis meses para aprender.

— Bem, não importa a rapidez com que se aprende uma coisa, mas sim o quanto se desfruta dela. E, obviamente, vocês assimilaram isso muito bem.

Pete é uma das pessoas que possuem o “Toque Físico” como a primeira linguagem do amor. Emocionalmente, este tipo anseia que seu cônjuge o toque fisicamente. Um gostoso cafuné na cabeça ou nas costas, andar de mãos dadas, abraços apertados ou não, relações sexuais — tudo isto e outros “toques de amor” fazem parte das necessidades emocionais de quem possui o “Toque Físico” como sua primeira linguagem do amor.

 9 - Descobrindo sua Primeira Linguagem do Amor


Até amanhã ...

 


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