A Carta - Contos de Terror

A Carta - Contos de Terror

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"Meu nome é Sam Sturff, tenho 25 anos e os estou enviando esta carta porque não tenho outra escolha, na realidade estou desesperado, não sei o que fazer e definitivamente estou precisando de vossa ajuda, não existe mais ninguém que possa me ajudar...

Tudo começou à cerca de um mês. Uma tia minha faleceu, não sei muita coisa, eu não a conhecia muito bem, só a via uma vez por mês quando visitava uma outra tia minha, Raquel, pois ela sempre a visitava. O que aconteceu foi que a falecida Anne tinha uma filha de apenas quatro anos de idade. O nome da menina era Gabriela, mas todos na cidade a chamavam de Gabi, Esdan City é uma cidadezinha pequena, todos se conhecem.

Anne tinha um marido, porém era uma relação conturbada, pelo que tia Raquel me contou eles sempre viviam brigando e as discussões eram constantes. Enfim, ele não passava de um velho rabugento, enchia a cara todos os dias e depois que Anne morreu, o desgraçado se recusou a ficar com a garota... não foi capaz de criar a própria filha.

Consequentemente minha tia era muito próxima da irmã, e não teve outra opção senão ficar com a pobre garotinha, afinal de contas era sua sobrinha. A coitada ainda estava traumatizada com a morte da mãe e o abandono por parte do pai, na realidade aquele infeliz nunca gostou dela, nunca sequer lhe deu algum presente nem chegou a levá-la a escola.

Depois da mãe morrer a garotinha se recusou a ficar sozinha e nunca saiu do lado da minha tia. Começou a se tornar um problema. Minha tia não poderia ir a lugar nenhum sem Gabi. Ela constantemente precisava de atenção. Até a filha da minha tia (minha prima Juliana) começou a ficar com ciúmes.

Certo dia (cerca de algumas semanas depois) minha tia me disse que teria que sair da cidade por alguns dias à trabalho e perguntou se eu poderia cuidar da menina por ela, enquanto ela passava um tempinho fora. Eu perguntei pela filha, minha prima July, mas ela disse que ela iria passar uns dias na casa de uma amiga. Então eu disse que não haveria, que a garota poderia passar uns dias comigo, que eu cuidaria dela com todo prazer.

Eu morava sozinho e estava de férias naqueles dias, então cerca de dois dias depois minha tia deixou Gabi no meu apartamento. Ao sair, ela pegou a menininha de lado e disse: 'Yuki, por favor, seja boazinha. Comporte-se.' Quando minha tia se foi, tentei conversar com Gabi e brincar com ela, mas o comportamento da menina era muito esquisito. Ela tinha um ursinho de pelúcia dobrado firmemente debaixo do braço e nunca o soltava, não o largava nem sequer um segundo. A garota não sorriu. Ela nem sequer falou. Tudo o que ela fez foi sentar-se quieta no canto e encarar a parede. Isso me deixou meio desconfortável.

Eu tentei encontrar algo que a divertisse, que quebasse aquele terrível silêncio. Lembrei-me que havia comprado uma nova câmera digital faziam algum tempo e decidi deixar Gabi brincar com a minha antiga. Quando ela viu a câmera, seus olhos brilharam. Mostrei a ela como usá-la e rapidamente a garota se animou, tirava fotos de tudo. Havia um sorriso lindo em seu rosto.

Naquela mesma noite, descobri como era difícil lidar com Gabi. Sempre que eu tentava sair da sala, ela começava a chorar e gritar meu nome. Eu não poderia deixá-la sozinha, ou ela criaria uma grande confusão. Ela até insistiu em ir ao banheiro comigo, o que foi muito embaraçoso.

Na hora de dormir, ela se recusou a ficar no quarto de hóspedes e insistiu em dormir na minha cama. Eu li uma história para ela e depois de um tempo, consegui fazê-la dormir. Foi quando notei seu ursinho de pelúcia. Uma das pernas estava carbonizada e enegrecida, como se tivesse sido queimada. Isso me deixou um tanto pensativo.

No meio da noite, fui acordado por um barulho estranho. Quando me virei, notei que havia algo errado com Gabi. O corpo da menina tremia e tremia. Os olhos dela estavam bem abertos, os dentes batiam e as lágrimas escorriam pelo rosto. Eu a abracei e perguntei o que estava acontecendo, o que havia de errado.

'Ela está me encarando de novo', ela murmurou.

'Quem meu anjo, do que você está falando?' Eu perguntei surpreso.

'A mulher negra ao lado do guarda-roupas', disse ela. Eu me levantei da cama, assendi a luz e olhei o quarto de canto a canto, mas não encontrei ninguém.

'Não tem ninguém aqui!' Eu disse. Ela não me respondeu mais nada.

Eu tentei dizê-la que era apenas sua imaginação, mas ela continuou balançando a cabeça e choramingando. Levei muito tempo para fazê-la voltar a dormir.

No dia seguinte, ela me perecia estar bem. Adorava brincar com minha câmera digital. Passou -se alguns dias e aquele episódio se repetiu umas três ou quatro vezes, quando finalmente minha tia voltou da viagem, recebi uma ligação... Foi um alívio, chegara a hora dela voltar para casa, eu a disse que poderia ficar com câmera. Então ela deu um leve sorriso e me abraçou. Embora não tenha dito nada, eu poderia dizer que ela estava muito feliz. Deixei a menininha na casa da minha tia e fiquei para tomar uma xícara de chá. Minha tia me agradeceu por cuidar de Gabi, passamos um tempo conversando na mesa da cozinha.

'Coitadinha (disse minha tia), ela não disse uma palavra desde que sua mãe morreu.'

Não pude conter minha curiosidade:

'Como a mãe de Gabi morreu?' Eu perguntei.

Um olhar estranho surgiu no rosto da minha tia. 'Ela morreu em um incêndio... Em seu quarto.'

'Como assim, como o fogo começou?' Não exitei em perguntar.

'Bem... (minha tia hesitou, parecia estar sem vontade de falar sobre o assunto), é uma história muito triste. Ela cometeu suicídio. A minha irmã era uma mulher muito problemática, como vc sabe ela sempre vinha aqui nas terças e quintas. Ela... derramou gasolina sobre si mesma e acendeu um fósforo. Ela se queimou viva.'

'Nossa! (Eu exclamei), Que horrível!'

'Sim (disse minha tia), a família dela ficou tão chocada que eles silenciaram e fingiram que era um acidente. Tivemos um pequeno funeral, mas apenas parentes próximos foram convidados. Gabriela não estava lá. Ela nem sequer imagina que sua mãe está morta. Ela acha que a mãe está de férias longas em algum lugar por aí. Não tivemos coragem de dizer a verdade.'

'Pobre Gabi'. Murmurei, minha tia assentiu tristemente:

'Pobre Gabi...'

O problema é que depois disso minha tia tentou mudar o comportamento de Gabi. À noite, ela forçou a menina a dormir em seu próprio quarto. Mesmo ela gritando e chorando por várias horas, minha tia a trancou lá dentro... sozinha. E toda noite ela berrava, seus berros eram insuportáveis. Do meu apartamento que ficava bem em frente à casa da minha tia Raquel eu podia ouvir o choro da coitada.

No sexto dia ela a encontrou imóvel sobre cama. Ela pensou que a mesma estava dormindo, o que era incomum a encontrar dormindo às dez da manhã. Passou-se algumas horas e ela não se levantou, então a prima July decidiu acordá-la, levou alguns minutos para minha tia e minha prima percebessem que a pobre menina estava morta.

Ninguém conseguia entender o que tinha acontecido. O médico legista não conseguiu determinar a causa da morte, o interessante é que não havia uma marca sequer no corpo dela. Ela estava perfeitamente saudável. Ela acabara de morrer misteriosamente durante a noite. Não houve explicação. Porém, alguns vizinhos que ouviam os gritos da menina acusaram minha tia de causar um trauma mental na garota, o que deixou minha tia bastante desconfortável.

Depois do funeral, voltamos para a casa da minha tia. Todo mundo estava muito triste. Ela devolveu-me a câmera digital que eu havia dado a Gabi. Levei-a de volta para casa. Era algo para se lembrar dela, apesar das complicações era uma boa garota.

Quando cheguei em casa sentei-me sobre o sofá e analisei o aparelho, notei que o cartão de memória estava cheio de fotos aleatórias que Gabi havia tirado. Estava entupido de fotos do meu apartamento, fotos da casa da minha tia, fotos de flores, cachorros, brinquedos, doces... Fotos tolas que uma criança tiraria.

Quando finalmente cheguei à última foto eu fiquei paralizado, não entendia o que era aquilo. Minhas mãos estavam tremendo. Eu queria gritar, mas nada saía de minha boca. O registro de data e hora na foto comprovava que havia sido tirada na noite em que ela morreu... Aquilo era assustador, aquela coisa... Aqueles olhos vermelhos, dava pra ver nitidamente a sua pele vermelha com algumas feriadas que mais se pareciam com queimaduras, grandes queimaduras... E lá estava ela, com aquele sorriso maléfico, pude perceber ligeiramente suas semelhanças com a tia Anne, a mãe de Gabi, seu vestido preto e sua pele escura com enormes queimaduras na roupa e em todo o corpo, era definitivamente ela, sem sombras de dúvidas.

Eu larguei a câmera no chão, aquilo me deixou bastante assustado, tive pesadelos naquela noite. Eu me encontrava dentro de um estreito corredor escuro, no final uma luz, eu caminha na penumbra tateando a parede, andando cuidadosamente para não escorregar em alguma coisa, pois o chão estava úmido. Eu sentia um cheiro forte, mas não conseguia identificar o que era, eu continuei caminhando... Aos poucos que eu fui chegando mas a frente eu comecei a notar uma presença, era a minha tia que estava parada em pé no final do corredor, no momento eu congelei, e lá estava ela, em pé me encarando...

Por um segundo uma luz se acendeu acima de mim se apagou rapidamente, eu olhei para cima para ver o que era, parecia ser uma lâmpada de led, de repente ficou tudo escuro, eu não enxergava mais nada, e o pior veio a seguir.

Eu sentei aquele líquido frio sob os meus pés, aquele frio terrível tomou conta de todo o meu corpo. No breu total eu comecei a ouvir barulhos que eu não identificava de onde vinham, não sabia se corria de volta ou se continuava andando para frente, eu estava assustado e com medo.

'Calma... Calma... É só um sonho, logo vai acabar...' dizia eu com o corpo trêmulo, as palavras mal saíam de minha boca. E como se a situação já não fosse ruim, eu tive aquele mal pressentimento, de estar sendo observado, eu havia visto Anne no final do corredor, eu sabia que ela estava morta, e que tudo era um sonho, eu só queria que acabasse, que eu me acordasse logo daquele terrível pesadelo.

Eu sentia aquela presença me observando, o frio só almentava a cada segundo que se passava. Eu sentia... Sentia como se ela estivesse vindo ao meu encontro, eu podia ouvir as pisadas vindo em minha direção, eu dou passos leves para trás enquanto tento encontrar algum interruptor de alguma lâmpada, que possa me tirar daquela escuridão. Eu paro de andar quando sinto algo bem atrás de mim, aquele arrepio toma conta do meu corpo, sinto aquele pavor interno, não tenho reação, nem sequer consigo gritar, novamente as luzes piscam, e percebo que lá no fundo, no final do corredor, não havia mais ninguém, porém isso não me acalma nem um pouco, porque ainda sinto algo bem atrás de mim. Ainda tremendo de medo eu me viro vagarosamente, afim de descobrir o que me aguardava logo atrás. Eu me viro lentamente balbuciando de medo, as luzes param de piscar e tudo fica completamente escuro novamente... Eu sinto o pavor tomar conta de mim, estendo as mãos para frente afim de descobrir o que existe na minha frente, em meio àquela escuridão, mas não encontro nada. A tal ponto eu não sei se me sinto aliviado ou com mais medo. Eu tento me acalmar, mas algo me puxa pernas pernas, aquelas mãos geladas me puxam em diração ao final do corredor, eu grito de pavor, me contorço de um lado pro outro, e a criatura me arrasta, e me arrasta, até que para, não a sinto mais me tocar, enxarcado daquele líquido gelado, eu sinto o seu cheiro com mais intensidade, o ardor no fundo das minhas narinas é grandemente intenso... Arde como se estivesse queimando, logo percebo que é álcool.

'aaaah naaaaaaao' eu grito ao ouvir o barulho fósforo ao eu riscado na caixa, o ambiente de ilumina um pouco, eu sinto algo atrás de mim, e aquele calor que rapidamente bate em minhas costas... 'Nãooo... Nãaaaao...' grito eu quando logo percebo que estou em chamas, aquelas chamas vermelhas incendiam todo o meu corpo, eu o sinto arder em chamas, o fogo se alastra pelo chão, eu me debato enquando escuto aqueles risos e gargalhadas ecoarem por todo o corredor... Até que finalmente eu me encontro mês debatendo em cima da cama, eu estou cansado e ofegante, percebo que tudo finalmente acabou... Mas que nada, algo me puxa pelos pés e me joga no chão, minha cabeça dói muito por causa do impacto. Eu caí de testa no chão, sinto o meu corpo todo doer, escuto os passos da pessoa atrás de mim, sinto que estou prestes a morrer, ela vira o meu corpo e eu vejo o seu rosto terrivelmente queimado...

'Você a ouviu gritar, gritar! E não fez nadaaa!' ela dá um forte tapa com a palma da mão em meu rosto e então desaparece. Minha vista se escurece ao poucos enquanto sinto o meu corpo arder de dor...

Quando eu finalmente acordei, senti uma forte dor em meu peito, aquela dor quase que insuportável foi tomando conta de todo o meu corpo. Minha vista doía bastante, e logo percebi que não podia me mexer. Minha visão estava completamente embaçada.

'Ele acordou...' ouvi alguém dizer.

'Quem está aí? O que aconteceu comigo?' perguntei entrando em desespero.

'Calma, calma meu jovem... Se acalme, está tudo bem, não se preocupe...' Eu ouvia aquela voz bem lá no fundo.

Minha visão logo foi ficando limpa, até que aos poucos passei a enxergar. 'Tenha Calma...' dizia uma doce senhora que se encontrava bem na minha frente. Eu fiquei sem saber o que tinha acontecido, aos poucos fui percebendo que me encontrava deitado e enfachado dos pés à cabeça. Afinal, o que tinha acontecido comigo? Eu observei a minha volta e notei que estava no que parecia ser uma sala de hospital... Neste momento eu pude ter uma ideia do que realmente havia acontecido comigo.

'Eu não vou lhe machucar...' repetiu a senhora. 'Mas ela vai!' Prosseguiu a mesma enquanto revelava o que se encontrava bem atrás dela.

'O que disse?' disse eu, momentos depois pude notar que Anne se encontrava lá, bem atrás da velha, parada, me encarando com um sorriso demoníaco em seu rosto, seu rosto estava desfigurado com forte queimaduras espalhadas por todo o seu corpo, ela veio em minha direção enquanto eu gritava apavorado.

E aquele quadro se repetiu de novo, e de novo, e de novo... Perdi a contas de quantas vezes, toda vez que eu pensava que havia acordado, o terror recomeçava, e toda vez de um jeito diferente. Fui torturado diversas e diversas vezes. E toda vez eu 'acordava' só para recomeçar tudo de novo... De um jeito e lugar completamente diferente, porém sempre estavam uma delas, Minha tia problemática Anne ou sua filha Gabi.

Naquele dia eu sei o acordado por meu vizinho, que disse ter ouvido meus gritos de desespero por socorro, ele chegou até a chamar a polícia. Minha tia Raquel achou que eu estivesse enlouquecendo, meus vizinhos e amigos pensam o mesmo de mim.

Desde então eu não posso dormir, senão tenho os piores tipos de pesadelos possíveis, coisas inimagináveis. Já faz cinco dias que não durmo, estou a base de café. Eu ainda as vejo, andando pela casa...

Por favor... Me ajudem. Façam alguma coisa. Eu só quero que isso acabe!"

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