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RESUMO 001

1 De Deus e Das Origens

Deus é Espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.(João 4:24)

Onde Está Deus? Um Novo Conceito.

Surpreendidos pela inquestionável realidade da morte, onde efetivamente não O encontramos, muitos questionam: Ele existe de fato? Se existe, onde está afinal? Como podemos alcançá-Lo, se a morte não foi suficiente para conduzir-nos à Sua presença? Por que nosso Pai nos abandona nestas sombrias plagas a envolver-nos em tormentos, quando ainda somos tão pequenos para enfrenta-las?

À exceção daqueles agraciados pelos ensinos espíritas, a maior parte de nós guardava a certeza de que a morte nos bastaria para colocar-nos diante de Deus.

Ao deparar-nos com as trevas exteriores, nada mais que o reflexo das próprias sombras que trazemos no imo, a decepção fez-nos submergir no lodaçal da desesperança, onde soçobrou a fraca fé que nos sustentava no mundo denso.

A verdade, irmãos, é que a alma que sofre clama pelo Divino. E com justa razão, pois, como filhos do Altíssimo, exigimos Sua presença ao nosso lado. Se Ele existe e verdadeiramente nos ama, por que então não atende aos nossos apelos?

Moldamos um Criador à nossa imagem e semelhança, confeccionado ao sabor dos caprichos humanos, pronto a punir e a recompensar, a exigir adoração e sacrifícios e a reinar na eternidade do tempo e na infinitude do espaço. Assim, fizemo-Lo nada mais que um ser humano agigantado, dotado de iguais atributos e valores, nada mais que ampliados. Esse Deus não poderia, de fato, ser encontrado na esfera do além-túmulo ou em nenhuma outra dimensão da existência.

Felicitamos a concepção espírita que evoluiu em muito essa acanhada representação de Deus, destituindo-Lhe o antropomorfismo, ao defini-Lo como a inteligência suprema do Universo.

Deus supera, irmãos, todas as concepções possíveis ao homem, porquanto Deus é uma realidade suprahumana. Tudo o que podemos nominar com nossa parca linguagem é mera aproximação de Deus, que verdadeiramente é o Inominável.

É preciso admitir que Deus está, de fato, ausente da dimensão exterior em que respiramos, ainda mesmo essa nova dimensão que ora nos asila. Deus é potência presente apenas na realidade interior, de forma invisível e oculta, ainda que aos nossos olhos de desencarnados. Força imanente, Deus não pode ser percebido pelos apêndices corpóreos, apenas sentido pelas instâncias do espírito, e unicamente por aqueles que desenvolveram capacidades especiais para percebê-Lo. Ele compõe o tecido que entretece nosso ser e que intimamente sustenta os universos fenomênicos ao nosso derredor. Por isso, Deus é tudo. E por isso, embora O sintamos distante, Deus é mais íntimo de nossa alma que o próprio eu.

Dizemos que Deus está em tudo e tudo cria em Seu bojo, porém, compreendamos bem, não se trata de ressuscitar o antigo conceito panteísta. Ele é mais que a soma de todas as partes de que se compõe Sua Obra. Desse modo, podemos entender que Deus reúne em si duas potências, a Imanência e a Transcendência. Deus Imanente é a divindade presente em tudo o que existe e tudo anima de vida, sendo em tudo ordem e consciência. Já a transcendência divina extrapola a Criação, estando além da criatura.

Naturalmente que essa divisão não se faz em termos restritos, pois é mero recurso para compreendermos a real extensão do Criador. A Transcendência e a Imanência estão inexoravelmente fundidas na unidade, ainda que aparentemente apartadas na complexidade fenomênica. A esse novo conceito de Deus chamamos monismo (doutrina da unidade).

Portanto, Deus é inerente à criatura e ao mesmo tempo está além dela. A fim de facilitarmos a compreensão desse conceito, recordemo-nos de nossa relação com os envoltórios físicos e dinâmicos que nos vestem: estamos intimamente integrados a eles, todavia somos mais que a soma de suas partes. Logo, assim como Deus, somos uma unidade transcendente e imanente simultaneamente, com relação à nossa própria manifestação.

Imanente é o Deus criador. Transcendente é o Deus que por amor se doa à criatura, em perfeita imagem e semelhança a Si mesmo. Imanência é o caminho. Transcendência é o princípio e o fim. Imanência é a Criação. Transcendência é o incriado. Portanto, Imanência e Transcendência são potências demarcadas por inexorável identidade de origem e naturalmente inseparáveis. Ambas compõem o Divino.

O Absoluto

Entrementes, se tudo é Deus e Deus é perfeito, o universo em que vivemos, na carne ou fora da carne, parece muito distanciado de uma realidade verdadeiramente divina.

Nosso mundo, não nos parece perfeito, como deveria ser uma deífica criação, por deter a impreterível presença de sombras, charcos de dores, e a marca da destruição e do mal. Sequer seria possível ao Altíssimo manifestar-se como espaço e matéria, tempo e energia, pois tais são atributos do universo mutável que nos abriga e não de um genuíno campo divino. E assim concluímos que Deus não pode ser o cosmo físico, ainda mesmo esse mundo entretecido em matéria extrafísica que ora nos alberga.

Além do mais, nosso Pai, sendo o Absoluto, não pode conter antagonismos, como aqueles que facilmente evidenciamos em nosso universo. Ou seja, a pureza divina não é compatível com nenhuma das características do cosmo relativizado, entretecido em tempo e espaço, no qual vivemos.

Por que então a criação ao nosso derredor parece ter uma natureza distinta daquela que caracteriza o Criador?

Torna-se claro que o Todo-Poderoso é uma realidade pertinente apenas ao Universo Absoluto e não ao mundo das formas que até então habitamos.

Vivemos em uma dimensão alargada além de nossos próprios limites, a envolver-nos em instâncias urdidas em um entrelace espacial onde fenômenos, como nós mesmos, exteriorizam-se em talhes geométricos, campos e condensados físicos, efêmeros e mutáveis na progressão do tempo. Chamemos essa dimensão de mundo das formas, universo relativo ou simplesmente Relativo.

Existe, todavia, outro universo além deste em que nos encontramos. Ele se distingue do mundo das aparências em que vivemos. Chamemo-lo de Absoluto, o Universo do Espírito Puro. Essa diferenciada dimensão não se desenha em formas, mas em essências. Não se limita às cadeias do espaço e não se prende às enxovias do tempo, mas as excede. Não se estende pelas paisagens exteriores aos nossos olhos, mas se desfralda ilimitadamente nos painéis interiores do pensamento. Não está feito de expressões físicas, ainda que sutis, pois não se manifesta como energia e matéria. Constitui-se, porém, de pura emanação espiritual, um tecido unicamente mental, ou seja, um tipo de substrato ainda inconcebível por nós.

E, com efeito, se Deus é perfeito, seu mundo também o será. Portanto, Ele necessariamente existe em plenitude em um Universo além do nosso. Vivemos em um cosmo imperfeito, constituído de substratos imperfeitos, subordinado à constante deterioração do tempo e ao transformismo que lhe impõe a inestancável evolução.

Então, concluímos que, se Deus existe, e não temos razão para negar sua existência, Ele supostamente não vive em nosso plano de existência. Ele deve habitar o Universo do Espírito Puro, um domínio fora do tempo e do espaço, portanto não sujeito ao transformismo evolutivo, onde faz Sua morada, em um eterno presente. Logo, evidencia-se que nossa realidade não é pertinente ao Todo-Poderoso, pois o Senhor e Seu campo de manifestação estão além da evolução e transcendem o domínio do espaço-tempo.

Nosso universo é um domínio fechado em si mesmo e, sendo finito, permanece sempre encerrado em suas acanhadas dimensões.

A eternidade do Absoluto é muito distinta disso. Não se trata de uma sequência inacabável do tempo, porém a não existência do tempo. E não se demarca a incomensurabilidade do Absoluto como um encadeamento interminável do espaço, mas igualmente a não presença do espaço. Atemporalidade e ausência de espacialidade, eis as grandezas que verdadeiramente moldam o Absoluto e que caracterizam o Divino.

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Source ceumatao.com.br

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