A Lua some.

A Lua some.

Wil the ancient mariner.
Eclipse de 26/5/21 visto em New South Wales, Australia. NASA/APOD.

É um dito comum na astrologia que um céu não se repete. Alguns padrões, claro, se repetem com muita frequência. Mas as configurações especificas de um dado momento, levam muito, muito, muito tempo mesmo para se repetir, isso, quando acontece. E para termos mais de uma configuração atuando ao mesmo tempo e essas se repetirem é ainda mais raro.

Isso tudo para relembrar que cada momento é único. Mesmo que encontremos muitas repetições, muitos padrões em nossas vidas, cada vez que os encontramos é um pouco diferente. Talvez muito diferente. Nunca é igual sentir as mesmas borboletas no estomago ou o mesmo suor frio daquele momento tenso que dura uma eternidade. O que a gente vive hoje é mais um passo no nosso caminho na eternidade. O que a gente vive hoje é um dia, a vida está em todos eles.

Bem, o céu dessa semana parece estar durando uma eternidade. Eclipse pesado, Sol tenso com Saturno, a Lua mergulhando no mangue do Escorpião. Em um eclipse Lunar, a Lua, a nossa guia nas noites, a luz na escuridão, some. Aquilo que sentimos e refletimos desaparece para que tudo aquilo que normalmente não temos contato seja percebido. Em eclipse a gente percebe muito mais intensamente aquelas coisas que não vemos. Por isso eles também tem sua face de revelação.

Marte encontrando Netuno e dispersando a energia, confundido o rumo das ações, ao mesmo tempo que eleva as idealizações e ambições a níveis irreais. Uma certa fluidez e diligência dos últimos meses, nada demais, mas perceptível, foram dando lugar a um senso de urgência e uma tensão carregadas de cobranças e preocupações. O medo aparece com um certo retrogosto de pânico, meio sem porque, ao olharmos para a vida. Pensamentos recorrentes sobre os padrões e histórias que repetimos acabam aparecendo. Nesse momento, a gente tende a ver tudo o que não dá certo na vida, tudo o que estamos querendo, precisando ou almejando como objetivos, através de raivas, mágoas, ciúmes ou outras emoções de mesma natureza. A gente sente essas coisas porque elas revelam coisas muito preciosas escondidas nessas emoções difíceis e sombrias.

Toda vez que a gente sente algo muito intensamente a gente não é mais o mesmo. Toda vez que a gente se esforça, e dedica a algo, construímos uma parte da nossa história, que é nossa e vai dar seus frutos. Sentir emoções tidas como difíceis ou ruins são formas da vida trazer à tona pontos que não observamos normalmente em outros estados vibratórios. Ralar para chegar em algum lugar na vida, traz repercussões e desdobramentos na forma de crescimento, conhecimento e experiência. São coisas que vamos levar conosco para o resto da vida e para o além-vida.  

A felicidade na estabilidade, na estrutura e na segurança que o Sol em Touro busca não é encontrada nos caminhos sombrios e desafiadores que a Lua em Escorpião trilha. O poder, a ambição, a riqueza que a Lua em Escorpião busca, não são encontrados nos caminhos serenos e monótonos do Sol em Touro. Nenhuma realização é possível sem inovação, sem ousadia, sem o fim de padrões obsoletos, ultrapassados e sem que tomemos a responsabilidade pelas nossas vidas, pelas nossas escolhas e para com o mundo, diz Saturno, o senhor do Karma, aquele que tudo sabe e que registra tudo o que fazemos, que transita pelos ares do aguadeiro.

É na tensão que nos movemos, que crescemos e sem ela não nos tornamos aquilo somos e que queremos ser. Sem a tensão não saímos da cama. Não andamos. As costas que doem depois de muito tempo deitado são as mesmas que doem depois de muito tempo sem descanso. Não dá para viver de uma coisa só.

A gente respira, respira muito. O movimento, físico e emocional é a saída dessa tensão. É o uso dela como combustível. A emoção difícil de agora é a sabedoria de amanhã. O esforço de agora é a força de amanhã. Quando a noite chega, a gente sabe que existe a manhã. 

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