Amizade Fatal: A Garota Estranha No Jardim - Contos de Terror | Terror Total

Amizade Fatal: A Garota Estranha No Jardim - Contos de Terror | Terror Total

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Hoje estou muito empolgada, porque a dois meses papai nos disse que deveríamos nos mudar para uma casa maior nos arredores da cidade. Ele me disse que lá tem um enorme jardim e belas paisagens que poderiam me inspirar a pintar, pois ele sabe que essa é minha paixão maior; ele também me disse que meu novo quarto seria duas vezes maior que o atual e que eu poderia ocupar o quarto ao lado dele para usá-lo como meu estúdio de pintura. Hoje finalmente estamos nos mudando.

"Quero que cheguemos lá logo!" pensei enquanto olhava a estrada pela janela do carro.

A primeira coisa que vi ao chegar foi um enorme pátio, que parecia duas vezes maior que a casa, havia uma grama bonita, uma fonte grande, várias árvores muito frondosas e muitos bancos de pedra que estavam distribuídos pelo gramado. Então eu me dei a lição de explorar o meu novo lar. O que eu mais ansiava era ver a nova casa por dentro e especialmente meu quarto.

É lugar é realmente muito grande e espaçoso, tem janelas enormes onde entra muita luz, tem até duas varandas onde eu posso passar um tempo pintando sem nenhum problema. A casa é linda, eu certamente gostei do estilo de arte barroca que tinha em seus pilares e seus detalhes perfeitamente cuidados; as pessoas que a construíram tinham muito bom gosto.

"Eu gostarei muito de estar aqui!" pensei enquanto olhava para o enorme complexo da casa.

À noite, quando eu estava tentando desempacotar as coisas de que precisava, pude ouvir uma linda música que vinha do pátio, espiei da varanda tentando identificar de onde vinha aquela doce voz, foi quando a vi, uma garota bonita que aparentemente tinha a minha idade, iluminada ao luar, cantava ao som do vento, como o balanço suave das folhas colidindo com a primavera, então me apressei e disse aos meus pais que havia uma garota cantando.

Mas eles desacreditaram, pois não havia ninguém na casa quando chegamos, o pessoal da reforma já haviam concluído o serviço à cerca de uma semana. Até eu estranhei, porém ela estava lá, acho que deve ter esquecido alguma coisa e veio aqui buscar. Como a casa estava trancada ela deve ter esperado a nossa chegada, talvez estivéssemos apressados demais para entrar, por isso não a notamos.

Chamei novamente meus pais, mas se recusaram a vir, disseram estar ocupados com algo que parecia ser importante. Porém eu insisti, fui até eles chamá-los, eu os disse para irem ver, pois poderia ser parente de alguém da reforma que esqueceu algum objeto na casa. Porém quando concordaram em ver quem era, a garota não estava mais onde eu a vi. Meu pai pensou que eu estava zombando da cara deles, tentando fazer alguma espécie de brincadeira, então voltaram para dentro chateados, "isso não tem graça Jassie!" disse ele, mas eu tinha certeza do que tinha visto.

Desci as escadas do segundo andar onde ficava meu quarto e saí para fora na esperança de poder encontrá-la, rodeei a casa em busca daquela garota bonita de cabelos loiros e pele clara, porém não a encontrei em lugar nenhum. Não havia nenhum vestígio de que alguém estivera por ali.

Naquela noite, eu não consegui dormir, fiquei pensando no que havia acontecido, mas finalmente a exaustão me dominou e peguei sono. Entre os meus sonhos, pude ouvir a linda canção daquela garota misteriosa. Eu achei que estivesse delirando, porém na noite seguinte, quando eu estava me preparando para ir dormir, ouvi a mesma música novamente, então me apressei e sem ser vista, saí para investigar o que estava acontecendo.

Quando saí pela porta dos fundos e caminhei entre algumas árvores, vi-a novamente. Ela estava sentada num dos bancos perto da fonte, olhando as estrelas enquanto entoava a música.

- Você canta muito bonito! - Disse-lhe.

A garota levantou-se assustada, então lhe pedi que não tivesse medo. Perguntei-lhe:

- Qual é o seu nome?

Ela respondeu timidamente:

- Soraya

- Prazer em conhecê-la! - Eu disse -, meu nome é Jassie! Onde você mora?

- Aqui nesta casa! - ela respondeu, eu estranhei, porém imaginei que ela estava se referindo à casa que ficava do outro lado.

Então conversamos por várias horas, ela é uma pessoa bastante simpática, e assim como eu, é uma amante da pintura e dos desenhos. Além disso temos muitas coisas em comum. Por volta das 12:00 ela se levantou dizendo que tinha que sair, pois a hora já estava adiantada. Eu disse adeus com um sorriso e ela sorrio de volta. Então dando passos rápidos desapareceu entre as árvores.

A partir daquele dia, quase toda noite eu saía para me encontrar com ela, sentávame num dos bancos de pedra atrás da casa para conversar com minha nova amiga. Eu amava os seus desenhos e também gostava de ouví-la cantar. A cada dia que se passava, mais e mais ficávamos mais próximas uma da outra, muito próximas. O tempo se passou, dias, meses, e Soraya e eu éramos quase irmãs, até uma certa noite...

Nós duas estávamos conversando como de costume, fazíamos isso todos os sábados, domingos, terças e quintas-feiras; naquela noite ela estava diferente, parecia um pouco triste e angustiada, então lhe perguntei o que a deixava tão cabisbaixa. Foi quando ela me disse que teria que fazer uma longa viagem e que talvez não voltaria... Certamente talvez aquela fosse a última vez que nos veríamos.

Perguntei-lhe o porquê da viagem.

- Assunto de família - ela respondeu.

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Jassie chorou inconsolavelmente e ouviu pela última vez a música de sua amiga e com um abraço que as uniu fortemente enquanto ambas choravam, elas decidiram desenhar um símbolo com as mãos juntas, para que nunca esquecessem esse belo relacionamento de amizade que haviam construído ao longo dos últimos seis meses. Soraya entregou o desenho a Jassie, que jurou que enquanto o guardasse estariam unidas, mesmo distantes, Soraya fez uma cópia do desenho e guardou para si. Se despediram com um último abraço e Soraya se foi - sob os cuidados do luar - com lágrimas nos olhos que as fizeram lembrar do primeiro dia em que se conheceram. Aquela noite estava muito fria e o tempo estava um tanto nublado.

Jassie com grande tristeza, voltou para casa e sentou-so no sofá confortante, ela abraçou a almofada e não conseguindo segurar as lágrimas, se pôs a chorar novamente. Quando a viram, seus pais perguntaram-lhe:

- O que há querida!?

- Soraya se foi para sempre! - Jassie respondeu com um nó na garganta enquanto os seus pais se entreolharam surpresos.

- "Soraya?" Quem é Soraya? - Perguntaram.

- A garota que eu encontro quase todas as noites. - Respondeu.

Os pais assustados sentaram-se ao lado dela e puseram as mãos sobre seus ombros.

- Jassie - falou seu pai -, muitas noites ouvimos você no jardim atrás de casa, próximo à fonte, como se estivesse conversando com alguém, mas... Quando olhávamos pela janela da área de serviço para ver com quem você conversava, notávamos que você estava completamente sozinha...

- Não falamos nada porque sabemos de seus problemas e não a queríamos chatear - disse sua mãe - a morte de sua avó Tânia foi realmente muito doloroso para você querida... Vocês eram realmente muito íntimas. E...

- Como assim não havia ninguém comigo? - Jassie interrompe.

- Meu amor... - Disse seu pai.

- Nós entendemos, é normal ao perder alguém que amamos procurarmos alguma forma de preenchermos o vazio que fica em nossas vidas. Mas um dia você vai superar tudo isso minha linda... - Disse sua mãe enquanto a abraçava.

Jassie não podia acreditar no que seus pais estavam dizendo, então ela pegou uma lâmpada de óleo velha do porão e foi em direção ao banco de pedra onde costuma encontrar sua amiga quase todas as noites. Enquanto verificava o lugar, notou alguma coisa fora do normal na grama em que pisava, parecia que alguém a havia removido recentemente, pois a terra estava aparente. Com as mãos, arranhou o chão e encontrou uma caixinha de metal cujo único conteúdo era o que parecia ser um jornal velho e antigo. Quando ela sentou-se para ler o que nele estava escrito, uma rajada de vento muito forte arrancou o jornal da sua mão e o transportou pelo ar levando-o por entre as árvores. Ela o seguiu por um caminho úmido e esteito até que finalmente ele foi largardo no chão. Quando Jassie o pegou às pressas, ela notou que diante dela havia uma pequena placa de ferro que dizia “Em Memória de Soraya Knigth” quando ela se levantou, percebeu que por detrás da placa havia uma estátua de pedra que apresentava uma semelhança física surpreendentemente semelhante à de sua amiga Soraya. Ao reparar na mão da estátua, ela não deixou de notar que havia um símbolo entalhado, o mesmo símbolo que havia desenhado com Soraya naquela noite com o intuito de lembrar a linda amizade das duas, para que uma nunca se esquecesse da outra, dessa forma, haviam jurado que estariam unidas para sempre.

Naquele mesmo momento, um buraco se abriu no chão abaixo de Jassie, que foi engolida pela terra, juntamente com a estátua à sua frente. Após isso o buraco se fechou e ambas desapareceram. A única coisa que ficou para trás foi o jornal velho e antigo.

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Cinco horas depois os pais de Jassie sentiram sua falta e foram procurá-la, porém não a achavam em lugar algum, ligaram para todos os vizinhos, porém ninguém a tinha visto. Na manhã seguinte alguns amigos e familiares se reuniram para procurar a garota que tinha apenas dezesseis anos. Passaram o dia todo atrás da garota, porém não a encontraram.

Quando voltaram para casa, tristes e desanimados, os seus pais andavam por entre as árvores seguindo um caminho estreito onde mais a frente se depararam com um jornal em que no mesmo estava destacada a foto da filha aparentemente morta ao lado do corpo de outra garota.

Quando os pais da garota assustados apanharam o jornal do chão, notaram que embaixo dele havia um objeto feito de pedra e outro pedaço do que parecia ser restos de uma mão humana, que quando unidos um ao outro formavam um símbolo peculiar. - O mesmo símbolo que Jassie e sua suposta amiga Soraya haviam desenhado.

No jornal estava escrito o seguinte:

"Dois corpos são encontrados, um é de garota desaparecida_
Corpo de desaparecida é encontrado esta manhã junto com o de outra garota que até agora não foi identificada_
A garota Soraya Knight, desaparecida à cerca de quinze dias, teve o corpo encontrado nesta manhã por cães de rua que escavavam o local, o corpo estava enterrada próximo a sua residência. Juntamente ao corpo de Soraya havia o de uma segunda garota que até agora não foi identificada.
Aparentemente a segunda vítima possuía a mesma idade que a filha dos Knight's.
Os pais de Soraya, garota que havia desaparecido numa noite chuvosa à quase três semanas, afirmam que a garota vinha apresentando um comportamento estranho e tinha o costume de se sentar atrás da casa e passar horas e horas conversando sozinha [...]
No quarto de Soraya foram encontrados livros do que parecia ser rituais de magia negra"

O Jornal antigo que estava nas mãos dos pais de Jassie datava de cerca de cinquenta anos atrás.

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