10 Razões para você ler O conto da aia ainda hoje e entender os riscos que o Brasil está sofrendo

10 Razões para você ler O conto da aia ainda hoje e entender os riscos que o Brasil está sofrendo

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Esperamos que a sociedade desperte para os riscos - há algum tempo alertado - dos rumos que o país toma em direção a uma teocracia fundamentalista. Talvez essa abjeta discussão e aprovação na Câmara dos deputados da criminalização do aborto nos tire do entorpecimento da tirania fundamentalista que tenta se erguer, mais conhecida como Bancada da Bíblia que tenta impor sobre nós uma série de absurdos. Nesse sentido, e as comparações pipocam, porque assustadoramente nossa realidade aproxima-se desse distópico universo, entre o que está acontecendo e O conto da aia, de Margaret Atwood. No post e hoje, 10 razões para ler ainda hoje:

1 - Primeira coisa que essa distopia nos ensina - e em geral as distopias e sua capacidade de alerta - é que sociedades como a de Gilead não são impossíveis e normalmente impõe uma regressão a uma outra forma social, civilizada e civilizatória. Há uma sociedade anterior à Gilead, com seus defeitos talvez, mas com liberdade, a liberdade que é extinta pelo pensamento autoritário em sua sede de poder. Nós estamos por ser essa sociedade anterior a essa abjeta teocracia que se ensaia;

2 - Não se trata de opinião, são dados, fatos, a história do autoritarismo e do totalitarismo passa pela dominação e controle do corpo feminino, o processo mais nefasto da história humana. As guerras e a violência em última instância chegam à violência do corpo feminino. Em determinados momentos essa violência está mascarada, mas está lá, entretanto, na transição, a partir dali já não escondem mais, fazem como medíocres deputados que se arvoram em proprietários do corpo feminino, mais do que isso, na prática aludem ao estupro, já que pela legislação aprovada o estuprador teria menos punição que a mulher violentada. Já não escondem mais a tirania de seu projeto, saltam às luzes em suas formas repugnantes mais abjetas, normalizam o horror, tal como foi se estruturando a lógica social de Gilead;

3 - Nesse sentido, não é que a vida imite a ficção ou se torne a realidade, mais provável que a ficção analise e interprete os descaminhos humanos. A literatura em sua potencialidade de interpretar o mundo então nos mostra, olha, pode acontecer isso, te liga. Então, se você ainda não se ligou no tamanho do problema, a leitura desse livro pode te mostrar o quão próximos estamos do abismo, pode assim, mais que despertar para alguma coisa, compreender em que etapa estamos e onde esse poço pode ainda afundar mais. O que a Câmara dos Deputados fez ontem é uma das etapas para chegarmos a uma Gilead. Vivemos - e uma navegação pelo Facebook onde viceja o ódio às mulheres, onde páginas e mais páginas misóginas proliferam pode comprovar - um tempo de aceleração dessas ideias cujo ponto último é a consagração de uma teocracia patriarcal fundamentalista. Leia o conto da aia para ver onde podemos chegar e leia ainda sabendo que na imposição real isso tornar-se-á ainda pior.

Concluímos nossas razões com nossa resenha do livro que já foi publicada aqui. Confere lá e veja quão assustador é o momento. Te mexa, cobre, organize-se. Não podemos silenciar diante o abjeto esconjuro que ocorre na política nacional.

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