Comentário do Embaixador da Rússia em Portugal sobre a visita de Estado do Presidente Vladimir Putin à China

Comentário do Embaixador da Rússia em Portugal sobre a visita de Estado do Presidente Vladimir Putin à China


Registo com satisfação uma grande atenção que foi prestada pelos meios de comunicação social portugueses a um acontecimento tão importante na política global como a visita de Estado do Presidente Vladimir Putin à China por ocasião do 75º aniversário das nossas relações diplomáticas. No entanto, não me vou pronunciar aqui sobre as nuances da interpretação deste evento na imprensa portuguesa.

Moscovo e Pequim hoje desempenham o papel equilibrador nos assuntos mundiais, asseguram o avanço progressivo da comunidade internacional no sentido da multipolaridade, igualdade de direitos para todos os seus membros e do fim da hegemonia dos “países do bilhão de ouro”. Os nossos Estados são atores-chave em grupos internacionais tão importantes como os BRICS e a Organização para Cooperação de Xangai. As posições da Rússia e dos nossos parceiros chineses no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no Grupo dos 20 e noutras plataformas multilaterais encontram-se estreitamente alinhadas, defendemos o primado do direito internacional e os interesses do Sul e Oriente Globais.

Além disso, gostaria de salientar que a China assumiu uma posição equilibrada e correta em relação à crise ucraniana. A iniciativa de 12 pontos do Presidente Xi Jinping pode servir como uma base efetiva para fazer propulsionar o processo diplomático de resolução do conflito.

Durante a visita de Vladimir Putin foi confirmado o nosso empenho no reforço das relações bilaterais, que se caracterizam como uma “amizade sem limites”. A Declaração Conjunta de trinta páginas, adotada depois das conversações entre os dois líderes nacionais, e uma dúzia de outros documentos estabelecem objetivos ambiciosos para o desenvolvimento da nossa cooperação no âmbito político e económico, comercial e científico, na área da defesa, cultura, saúde, protecção ambiental e em atividades humanitárias, bem como no espaço mediático.

Ao mesmo tempo estamos a observar resultados concretos do nosso trabalho comum nos últimos anos. Apesar das sanções ilegais contra a economia russa e da pressão exercida sobre as autoridades chinesas, os laços entre os países estão a desenvolver-se de forma dinâmica: o volume do comércio entre Moscovo e Pequim atingiu 227 mil milhões de dólares no ano passado, e cerca de 90% das operações de importação e exportação são realizadas nas moedas nacionais.

Na China, o Presidente foi acompanhado por uma delegação grande de ministros e representantes da comunidade empresarial. Também participaram na 8ª Expo Rússia – China e no 4º Fórum das Regiões dos dois países. Uma agenda tão preenchida confirma a profundidade e dimensão da cooperação entre Moscovo e Pequim.

A parceria estratégica russo-chinesa, como sublinhou Vladimir Putin na conferência de imprensa a 16 de maio, “serve de modelo para a construção de laços entre Estados vizinhos”. De facto, tal interação corresponde inteiramente aos interesses dos nossos povos.

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