Comentário do Embaixador da Rússia em Portugal por ocasião do 50° aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a Rússia e Portugal

Comentário do Embaixador da Rússia em Portugal por ocasião do 50° aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a Rússia e Portugal


No dia 9 de junho cumpre-se o 50° aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a Rússia e Portugal que foram estabelecidas há 245 anos.

Em 2019, há pouco tempo, celebrámos o 240° aniversário dos laços bilaterais... Exposições temáticas na sede da Assembleia da República e do MNE de Portugal, troca de mensagens entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros, artigos e entrevistas dos Embaixadores, um plano bilateral de várias iniciativas culturais para celebrar a data durante todo o ano nas capitais e regiões dos dois nossos Estados...

Sim, sim. Foi tão diversificado o programa das celebrações. A dimensão e multiplicidade dos eventos demostravam que as relações russo-portuguesas historicamente não eram conflituosas e correspondiam totalmente aos interesses dos povos dos dois países.

Hoje, tudo isto parece uma utopia. É que tudo o que era positivo se tornou uma coisa do passado. Sem haver qualquer culpa da nossa parte. Lisboa integrou-se na linha de confrontação com a Rússia determinada pelo Ocidente coletivo e assumiu uma posição abertamente russófoba no palco mundial. É completamente ignorado que as relações com a URSS, estabelecidas por Portugal apenas dois meses após a Revolução dos Cravos, asseguraram, de certa forma, a implementação dos valores de Abril nas condições geopolíticas muito difíceis da segunda metade do século XX.

Como declarou justamente a representante oficial do MNE da Rússia, Embaixadora Maria Zakharova, durante o seu briefing a 15 de maio, as relações bilaterais “estão a atravessar a crise mais grave da sua história moderna”. Foram encerrados Consulados Honorários russos no Porto e Algarve, deixou de funcionar a Câmara de Comércio e Indústria, foi dissolvido o grupo parlamentar de amizade e também desvaneceu-se a cooperação humanitária. Mais uma vez, não foi culpa da Rússia. Permanecemos abertos à interação com Portugal e todos os países ocidentais, no entanto esta deve ser realizada no âmbito das normas do Direito Internacional e com base nos princípios do respeito mútuo.

Espero que ainda possamos, como há cinco anos, celebrar, de forma adequada, outra data importante para as relações russo-portuguesas que será o 250° aniversário em 2029. Agora resta-nos esperar que a situação não atinja um ponto de não retorno e que nunca tenhamos o aniversário da rutura dos nossos laços.

Para concluir, gostaria de aproveitar esta oportunidade para felicitar os nossos leitores portugueses por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

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