Dia 09 - As 5 Linguagem do Amor

Dia 09 - As 5 Linguagem do Amor

@vadoaju


7 - A Quarta Linguagem do Amor: Formas de Servir

 

Antes de nos despedirmos de Jim e Janice, reexaminemos a resposta dele à

minha pergunta:

— Você se sente amado por Janice?

— Eu sempre me senti amado por ela, Dr. Chapman. Janice é a melhor dona de

casa do mundo! Cozinha como ninguém. Minhas roupas estão sempre limpas e passadas. Ela é ótima para lidar com as crianças. Sei que ela me ama.

A primeira linguagem do amor de Jim é o que eu chamo de “Formas de Servir”,

ou seja, aquilo que você sabe que seu cônjuge gostaria que você fizesse. É procurar agraciar realizando coisas que ele(ela) aprecia, expressando amor através de diversas “Formas de Servir”.

Estas formas podem ser as mais variadas possíveis, tais como preparar uma

boa refeição, pôr uma mesa bem arrumada, lavar a louça, passar o aspirador, arrumar a cômoda, limpar o pente, tirar os cabelos da pia, remover as manchinhas brancas do espelho (aquelas causadas por pasta de dente), tirar os insetos mortos do vidro do carro, levar o lixo para fora, trocar a fralda do bebê, pintar o quarto, aspirar a estante, manter o carro em boas condições de uso, limpar a garagem, cortar a grama, tirar o mato do jardim, retirar as folhas mortas, aspirar a persiana, levar o cachorro para passear, dar comida para o gato, trocar a água do aquário — todas formas de serviço. Para que sejam realizadas é necessário pensar, planejar e executar (dispêndio de força e energia). Se feitas com o espírito certo e positivo, são incontestáveis expressões de amor.

Jesus Cristo deu uma ilustração simples, porém profunda, ao expressar amor

6 através de uma forma de serviço quando lavou os pés dos discípulos . Em uma cultura onde as pessoas usavam sandálias e caminhavam por estradas poeirentas, era costume os servos da casa lavar os pés dos convidados que chegavam. Depois daquela simples expressão de amor, o Filho de Deus encorajou seus discípulos a seguirem seu exemplo.

Anteriormente, Jesus dissera que, em seu Reino, os que desejavam ser grandes

deveriam ser servos um dos outros. Na maioria das sociedades existentes, o maior reina sobre o menor, mas Cristo disse que os que quisessem ser grandes, deveriam servir aos outros. O apóstolo Paulo resumiu essa filosofia ao dizer: “Sirvam uns aos outros, em amor”. 

Pude observar o impacto de “Formas de Servir” em uma pequena cidade no Estado da Carolina do Norte, chamada China Grove. Ela fica na parte central daquela região, originalmente estabelecida junto às árvores chamadas “Chinaberry” (Fruta da China), perto da lendária Mayberry, Andy Griffith, distante uma hora e meia do Monte Pilot. Na época em que esta história aconteceu, China Grove era uma cidade têxtil, com uma população de 1.500 habitantes. Devido a meus estudos de antropologia, psicologia e teologia, estive fora daquela localidade durante mais de dez anos. Eu realizava uma das duas visitas anuais, que costumava fazer, para manter contato com minhas raízes.

A maioria das pessoas que eu conhecia, com exceção do Dr. Shin, o médico

local, e Dr. Smith, o dentista, trabalhava no moinho. Havia, naturalmente, o pregador Blackburn, dirigente da congregação evangélica local. Para a maioria das pessoas que moravam em China Grove, a vida centralizava-se no trabalho e na igreja. A conversa no moinho era sobre a última decisão do superintendente e como ela afetara, particularmente, seu próprio trabalho. Os cultos focalizavam principalmente as antecipadas alegrias do céu. Naquele primitivo local americano, descobri a linguagem do amor número quatro.

Estava em pé debaixo de uma árvore Chinaberry, após o culto de domingo,

quando Mark e Mary aproximaram-se de mim. Não reconheci nenhum deles. Deduzi que haviam nascido enquanto estivera fora. Apresentando-se, Mark disse:

— Pelo que entendi, o senhor ministra estudo sobre aconselhamento conjugal,

não é verdade?

Sorri e lhes respondi:

— Sim, estou começando. Ele então me interrogou:

— É possível um casamento dar certo, se o casal discorda em tudo?

Era uma daquelas perguntas teóricas a qual eu sabia que tinha um fundo

pessoal.

Desconsiderei a conotação teórica da pergunta e fiz-lhe uma interrogação

pessoal:

— Há quanto tempo vocês estão casados?

— Há dois anos. E não concordamos em nada!

— Dê-me algum exemplo:

— Bem, para começar, Mary não gosta que eu vá caçar. Trabalho a semana

inteira no moinho e, quando chegam os sábados, gosto de infiltrar-me na floresta. Não são todos os sábados, mas somente quando a temporada de caça está aberta.

Mary, que estivera calada até então, disse:

— Quando a estação de caça não está aberta ele vai pescar. E não é verdade

que ele caça somente nos sábados. Ele sai do trabalho para ir caçar.

— Uma, ou duas vezes por ano, tiro dois ou três dias de licença e, juntamente

com outros colegas, vamos caçar nas montanhas. Não vejo mal algum nisso!

— Em que mais vocês discordam? perguntei:

— Bem, ela quer que eu vá à igreja o tempo todo. Não me importo de ir aos

cultos aos domingos de manhã, mas, à noite, prefiro descansar. Tudo bem que ela queira ir, mas não acho que eu precise estar lá também.

Mary novamente replicou:

— Você também não quer que eu vá! Faz escândalo cada vez que eu passo pela

porta em direção à igreja.

Sabia que aquela conversa não deveria continuar ali, embaixo daquela árvore e

em frente à igreja. Como um jovem aspirante a conselheiro, achei que me metia em algo muito complicado para mim, mas como tinha sido treinado para fazer perguntas e ouvir, continuei:

— Em que mais vocês discordam? Dessa vez, Mary respondeu:

— Ele quer que eu fique em casa o dia inteiro e faça todo o serviço doméstico. Fica simplesmente maluco se eu visito minha mãe, ou saio para fazer compras ou qualquer outra coisa.

Ele imediatamente interrompeu:

— Eu não me importo que ela visite sua mãe. No entanto, quando chego em

casa, gosto de achar tudo em ordem. Há semanas em que ela não arruma nem a cama durante três ou quatro dias e nos outros, quando chego, ela nem ao menos começou o jantar. Trabalho duro e gostaria de alimentar-me logo ao chegar. Além disso, a casa está sempre na maior bagunça! Há brinquedos do bebê espalhados por todo lugar, e ele está sempre sujo. Não gosto de sujeira. Acho que ela se sentiria feliz se vivesse em um chiqueiro. Não somos ricos e moramos em uma pequena casa do moinho; mas pelo menos ela poderia ser limpa!

Mary então perguntou:

— O que o senhor acha de ele me dar uma ajuda em casa? Ele age como se os

esposos não precisassem jamais ajudar. Tudo o que ele quer é trabalhar e caçar. Espera que eu faça todo o resto. Por ele, eu teria até de lavar o carro!

Com o propósito de achar que seria melhor eu procurar alguma forma de ajudar

e não de buscar mais problemas, perguntei a ele:

— Mark, quando namoravam, antes de se casarem, você já ia caçar todos os

sábados?

— Na maioria deles. Mas eu sempre chegava em casa a tempo de vê-la no

sábado à noite. Ainda tinha a oportunidade de lavar meu carro, antes de encontrá-la. Eu não gostava de sair com minha caminhonete suja.

— Mary, quantos anos você tinha quando se casou? Eu perguntei.

— Dezoito. Nós nos casamos assim que eu terminei o colegial. Mark formou-se

um ano antes de mim, e já trabalhava.

— No último ano do colegial, Mark via você constantemente?

— Sim, ele me visitava quase todas as noites. Chegava à tarde e muitas vezes

ficava para jantar com toda a família. Costumava ajudar-me nas tarefas da casa e depois nos sentávamos e conversávamos até a hora do jantar.

— Mary, o que vocês dois faziam depois do jantar? Ela olhou em minha direção

com um sorriso sem graça e disse:

— Bem, o que os namorados costumam fazer… Mas, se eu tivesse algum

trabalho escolar, ele sempre me ajudava. Algumas vezes estudávamos horas juntos. Certa vez eu fui encarregada de montar um projeto de Natal para a classe que se formaria. Ele me ajudou todas as tardes, durante três semanas. Ele foi sensacional!

“Mudei de marcha” e engatei a terceira na área das discórdias.

— Mark, quando os dois namoravam, você costumava ir com Mary à igreja aos

domingos à noite?

— Sim, eu ia. Se não fosse, não tinha como vê-la no domingo à noite. O pai dela

era superexigente.

— E ele nunca reclamou disso! Mary acrescentou. De fato, ele parecia gostar de

ir. Até nos ajudou na programação de Natal! Quando terminamos o primeiro projeto, começamos a preparar o palco para a peça natalina. Ficamos umas duas semanas envolvidos naquilo. Ele é muito talentoso para pintar e montar cenários.

Achei que começava a enxergar alguma luz no fim do túnel, mas temia que Mark e Mary não a vissem. Virei-me, então para ela e perguntei:

— Quando você namorava Mark, o que a convenceu de que ele a amava? O que

fez com que ele fosse diferente dos outros rapazes que você conhecia?

— Foi a forma de como ele me ajudava a fazer as coisas. Ele tinha tanto

entusiasmo em colaborar! Nenhum dos outros rapazes demonstrou esse tipo de interesse, mas parecia realmente natural em Mark. Ele chegava até a me ajudar a lavar a louça quando ia jantar em minha casa. Ele era a pessoa mais maravilhosa que eu já tinha conhecido. Mas foi só a gente casar, e tudo mudou! Ele não fez mais nada!

Dirigindo-me novamente para Mark, perguntei:

— Em sua opinião, por que você acha que fazia todas aquelas coisas para ela e

com ela, antes de casarem?

— Na época, para mim era natural fazê-las. É o que se espera que alguém nos

faça, se esse alguém gosta de nós.

— E por que você acha que parou de ajudá-la depois do casamento? Perguntei.

— Eu acho que pensei ser como era em minha família. Meu pai trabalha e minha

mãe toma conta da casa. Nunca o vi aspirar o pó, lavar louça ou fazer qualquer outro serviço doméstico. Em virtude de minha mãe não trabalhar fora, ela mantinha a casa sempre limpa, cozinhava, lavava e passava. Acho que simplesmente pensei que deveria agir como meu pai.

Torcendo para que ele raciocinasse como eu, perguntei:

— Mark, um minuto atrás o que você ouviu Mary responder, quando perguntei o

que a fez sentir-se amada por você durante o namoro?

Ele respondeu:

— O fato de eu ajudá-la a fazer as coisas e realizá-las ao lado dela.

 

Os pedidos direcionam o amor, mas cobranças impedem que ele seja liberado.

 

Ainda dirigi-me a Mark e perguntei:

— Dá para você entender como ela se sentiu rejeitada quando você parou de

ajudá-la?

Ele sacudiu a cabeça para cima e para baixo… Então afirmei:

— Também é compreensível que você tenha seguido o modelo do casamento de

seus pais. A maioria de nós faz isso, mas sua mudança de comportamento com Mary foi muito radical. Isso fez com que ela achasse que seu amor por ela havia terminado.

Depois virei-me para Mary e disse-lhe:

— O que você ouviu Mark responder, quando perguntei a ele o porquê dele ajudá-

la na época de namoro?

— Ele disse que são coisas as quais se espera que se façam quando uma

pessoa gosta de outra. Ele realizava aquilo para demonstrar seu amor por mim.

Ela acrescentou que aquilo era natural nele. Porque na mente dele era essa a

forma de se demonstrar amor. Então lhe perguntei:

— Quando os dois se casaram e foram morar em sua própria residência, ele

esperou para ver o que você faria para demonstrar-lhe amor. Suas expectativas eram que mantivesse a casa limpa, cozinhasse, etc. Resumindo, ele aguardou que fizesse coisas por ele como expressão de seu amor. Você entende que, por não vê-la realizar o que esperava, ele passou a não sentir-se mais amado?

Agora era Mary quem balançava a cabeça. E eu continuei:

— Meu ponto de vista do porquê de ambos estarem tão infelizes é que nenhum

de vocês demonstra amor um pelo outro, através de atos de bondade.

Mary disse:

— Acho que você está certo e o motivo pelo qual parei de fazer as coisas para

ele, foi porque me ressenti de tanta cobrança. Era como se ele quisesse fazer com que eu ficasse igual à mãe dele.

Eu concordei com ela:

— Você está certa. Ninguém gosta de fazer as coisas forçadamente. O próprio

amor é entregue espontaneamente. O amor não pode ser obrigatório. Podemos solicitar que os outros façam algumas coisas para nós, mas não devemos exigi-las. Pedidos direcionam o amor, mas cobranças impedem que ele seja liberado.

Mark interrompeu-me e disse:

— É isso mesmo, Dr. Chapman, ela está certa. Tenho realmente feito muitas

cobranças e críticas a Mary porque estou desapontado com ela como esposa. Disse mesmo algumas coisas muito cruéis, que devem ter feito com que ela ficasse muito magoada comigo.

Olhando para ambos, disse-lhes:

— Acredito que as coisas agora podem ser consertadas. Tirei um bloco de papel

do meu bolso e destaquei duas folhas:

— Vamos tentar uma coisa. Quero que cada um de vocês se sente nos degraus

da igreja e faça uma lista de pedidos. Mark, gostaria que preparasse uma relação de três ou quatro coisas que, se Mary resolvesse fazê-las, levariam você a se sentir amado quando chegasse à casa no final do dia. Se ter as camas arrumadas é muito importante, então coloque isso no papel.

Virei-me para Mary e disse-lhe o mesmo:

— Mary, quero que você faça uma lista de três ou quatro coisas com as quais

realmente gostaria que Mark a ajudasse, atitudes que, se ele as praticasse, ajudariam você a acreditar que ele a ama. (Aprecio muito as listas. Elas nos forçam a pensar de forma concreta).

Após cinco ou seis minutos, eles me entregaram suas listas. A de Mark ficou

assim:

 

1. Arrumar as camas diariamente;

2. Lavar o rosto do bebê quando eu estiver para chegar em casa;

3. Colocar seus sapatos na sapateira antes que eu chegue em casa.

4. Tentar, pelo menos, começar o jantar antes de eu chegar, de forma que possamos nos alimentar 30 a 45 minutos após a minha chegada.

 

Li a lista de Mark em voz alta e disse:

— Posso entender que, se Mary decidir fazer estas quatro coisas, você as verá

como formas dela demonstrar amor por você?

Ele respondeu:

— É isso mesmo! Se ela fizer estas quatro coisas, isso certamente cooperará

muito para que eu mude minha atitude para com ela.

Em seguida, li a lista de Mary:

 

1. Gostaria que ele lavasse o carro uma vez por semana e não esperasse isso de mim.

2. Gostaria que ele trocasse a fralda do bebê quando chegasse em casa, especialmente quando estou atarefada na cozinha no preparo do jantar.

3. Gostaria que ele passasse o aspirador na casa para mim, pelo menos uma vez por semana.

4. Gostaria que, no verão, ele cortasse a grama todas as semanas a fim de não deixar que ela crescesse tanto, a ponto de eu ter vergonha do nosso jardim.

 

Eu então disse:

— Mary, entendo o que você deseja. Se Mark decidir fazer essas quatro coisas,

você as receberá como formas genuínas de expressões de amor?

— É isso mesmo. Seria maravilhoso se ele fizesse essas coisas para mim.

— Essa lista parece razoável para você, Mark? — perguntei-lhe. Você poderia

fazê-las, se assim decidisse?

— Sim —, ele disse.

— Mary, você acha os itens da lista de Mark razoáveis? Você poderia realizá-

las, se assim decidisse?

— Sim, eu posso fazer essas coisas. Mas eu me sinto frustrada porque não

importa o quanto eu faça, pois nunca é suficiente.

— Mark, você entende que proponho uma mudança do modelo de casamento que

você tem?

— Sabe de uma coisa, meu pai corta a grama e também lava o carro!

acrescentou ele.

— Mas pelo jeito ele nunca passou o aspirador na casa nem trocou fralda de

nenhum dos filhos, estou certo?

— Está!

— Você não é obrigado a fazê-las. Quero deixar isso bem claro; porém, se as

realizar, serão comunicadas como expressões de amor a Mary.

 

Aquilo que fazemos um para o outro antes do casamento, não garante que continuaremos a realizá-lo depois de casados.

 

E para Mary, eu disse:

— Você também precisa entender que não é obrigada a fazer as coisas da lista,

mas, se decidir realizá-las, estas serão quatro formas que realmente terão significado para ele.

Virando-me então para ambos, disse:

— Gostaria de sugerir que vocês tentassem esse novo procedimento por dois

meses e então avaliassem se os ajudou ou não. Ao final deste período, talvez queiram acrescentar novos itens às suas listas e partilhá-las um com o outro. Eu, no entanto, recomendaria que não houvesse o acréscimo de mais de um item por mês.

— Isso faz sentido — Mary replicou.

— Acho que você nos deu uma grande ajuda — acrescentou Mark.

Virando as costas, ambos saíram de mãos dadas e caminharam em direção ao

carro.

Ao ficar sozinho novamente, comecei a caminhar e disse em alta voz: “Acho

que a igreja é para isso. Creio que vou gostar de trabalhar com aconselhamento!”

E nunca mais esqueci o enfoque obtido embaixo daquela árvore.

Após anos de pesquisa, percebi que a situação de Mark e Mary foi muito

especial para mim. Raramente encontramos um casal onde ambos possuam a mesma linguagem do amor. Tanto para Mark como para Mary, “Formas de Servir” era sua primeira linguagem do amor. Centenas de pessoas identificam-se com uma ou outra e reconhecem que a principal forma através da qual sentem-se amadas por seus cônjuges, é através de “Formas de Servir”.

Guardar os sapatos, trocar as fraldas do bebê, lavar louça ou o carro, aspirar o

pó ou cortar a grama falam muito alto para aqueles cuja primeira linguagem do amor é “Formas de Servir”.

Você talvez indague: “Mas se Mark e Mary tinham a mesma linguagem do amor,

por que possuíam tantos problemas?” A resposta está no fato de que eles falavam dialetos diferentes. Eles faziam coisas um para o outro, mas não as que consideravam as mais importantes. Quando forçados a pensar de forma concreta, facilmente identificavam seus dialetos. Para Mary, era lavar o carro, trocar a fralda do bebê, aspirar o pó e cortar a grama, ao passo que para Mark era arrumar as camas, lavar o rosto do bebê, guardar os sapatos na sapateira e já ter o jantar começado ao chegar em casa. Quando começaram a falar os dialetos certos, os “tanques do amor” de ambos começaram a encher. Desde que a primeira linguagem do amor de ambos era “Formas de Servir”, aprender o dialeto específico de cada um foi relativamente fácil para eles.

Antes de deixarmos para trás Mark e Mary, gostaria de fazer três observações. Primeira, eles ilustram claramente que o que fazemos um para o outro antes do casamento, não é garantia de que continuaremos a fazê-lo depois de casados. Antes do matrimônio somos levados pela força da paixão. Após o casamento, voltamos a ser as pessoas que éramos antes de nos apaixonarmos. Nossas ações são influenciadas pelo modelo de nossos pais, nossa própria personalidade, nossa percepção do amor, nossas emoções, necessidades e nossos desejos. Apenas uma coisa é certa sobre nosso comportamento: não será o mesmo da época em que estávamos apaixonados.

E isso me leva à segunda verdade ilustrada por Mark e Mary. Amor é uma

decisão, e não pode ser coagido. Mark e Mary criticavam o comportamento um do outro e não chegavam a lugar algum. A partir do ponto em que decidiram fazer pedidos um ao outro, e não cobranças, o casamento tomou outro rumo. Críticas e cobranças não levam a lugar algum. O excesso de observações pode levar um cônjuge a concordar com o outro. Ele(ela) pode fazer as coisas do modo dela(dele) mas, muito provavelmente, aquela não será uma expressão de amor. Você pode dar outra direção ao amor através de pedidos: Eu gostaria muito que lavasse o carro, trocasse a fralda do bebê, cortasse a grama; porém, não há como colocarmos em alguém a vontade para tal. Cada um de nós decide diariamente amar ou não nossos cônjuges. Se escolhermos gostar dele, então a expressão desse amor da forma que seu cônjuge solicita, torna-lo-á mais efetivo em termos emocionais.

Há uma terceira verdade, que somente é ouvida pelos amantes mais maduros. As críticas de meu cônjuge sobre meu comportamento, fornecem-me dicas “quentes” a respeito de sua primeira linguagem do amor. As pessoas tendem a criticar mais seus cônjuges na área em que eles mesmos têm suas mais profundas necessidades emocionais. A observação que fazem é uma forma inútil de suplicar amor. Se conseguirmos entender essa característica, tornaremos estas críticas mais produtivas. Uma esposa poderá dizer a seu marido, após ser observada por ele:

“Parece-me que isso é algo muito importante para você. Poderia explicar por que

considera (tal coisa) tão crucial?”

Críticas exigem explicações. Uma conversa poderá transformar a crítica mais

em pedido do que em cobrança. A constante reprovação de Mary à caça de Mark não significava que ela odiava aquele esporte. Ela culpava isso por deixá-lo impossibilitado de lavar o carro, aspirar o pó e cortar a grama. Quando ele aprendeu a suprir sua necessidade de amor ao falar sua linguagem emocional, ela se libertou para também apoiá-lo em seu esporte favorito.


Capacho ou Amante?

“Eu o sirvo há vinte anos. Isso inclui todas as modalidades de serviço. Sou seu

capacho porque ele simplesmente me ignora, maltrata-me e humilha-me na frente dos amigos e da família. Não o odeio. Não lhe desejo mal, mas estou profundamente magoada e não quero mais viver com ele”.

Essa esposa utilizou “Formas de Servir” durante vinte anos, mas sem expressão

de amor. Seus atos demonstravam medo, culpa e ressentimento.

 

Devido às mudanças sociológicas dos últimos trinta anos, não há mais um estereótipo do papel do esposo e nem da esposa, na sociedade moderna.

 

Um capacho é um objeto inanimado. Você pode limpar seus pés nele, chutá-lo,

colocá-lo de lado, ou fazer qualquer outra coisa que deseje. Ele não tem vontade própria. Pode servir a seu dono, mas não amá-lo. Quando nós, homens, tratamos nossas esposas como objetos, excluímos a possibilidade de receber amor. Manipulação que utiliza a culpa (“Se você for realmente uma boa esposa, fará isso para mim”), não é uma linguagem do amor. Coação pelo medo (“Acho melhor você fazer isso para mim, senão se arrependerá”) também não tem nada a ver com o amor. Ninguém deve ser capacho. Podemos ser usados, mas somos criaturas que possuem emoções, pensamentos e desejos. Temos a habilidade de tomar decisões e de agir. Usar ou manipular outras pessoas não é um ato de amor, mas de traição. Você induz a quem manipula a desenvolver hábitos desumanos. O amor diz: “Pelo fato de eu amá-lo muito, não vou permitir que me trate desse jeito. Não é bom para você nem para mim”.

Superando os Estereótipos

O aprendizado da linguagem do amor “Formas de Servir” implica que

examinemos nossos estereótipos dos papéis de esposo e esposa. Mark fazia o que a maioria de nós, maridos, realiza normalmente. Seguia o modelo dos papéis assumidos pelos pais. Porém, nem isso ele realizava direito. Seu pai lavava o carro e cortava a grama. Mark não fazia nada disso, mas essa era a imagem mental que ele tinha a respeito do que um marido deveria realizar. Não resta a menor dúvida de que ele não se via limpando a casa nem trocando as fraldas do bebê. Ainda bem que ele teve boa vontade em quebrar seu estereótipo ao perceber como essas coisas eram importantes para Mary. Isso será necessário para todos nós se a primeira linguagem do amor de nossos cônjuges solicitar algo que pareça inadequado a nosso papel.

Devido às mudanças sociológicas dos últimos trinta anos, não há mais um

estereótipo comum dos papéis do esposo e da esposa na sociedade moderna. Isso não significa, contudo, que todos os estereótipos tenham desaparecido, mas que o número deles multiplicou. Antes da era da televisão, a imagem que as pessoas tinham de um esposo e de uma esposa e de como deveria ser esse relacionamento, era primeiramente influenciada pelos próprios pais. Com a invasão da televisão e com a proliferação da separação dos casais, o modelo desses papéis tornou-se grandemente influenciado por forças de fora do lar. Sejam quais forem suas percepções a respeito, é muito provável que seu cônjuge possua expectativas diferentes a respeito dos papéis conjugais. E necessário “vontade política” para examinar e mudar estereótipos, e assim expressar amor de forma mais efetiva. Lembre-se, não há recompensas para se manter esses estereótipos; por outro lado, há benefícios tremendos em atender às necessidades emocionais de seu cônjuge.

Bem recentemente, uma esposa me disse:

— Dr. Chapman, vou mandar todos meus amigos assistirem a seu seminário!

E eu, então, lhe perguntei:

— Por que você fará isso?

— Porque meu casamento mudou radicalmente. Antes do seminário, Bob nunca

me ajudava em nada. Nós dois começamos nossas carreiras após a faculdade, mas sempre coube a eu fazer tudo em casa. Era como se nunca tivesse passao pela cabeça dele realizar alguma coisa. Depois do seminário ele começou a me perguntar de que forma poderia me ajudar. Eu fiquei maravilhada! No início, nem acreditava que fosse verdade, mas essa postura tem persistido já por três semanas.

Ela suspirou profundamente e continuou:

— Tenho de admitir que houve situações cômicas, no percurso destas três

semanas, porque ele não sabia fazer nada! A primeira vez em que colocou a roupa para lavar, ao invés de usar o detergente diluído, colocou o alvejante. Nossas toalhas azuis ganharam “lindas” bolas brancas. Depois, chegou a hora de ele utilizar pela primeira vez nosso triturador de lixo. Pareceu estranho quando começou a sair espuma de sabão na pia ao lado. Nós paramos o processo, e depois de desligar a máquina coloquei minha mão na abertura do aparelho. Tirei dali um quarto de um pedaço de sabão em barra que antes daquela aventura estava inteirinho. Mas ele me amava de acordo com a minha linguagem e meu “tanque do amor” enchia-se gradativamente! Agora ele já sabe fazer de tudo em casa e ajuda-me muito. Temos, também, bons momentos juntos porque não preciso trabalhar o tempo todo. E, “pode crer”, também aprendi a linguagem dele e mantenho seu “tanque” cheio.

— Foi assim tão simples?

Simples? Sim. Fácil? Não. Bob teve de trabalhar duro para quebrar o estereótipo

com o qual convivera durante trinta e cinco anos. Não foi do “dia para a noite”, mas ele com certeza poderá dizer que aprender a primeira linguagem do amor de sua esposa e decidir-se por utilizá-la fez uma diferença tremenda no clima emocional de seu casamento.

Passemos, agora, para a linguagem do amor número cinco.

 

 8 - A Quinta Linguagem do Amor: Toque Físico

Até Amanhã ...


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