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CAPÍTULO UM: CONHECENDO A FUNDAÇÃO.

Meu nome é Dereck, e eu sou o mais novo membro da fundação. Fui indicado por meu tio Alex a este emprego e logo entrei como sendo um funcionário de nível classe C. Meu tio, um classe B, é um dos funcionários mais importantes desta fundação (Segundo a maioria das pessoas com quem tive contato aqui). Foi ele quem me explicou os diferentes tipos de níveis, sistema de keycards e também foi ele quem me explicou que “Seguro’’ é um SCP que é facilmente contido, ‘’Euclideo ‘’ é um tipo de SCP onde não se tem muita certeza se ele pode escapar de sua cela de contenção e ‘’Keter’’ é um tipo de SCP que é muito difícil de ser contido. Também me presenteou com um keycard nível quatro, com acesso a quase todas as portas, e cópias dos documentos de alguns dos principais SCPS para que eu pudesse me manter informado. Acho que ele espera que eu seja algum membro super importante para a fundação assim como ele ou algo do tipo. Quanto a mim, eu não espero muito desta fundação a não serem algumas simples brechas de contenção individuais que serão facilmente resolvidas por funcionários bastante experientes que ficam se escondendo atrás das potentes armas dos funcionários da Nine-tails Fox. Mas não acho que meu tio desistira tão fácil assim de mim. Meu tio é um desses funcionários do tipo que se sentam em seu escritório por uns cinco ou dez minutos, mas não conseguem ficar parados, então vão logo checar se está tudo bem com um SCP em especifico e procurar problemas mínimos como goteiras para resolver. Isso quando não esta verificando solicitações de funcionários (Algumas delas sendo bem bestas como pedir para rebaixar a classe de um SCP Keter para Euclideo, ou até mesmo um funcionário que pediu uma TV a cabo em todas as celas de funcionários classe D.) Assim como todos os funcionários fui colocado em um desses condomínios para funcionários que tiveram de sumir do mundo, devido a sua família e amigos ter sido alertada sobre uma morte por explosão (Assim como foi o meu caso). Falando a verdade, não sei como fui aceito nessa fundação, já que sou menor de idade (tenho 16 anos).

Esses condomínios são constituídos de seis prédios lado a lado, com vinte quartos em cada prédio. O meu quarto, assim como todos os outros, é bem pequeno, constituído apenas de uma cama, um armário e uma mesa de Escritório com uma cadeira desconfortável de madeira, com um banheiro minúsculo; como cheguei hoje mesmo na fundação, não conheço quase ninguém por aqui, a não ser o meu tio.

Já está na hora do jantar, e como meu tio nem sequer deu-se ao trabalho de me chamar ao refeitório, resolvo comer alguns dos biscoitos recheados e refrigerantes que eu trouxe na mala. Meu tio, muito provavelmente deve estar ocupado demais conversando com os doutores e cientistas sobre pesquisa de anomalias enquanto devoram o jantar. Fico feliz de ter me dado o trabalho de trazer cobertores na mala, já que não tem cobertores nas camas, e tem feito um frio infernal. Preparo a minha cama, guardo minhas roupas no armário, e coloco em cima da mesa uma pilha de papéis contendo informações já passadas pelo meu tio, como classes de objeto, credenciais de segurança, níveis de keycards e etc. Olho pela janela e vejo as luzes dos quartos dos condomínios vizinhos se apagando. Faço o mesmo, apago a luz do meu quarto e resolvo fechar a janela e as cortinas para evitar que a luz entre. Cubro-me e vou dormir.

Acordo. Olho o relógio: são oito e meia da manhã. Sonolento, visto meu uniforme: um jaleco branco com o símbolo da fundação do lado direito do peito e desço as escadas em direção ao pátio. Em meio a apressados doutores que caminham olhando sempre à frente com documentos em mãos, apresso-me também, a procura do meu tio. Mudo de idéia e dirijo-me ao refeitório, a procura do café da manhã. Deparo-me com duas grandes mesas de refeitório grandes e vazias. Poderia dizer que o refeitório estava todo vazio, a não ser pela presença do meu tio parado ao lado de uma maquina de café, assoprando o conteúdo esfumaçante de um copo de isopor. Maquina estranha, a meu ver, pois não possui um teclado numérico onde cada número representa uma bebida, assim como as outras. Seu teclado, um teclado numérico QWERTY. Ao lado da máquina, estava uma placa com os seguintes dizeres: “Acesso permitido apenas a pessoal autorizado”. Meu tio explicou que aquele é SCP-294; uma máquina que não serve apenas café, suco, água ou outras bebidas, mas me serviria qualquer coisa que existisse no estado liquido.  

Com uma só golada, meu tio acaba com todo o café de seu copo, e me diz para encontrá-lo em seu escritório, pois temos um longo dia de trabalho á frente. Dirijo-me a um balcão que separa a cozinha do refeitório e corto um pedaço de bolo de cenoura. Pego um copo de suco de laranja no SCP-294 e como tudo com um enorme apetite.

Me dirijo ao escritório do tio Alex. Chegando perto do extenso corredor de escritórios, dentre eles, o do meu tio, encontro ele reclamando alto em tom de fúria com alguns funcionários:

-Mas que droga, mais outro relatório informando o uso de outra pílula de SCP-500. Desse jeito, alguém vai pegar uma doença séria e não vão sobrar mais pílulas. Deviam parar com esses experimentos, isso não é brinquedo... E cadê a droga dos relatórios que eu pedi? Bando de preguiçosos, eu sou o único que faz algo de útil aqui!

Fico imóvel, estático, enquanto assisto a cena. Meu tio olha para trás e percebe a minha presença, pede desculpas e me chama para entrar em seu escritório. Dentro, ele me entrega uma chave, que adiciono ao chaveiro que levo em meu bolso.

-Essa é a chave do meu escritório, para caso eu esteja fora e você precise acessar algum arquivo importante.

-E tome mais isso- diz ele, enquanto me entrega alguns documentos. Recebo ordens para que eu os guarde em meu quarto, assim me mantendo informado, segundo meu tio.

Junto os papéis a pilha da minha mesa, tranco o quarto, e vou ao refeitório, almoçar.

Devoro a pizza e resolvo dar um passeio pela área ao ar livre ao redor da fundação.

Caminho pelo espaço, que me lembra o campus de uma universidade, enquanto observo as árvores e os mesmos doutores apressados com documentos em mãos. As instalações e áreas em abundância se misturam com o passeio, com o contraste de cinza (cor do chão), com o branco, (cor das paredes das instalações).

Viro-me desajeitado e esbarro em um doutor de aparência assustadora, derrubando seus papéis. Sujeito careca, com barba e bigodes castanhos se unindo, e um olhar maléfico e vazio por trás de seus óculos “de fundo de garrafa”. Peço desculpas e recolho os documentos, entregando-lhes em suas mãos. Dou-me conta de que não tenho nada a fazer ali e recolho-me ao meu quarto.

Resolvo ler os documentos que havia recebido de meu tio. Cada documento possuía informações sobre alguns dos principais SCPS. Como por exemplo, o SCP-173, uma estátua que não se move sob o olhar direto, SCP-106, um homem velho que possui uma espécie de poder de corrosão, e uma dimensão própria, e o SCP-049, um doutor da peste, que transforma as pessoas em zumbis por meio de um processo com elementos químicos desconhecidos. Depois dessa dose de informação, fui ao refeitório e jantei.

Dessa vez, o refeitório estava mais cheio do que nunca. Doutores esfomeados devoravam a sopa, deixando apenas um resto de caldo, do qual matei minha fome. Tentei olhar ao meu redor para ver se encontrava meu tio em meio à multidão, mas só consegui ver uma extensa fila de doutores que se aproveitavam da quase infinita capacidade do SCP-294. Como certamente eu nunca acharia meu tio em meio a aquela bagunça, me enfiei em meio ao mar de funcionários e me dirigi ao condomínio, onde entrei em meu quarto e arrumei minha cama.

Antes de dormir, organizei os documentos da mesa em úteis e inúteis. Joguei os inúteis no cesto de lixo, deitei-me e adormeci.

Acordei em meio a um incômodo silencio tomando conta do ambiente, tudo estava muito quieto. Não se ouvia os passos dos cientistas apressados correndo do lado de fora. Á não ser pelo canto dos poucos pássaros instalados nas poucas arvores encontradas ao redor da fundação, diria que estava tudo em silêncio absoluto. Vesti minhas roupas e desci para o pátio.

Estranhei a falta de movimento naquele local tão movimentado que eu mal podia ver como era, mas agora eu podia vê-lo em todos os detalhes possíveis. O silencio dominical reinava naquele local antes movimentado, como se todos houvessem abandonado a instalação enquanto eu dormia. Por um momento pensei que algo sério houvesse ocorrido e me dirigi rapidamente ao escritório do meu tio. Encontrei-o sentado cabisbaixo em sua mesa, como se estivesse esperando o tempo passar. O indaguei sobre todo aquele silêncio que tomava conta da fundação. Ele me explicou que estava acontecendo um movimento de luto por conta de dois funcionários que tinham morrido em serviço, e que a fundação iria ficar inativa por doze horas a não ser que algo grave ocorresse. Um, havia sido “seduzido” por SCP-012 e acabou tentando finalizar a musica com o próprio sangue, e o outro se perdeu no interior de SCP-015, um labirinto de canos e dutos. Como ainda faltavam dez horas para a inatividade terminar, resolvi caminhar pela parte interna da fundação para ver se conseguia informações interessantes sobre SCPS. Andei por um extenso labirinto de portas, cada uma qual levava a lugares diferentes. Como não queria me perder, dei meia volta e atravessei a porta de qual eu tinha vindo. Topei com uma dupla de cientistas cochichando algo sobre SCP-001. Dizem que é um SCP onde qualquer tipo de informação é negado, e apenas um doutor na fundação inteira sabe o que é esse SCP. Minha curiosidade rapidamente se atiçou, mas logo lembrei que não era da minha conta e que deveria sair daquele lugar o mais rápido possível. Com aquela “andada” duas horas já haviam se passado, então retornei ao escritório de meu tio. Ele não parecia nada feliz com o luto, pois estava com uma expressão de tédio, e olhava o relógio ansiosamente e com frequência, como se os ponteiros fossem girar mais rápido com seu olhar.

Tento tirar alguma informação dele sobre mais SCPS, porém ele não parece estar muito a fim de responder. Sento-me em uma das cadeiras de seu escritório e ficamos nós dois em um entediante, sonolento e absoluto silêncio. Mais uma hora se passa. Já está entardecendo. Levanto-me e vou dar mais uma caminhada, desta vez com destino ao refeitório tomar um café para me manter acordado. Dirijo-me até SCP-294 e sonolento, digito “Cafu” no lugar de “café” fazendo com que apareça uma mensagem escrita “FORA DE ORDEM” na tela da máquina. Repito o processo, digitando “café” corretamente. O delicioso líquido me mantém acordado por alguns minutos, mas não o suficiente. Não vejo à hora de ir para a cama. Entro em uma sala aleatória que ainda não havia entrado e lá encontro dois doutores familiares: A primeira era a Dra Silva, cabelos grandes e cheios, pele negra, pequenos óculos em seus grandes olhos e um olhar atencioso, porém profissional: uma típica professora de matemática aposentada. Já o segundo doutor, era o doutor em que eu havia esbarrado ontem pela manhã.

Com um tom de pressa comum entre os doutores daqui, ele pediu licença e se retirou. Fiz o mesmo e deixei a sala, indo novamente em direção ao escritório do meu tio. Percebi que o apressado doutor também estava indo pra lá. Sem que ele percebesse, eu o segui até o escritório. Chegando lá, meu tio disse:

-Dereck, quero que conheça o Dr.Hansen

-Já nos conhecemos- digo timidamente.

Ao que Dr.Hansen impaciente diz para meu tio que precisava de sua ajuda, mas antes de explicar o motivo ele nos guia até seu escritório, onde nos acomodamos em duas cadeiras de madeira. Mal me sento e Dr.Hansen já começa a falar:

-Ultimamente temos tido muitas especulações sobre o que fazemos aqui ao redor do mundo, certo?

-Certo- responde meu tio, com um ar desconfiado.

-Pois hoje irei resolver nosso problema, deixarei a área e darei uma entrevista dizendo que as atividades nessa área não se tratam de nada mais que testes governamentais com armas químicas, assim, calo a boca desse povo.

-Mas o que eu tenho a ver com isso?-diz meu tio, ainda mais desconfiado.

-Eu como um fiel cientista, não posso deixar que você cuide do 001 por mim...

Na mesma hora pensei: ele tem as informações sobre o SCP-001 que eu queria saber.

- Mas - Prosseguiu o doutor- peço para que cuide das câmeras de vigilância para mim.

-Mas isso não é arriscado? O luto ainda está acontecendo, temos ordens restritas para não trabalhar durante o período.

-Eu sei, porém precisamos ficar de olho caso algo grave aconteça. Quero que você e seu sobrinho fiquem na sala de vigilância e cumpram o expediente para ver se esta tudo em ordem, e fiquem lá até eu voltar.

O que Dr.Hansen estava falando era importante, mas eu não estava conseguindo processar as informações por causa de uma pequena estatua me encarando em cima de sua mesa. A estatua tinha a forma de um macaco lendo um livro com um rosto bizarro e uma inscrição embaixo escrita “Ao mais esperto”. Meu tio seguiu os meus olhos e me explicou que aquilo é o SCP-050, e prega peças muitas vezes fatais em quem o possua. Meu tio então me explicou que ficaríamos de tocaia na sala de vigilância a noite inteira, o que para a minha infelicidade, significava não dormir a noite inteira. Pensei que já que ele nos botará de vigia por uma noite, eu poderia pelo ao menos obter um pouco de informação sobre o SCP-001, porém eu estava errado, já que ele me negou qualquer tipo de informação. E fomos para a sala de vigilância, levando minha mochila junto, caso precisemos de algo.

CAPÍTULO DOIS: A QUEBRA DE CONTENÇÃO.

A sala de vigilância é uma sala apertada, com um confortável e moderno banco de couro que atravessa a sala em sua extensão. A sala cuja provável extensão é de apenas uns cinco metros, recorria de uma tela consideravelmente grande, com centenas de quadros cobrindo a tela. Ligamos o aparelho conectado à tela e em cada quadro surgiram as imagens das câmeras de vigilância de cada sala da instalação, incluindo todas as salas de contenção, todos os escritórios, uma sala cheia de computadores que eu desconheço, a sala de controle e o refeitório. Dividimos a vigilância da tela: o lado esquerdo seria meu e o lado direito, do meu tio. E assim fizemos, no começo estávamos totalmente focados em observar os mínimos detalhes de cada sala e comprovar que estava tudo certo, mas depois nos rebaixamos a bisbilhotar a vida dos outros funcionários, e de lá conseguíamos ver o Dr.Hansen deixando a instalação, a Dra.Silva invadindo o refeitório para fazer uma boquinha escondida, e conseguíamos ver os outros doutores indo para os seus quartos com a finalidade de ter uma noite de descanso depois de um longo e cansativo dia: tudo que eu e meu tio queríamos naquele momento. Comecei a checar as salas de contenção, e de lá eu conseguia ver todos os SCPS. Comecei a tentar adivinhar qual deles era o 001 (não era nenhum deles), mas fui interrompido pelo ronco do meu tio: ele estava dormindo. Eu não queria acordá-lo, pois ele estava muito cansado, porém, isso significava mais trabalho para mim, pois agora teria de monitorar ambos os lados da tela. Também estava com muito sono, porém não podia me dar o risco de dormir em serviço, e se algo de grave acontecesse, a fundação estaria em minhas mãos. Olhei para a câmera do refeitório e vi o SCP-294. Desejei estar lá: tudo que precisava era de um café para me manter acordado. Comecei a ter pensamentos aleatórios, aqueles que costumamos ter antes de dormir, quando estamos na cama. E ali mesmo, ao lado do meu tio, adormeci. Acordei com um susto: Dr.Aaron estava na porta da sala gritando desesperadamente para mim e meu tio:

- A CINQUENTA E TRÊS ESCAPOU! A CINQUENTA E TRÊS ESCAPOU!

Ele estava se referindo a SCP-053, uma garotinha de três anos cujo indivíduo que tenha contato com ela por mais de dez minutos se torna extremamente agressivo, irracional e paranóico; e nós teríamos de contê-la. E isso significava que teríamos de fazê-lo o mais rápido possível ou ficaríamos agressivos e passaríamos o resto de nossas vidas em uma cela de contenção para funcionários classe-D. Fomos à sala do Dr.Aaron receber instruções de como nos portar uma vez na ala de contenções. Eu e meu tio recebemos um walkie-talkie daqueles que se entendem duas de cada dez palavras ditas, devido ao chiado. Também recebemos uma lanterna caso a luz acabasse, apesar de a fundação ter oito reservas de energia. Sob a supervisão de Dr.Aaron, que nos observava pelas câmeras de segurança, adentramos o Portão A, a principal entrada da zona de contenção leve. Andamos por um extenso corredor com várias portas por todos os lados, algumas das quais continham SCPS sem risco significante e outras, apenas salas de doutores que precisam ficar mais próximos dos SCPS para estudá-los melhor. Ao ligar o meu walkie-talkie para dizer um recado ao Dr.Aaron, percebo que o meu aparelho não funciona, o que significa que teríamos de contar com o aparelho de meu tio.

Ligamos o walkie-talkie e sob um imenso chiado, passamos um breve recado:

-Aaron, já entramos pelo portão A. Estamos adentrando a zona de contenção leve. Deparamos-nos com um imenso portão, e um espaço para colocar keycards. Como havia esquecido o meu em minha mesa, usamos o do meu tio, que assim como o meu, também era nível quatro. O portão se abre com um enorme barulho, e revela outro corredor igual o que estávamos, mas com uma dobra no final, indicando um caminho para a direita. Viro-me para trás e vejo uma garotinha que aparente ser muito nova, com um olhar vago e face pálida, em uma triste expressão, me fazendo ter repentinos arrepios. É com certeza a número cinquenta e três. Diferente de mim, meu tio a pega calmamente pelos braços e a faz entrar na porta a nossa esquerda, porem ela recusa:

-Meu ursinho

Então ela aponta para um urso de pelúcia que estava as nossas costas. Meu tio o recolhe e entrega em sua mão, a levando gentilmente para a sala entre frases como “Não se preocupe” ou “ Esta tudo bem”. Após passarmos o keycard no espaço para keycards fechando assim a porta, pegamos o walkie-talkie, e bem na hora que íamos avisar Dr. Aaron de que já tínhamos contido SCP-053, a grande porta atrás de nós se fecha automaticamente; Assim são portas com temporizadores. Passamos o keycard no devido espaço, mas a porta não abre, não quer abrir: Grave falha de segurança. Ligamos para Dr. Aaron através do walkie-talkie e explicamos que a porta não abre.

-Isso já (CHIADO) problema (CHIADO) bastante antigo na Fundação.

-Então o que devemos fazer doutor?

-Mantenha a calma. Vocês devem (CHIADO). Feito isso, vocês deverão chegar até a sala de controle, onde poderão abrir a porta. Cuidado ao passar (CHIADO) contenção pesada, lá é perigoso. Estarei (CHIADO) através das câmeras para garantir a segurança de vocês dois.

-Obrigado doutor, faremos isso agora mesmo.

Pelo que entendi, deveríamos atravessar toda a instalação até a zona de contenção pesada, e chegar à sala de controle, onde abriríamos a porta e retornaríamos ao lugar de onde viemos, podendo assim, finalmente sair. Parece-me um bom plano, até porque eu sei que seremos monitorados por Dr.Aaron todo o nosso percurso. Armados com uma lanterna que não precisaremos e um walkie-talkie de qualidade horrível, nós seguimos até o fim do corredor, com pressa de chegar á zona de contenção pesada. Mal viramos o corredor e já demos de cara com as salas dos SCPS -012 e 205. Havia uma porta no final do corredor, mas o acesso era de nível cinco. Como não queríamos nos matar tentando terminar tentando terminar uma musica cacofonica, optamos por entrar na sala de contenção do SCP-205, que teríamos de atravessar de qualquer jeito.

Entramos na sala de SCP-205, que é constituído de duas lâmpadas que por meio de um jogo de sombras, contam a história de uma mulher que é assassinada. A sala é constituída pela porta no qual entramos, um visor de vidro no qual se pode visualizar o SCP, uma escada com uma porta no final, que leva para dentro da sala onde a anomalia estava, e a porta de saída que teríamos de passar. Meu tio me explicou que a sala de controle fica bem perto da porta de entrada da zona de contenção pesada, e que assim que entrássemos nela, encontraríamos a sala de controle; mas isso significa uma bela andada pela área inteira, que não é muito grande, mas as instalações encontradas dentro da área são verdadeiros labirintos reforçados por grossas paredes, que por sua vez são reforçadas por puro aço e concreto de finíssima qualidade: o que ao mesmo tempo indica segurança para quem está do lado de fora, pode também significar perigo para quem esta dentro. Tiro um pacote de biscoitos da minha mochila e os divido com Tio Alex, enquanto contemplamos a mudança de ciclo das sombras de SCP-205. Acho que adormeci por um segundo, pois enquanto estávamos sentados embaixo de uma prateleira de ferro, durante a passagem das sobras, escutei meu tio gritando:

-Dereck, fique atento! Estamos dentro de uma área de contenção e um erro aqui pode ser bem grave...

Sonolento, porém em estado de alerta, respondo um “sim senhor” com voz bem rouca, eu realmente preciso muito dormir, mas de que jeito, sob essas circunstancias? Bem, talvez dormir fosse uma coisa impensável para meu tio, mas não para mim, pois penso que descansado, consigo agir melhor, e realmente preciso de uma fonte de energia, pois estou prestes a atravessar uma instalação inteira em apenas uma noite, e acho que meu tio acaba de se dar conta dessa mesma informação, pois se levanta rapidamente e sai andando, fazendo um gesto para que eu o siga até a porta de saída da sala que nos leva a mais um corredor exatamente igual ao que estávamos, com exceção da curva no final.

CAPÍTULO TRÊS: E A ESCURIDÃO NOS INSPIRA.

Quatro portas, duas em cada lado do corredor, me parece que uma delas pede um keycard nível três: nada que eu e meu tio não tenhamos. Enquanto houver energia elétrica para que as lâmpadas possam nos guiar não há nada a temer. Olho a frente e vejo as portas, tentando escolher por qual iremos, enquanto meu tio olha calmamente ao fim do corredor, observando a suja e acinzentada parede. Indeciso, sigo o olhar de meu tio e vejo no alto da parede uma câmera de vigilância, que me passa uma sensação de segurança: se algo acontecer, Dr.Aaron estará nos observando. Esse é o preço da tecnologia, quanto mais o ser humano aperfeiçoa as máquinas, mais ele depende delas. Imediatamente, como numa conversa desesperada, começo a discutir comigo mesmo: Calma Dereck, não acontecerá nada de mau... Mas e se acontecer? Estamos em um lugar cheio de anomalias paranormais muitas vezes traiçoeiras...

-Dereck, em que porta vamos?-pergunta meu tio, determinado.

Escolho a porta com o keycard, pois parece importante, mas acabamos por descobrir que se tratava de uma passagem com três portas, respectivamente as salas de contenção dos SCPS 714, 1003 e 1025. Voltamos; torno a olhar as câmeras e novamente sinto que Dr.Aaron está nos observando, mesmo sabendo que não há segurança nenhuma nisso, pois se algo acontecer, Dr.Aaron verá, mas não vai poder fazer nada, logo, sua vigilância não é tão útil assim. Voltamos e atravessamos a porta. Não acho que deveríamos escolher para onde ir, se vamos para a zona de contenção pesada. Tudo o que precisamos é de um mapa, mas acho melhor guardar essa idéia para mim mesmo, já que meu tio está com uma expressão de determinação em sua face, como se soubesse exatamente onde está indo. Enquanto andamos pela fundação, observo as paredes, todas pintadas de preto ou cinza, com câmeras de segurança entre as quinas das paredes e o teto, e corredores exatamente iguais. Quer dizer, isso é uma fundação mundial e muito bem ativa e preparada para conter anomalias, não tinha um jeito de fazer uma planta onde a parte interna do lugar não parecesse um labirinto? Tem anomalias por todos os lados, salas e documentos, não deveria ser um lugar planejado para andar com um mapa. Mas enfim, quem sou eu para questionar isso, ainda mais com meu tio me dando ordens o tempo todo, para segui-lo até certo lado, fazer tal coisa e nunca, NUNCA parar de caminhar até que cheguemos à zona de contenção pesada. Pego minha mochila e visto uma blusa quente, o ar-condicionado em toda a fundação está extremamente frio.

Não acho que gritar dando ordens repetidamente seja a melhor forma de fazer uma pessoa fazer algo que você queira. Veja bem, se você pedir calmamente a alguém que faça algo e explicar que se ela não o fizer algo de mal vai acontecer, a pessoa vai prontamente fazer o que você pediu; já se der ordens para a pessoa, ela vai fazer sem vontade, logo, vai fazer malfeito.

Pergunto meu tio se ele sabe onde estamos indo e ele me olha com a maior cara de “não me questione” do mundo; mas o jeito com que ele fez a expressão, o modo como ele me olhou, esse um segundo de olhar me mostrou que toda a certeza que ele fingia possuir era disfarce. Ele estava apenas seguindo a intuição; realmente precisávamos de um mapa. Continuo com frio, a blusa não está adiantando muita coisa. Talvez na sala de controle eu possa regular corretamente a temperatura do ar-condicionado, para que eu não morra de frio. Mais salas de contenção aparecem com mais SCPS de fácil contenção como SCP-330, 513, 1981 e 3006. Olho pelo visor da sala de contenção de SCP-330 e vejo algumas mãos decepadas junto ao pote de doces. Tento levantar a cabeça para ver se consigo ver algo mais e na mesma hora, toda a energia da fundação acaba, enquanto as luzes no teto do longo corredor se apagam em ordem decrescente. Pânico. Algo causou o apagão. Precisamos de uma fonte de luz, as lanternas em nossas mochilas. Ligamos as lanternas, que parecem estar com baterias fracas; elas não vão nos ajudar o suficiente. Já estávamos perdidos, e agora, com a ausência de luz, compensada insuficientemente pelo brilho da lanterna de má qualidade, ficaremos mais perdidos ainda... Ou pelo menos eu, já que meu tio está orgulhoso demais para se convencer de que não sabia o caminho. Pego o walkie-talkie e convenço meu tio a pedir pro Dr.Aaron nos indicar o caminho. Meu tio, com ar de derrota (interno, pois externamente ele se mostra falhamente determinado) aceita, e ligamos o walkie-talkie, de onde conversei com Dr. Aaron.

-Vocês estão bem?

-Em partes, estamos sim, só um pouco perdidos.

-O que aconteceu? Não consigo ver nada nas câmeras

-Um apagão. Todas as luzes se apagaram. Foi de repente, não sei o que aconteceu.

-Bem, deve ter sido só aí. Aqui está tudo normal. Mas, por que justo nas alas de contenção?

-O motivo ainda não está aparente. Estamos meio perdidos aqui, pode nos dar detalhes de como chegar à zona de contenção pesada?

-Onde vocês estão?

-No corredor, perto da sala do SCP-3006.

-Estão perto da sala com o elevador. Entrem no elevador e desçam para o subsolo. Lá estará a sala de contenção do 939. Apesar de eu não conseguir ver vocês nas câmeras, o sistema de vigilância conta com um reconhecimento bem pobre de assinatura de calor. Não consigo reconhecer a assinatura de vocês pela qualidade do sistema, mas posso ver a assinatura de um 939, de tão forte que ela é. Tomem cuidado, tem um deles solto no salão principal do andar de baixo.

-Mas não podemos esperar ele ir embora, precisamos sair daqui o quanto antes.

-Ou esperam, ou morrem. A escolha é de vocês.

Droga, como será que esse SCP saiu da contenção? Entretanto, não é hora de pensar em como ele saiu, e sim onde ele está. Tudo o que precisamos fazer agora é descer cautelosamente pelo elevador, pois todo cuidado é pouco com um 939. Lá embaixo, teríamos duas opções: Tentar conter a unidade de 939 que fugiu (Péssima idéia) ou passar direto com todo o cuidado, fugir desse lugar infernal de uma vez pro todas e deixar que uma equipe especializada o contenha (Opção mais sensata). Eu escolheria a segunda opção, e conhecendo meu tio, provavelmente é o que ele escolheria também. Então fazemos todo o percurso para o elevador, que contava com um gerador reserva, assim funcionando perfeitamente e entramos, pressionando o botão que faz o elevador descer.

 Modo alerta ativado, nós esperamos o elevador fazer seu curto trajeto com certo sentimento de apreensão, a insegurança reina, o perigo pode espreitar em qualquer lugar. E enquanto descemos o apertado elevador cinzento sem espelhos (Pesquisas indicam que espelhos fazem elevadores parecerem maiores em espaço interno), cada segundo parece um minuto. E isso está ficando bem estranho, pois cada segundo está realmente parecendo um minuto; a essa altura do campeonato, já era para nós estarmos do lado de fora do elevador. Parece que o elevador parou em plena escuridão, e nós estamos presos dentro do mesmo. Enquanto a quieta escuridão nos consome, eu e meu tio aceitamos que teremos de esperar o elevador desenguiçar para sair daqui.... No que eu fui me meter? Quero dizer, no que eu estava pensando quando entrei para esse projeto, essa Fundação? Enfim, não temos nenhuma alternativa senão esperar. Meu tio em um quieto silêncio, me induz, mesmo que indiretamente a me silenciar também, como se eu já não estivesse em silêncio.

 No silêncio e escuridão, nós estamos limitados, ainda mais presos a um elevador. Deixo-me relaxar e lembro que essas limitações são apenas físicas, mentalmente, tudo podemos. Como não tenho nada pra fazer, e tempos silenciosos como esse me inspiram, sou obrigado a fazer o que nasci para fazer como ser racional: Pensar. Então, Penso. Como foi que eu vim parar aqui na Fundação? 

CAPÍTULO QUATRO: PASSADO E VIDAS SINGULARES.

Eu costumava morar em uma cidade grande, cujo nome não pode ser revelado por regras da Fundação. Morava com os meus pais (e o meu tio, que foi dado como “desaparecido” após eu completar oito anos de idade). Lembro que minha família ficou totalmente em prantos, todos achavam que ele havia sido seqüestrado, ou morto. Um dia depois, alguns agentes da Fundação disfarçados de policiais apareceram na porta da casa de minha família, e disseram que ele havia sido morto por uma bala perdida, e foi enterrado no cemitério municipal (Fizeram até uma falsa sepultura pra ele). Daí, completei dezesseis anos, e apareceram alguns agentes, e disseram que eu tinha uma “missão”, e que meu tio havia me indicado. Quando me trouxeram até aqui, confesso que fiquei bastante surpreso e emocionado ao rever meu querido Tio Alex. Perguntei aos agentes se eu podia desistir, mas já era tarde demais, eu sabia de muita coisa para voltar atrás. Agora, terei de viver em prol da Fundação, nem sei se isso é bom ou ruim. Quero dizer, sei de toda a causa por trás disso, e proteger a humanidade é algo importantíssimo; mas existem vários funcionários aqui fazendo coisas extremamente importantes, e eu sou praticamente um parasita. Vivo aqui, sigo ordens, mas não fiz nada de importante até agora além de seguir meu tio em suas tarefas. Eu tinha uma vida de liberdade, tinha uma família, tinha tudo, e tudo perdi para a Fundação. Mas... Por quê? Por que meu tio achou que eu seria apto para entrar aqui? Então, em um arriscado ato de questionamento, quebro a escuridão do sonolento silêncio com uma pergunta em voz baixa:

-Por quê?

-Por que o quê?

-Por que me escolheu para ter um cargo na Fundação? Justo eu, o que eu tenho de especial? Que aptidão viu em mim?

-Olha Dereck... Não posso negar que fiquei com certo receio de te meter aqui...

-Então por que me indicou?

-Desde pequeno, você sempre foi esse rapaz inteligente que você é, e essas coisas tendem a evoluir. Sempre que olhava para você, via que seria capaz de fazer muita coisa. Por isso te indiquei.

Ele realmente me pegou nessa. Não sei o que fazer senão ficar em silêncio e em seguida quebrá-lo com uma não incomoda, porém desconfortável pergunta:

-E você, tio?

-E eu o que?

-Como veio parar aqui? Como entrou nesse lugar?

-Bem, é uma longa história. Não sei se eu devo contá-la.

-Temos bastante tempo. Nem sei se vamos realmente sair daqui. Vamos demorar pra ver a luz novamente. Conte.

-Bem, começou quando eu estava passeando por uma pequena cidade no interior do Canadá. Lembra que eu havia viajado pra lá antes de sumir, certo?

-Certo, certíssimo.

-Então foi quando eu vi uma casa em chamas. Na hora não entendi, começou do nada. Aí acabei por ver a silhueta de um homem no meio do fogo. Não se preocupe, não era alguém agonizando em meio às chamas, era um homem de fogo. SCP-457 mais especificamente. Pisquei os olhos, e quando os abri de novo, a cidade inteira estava pegando fogo.

-Meu deus, tio. E como você fez para escapar do fogo. Suponho que estava na cidade também, não havia escapatória.

-Foi o que pensei, já me preparando para meu fim. Até que encontrei um dos carros blindados da Fundação. Escondi-me dentro do porta-malas do carro, que por sorte estava aberto. Fiquei olhando pela janela traseira e o que vi foi apenas puro horror. Funcionários da Fundação tentavam apagar o fogo, e outros aplicavam amnésicos nos cidadãos. A cidade ficou completamente devastada. De repente um cientista entrou no carro, e sem notar que eu estava lá dentro, me levou para a Fundação.

-Mas porque você foi? Não dava para pedir ao cientista para parar o carro e explicar toda a situação?

-Nem pensei nisso na hora. Meu plano inicial era fugir do carro assim que ele parasse, mas não deu tempo.

-Chegando à Fundação, não te deram amnésicos?

-Sim, iriam me dar, mas viram algo em mim. Não sei o que é, mas viram. Deixaram-me ficar, e hoje eu tenho essa influência toda. Não foi fácil me afastar da família, amigos, de você, Dereck, mas fui forte, e hoje estamos juntos.

-Bem tio, eu acho que por causa disso não sairemos daqui.

-Eu tenho certeza que iremos sim. E quando o fizermos, poderei revelar um segredo que até hoje não revelei: Estou perdidamente apaixonado pela Dra. Venice.

Essa afirmação de meu tio me pegou de surpresa.

-Ela pode não ser linda, mas adoro o jeito que ela faz as coisas tão profissionalmente, e com tanta graça. Morena, com aqueles cabelos cacheados que derretem até suas costas...

-Por que não se revelou de uma vez? Poderia estar com ela.

-Os outros doutores, Dereck, não me deixariam em paz. Dr. Aaron mesmo é um baita de um pé no saco.  Tenho que aproveitar que ele não pode me ouvir agora, pois ele é extremamente birrento e mimado. Dr. Hansen me provoca calafrios com aquele maldito olhar morto, e a Dra. Silva é extremamente certinha em tudo que faz.

-E isso não é bom?

-Seria se não chegasse ao extremo, mas de certo modo, é sim. Mas ela é bem agradável, gente boa, e mais. Aquele tipo de pessoa que todos querem ter por perto como companhia.

-Voltando a Dra. Venice, como pretende conquistá-la?

-Não sei ao certo, no momento estou mais preocupado em sobreviver a este elevador e ao 939 que está lá embaixo. Mas talvez um dia...

-Certo, o que iremos fazer?

-Bem, não sei. Dr. Aaron certamente não poderá nos ajudar através do walkie-talkie. Teremos de esperar o elevador desenguiçar e torcer para que o 939 não nos vejam a tempo de rapidamente fugirmos para a zona de contenção pesada.

Nesse momento, podemos escutar um ruído metálico vindo do que parece ser um dos cabos do elevador. Estranho ruído, o metal parece rasgar. Não havia me dado conta do que havia acontecido até que meu tio me alertou:

-Dereck, os cabos estão se rompendo.

Arregalo os olhos e penso no que fazer. Pelo que me parece, meu tio pensou o mesmo que eu, pois ambos nos jogamos no chão em posição fetal. Em apenas alguns segundos consigo sentir o forte impacto ocasionado pela queda; finalmente estamos no chão.  Enquanto respiramos em uma mistura de alívio e pânico, percebíamos que ainda estávamos no escuro, e que a porta do elevador ainda não havia aberto.  Temos de dar um jeito de abri-la.

 E é claro que o elevador não caiu em cima do 939, o esmagando. Seria sorte demais. O que nos resta fazer é forçar a porta; não é algo muito fácil. Primeiro, teríamos de encontrar uma brecha na porta, ou seja, é melhor ligarmos a lanterna, pois se não encontrarmos, nós mesmos teremos de forçar a brecha. Vasculhamos de cima a baixo entre as duas partes da porta, nenhum vão.  Aceitamos o inevitável e posicionamos nossas mãos no vácuo entre uma porta e outra, forçando-as ao máximo em uma tentativa de separá-las; algo deveras inútil, pois estamos lidando com um elevador altamente resistente. Podemos até abrir uma pequena brecha, mas nunca vamos conseguir abrir uma passagem larga o suficiente para passarmos, a não ser que algo mantenha a brecha. Foi aí que tive uma idéia; vamos abrir um pequeno espaço e colocar minha mochila entre o vão, facilitando com que abramos a porta. Eu sei, não é uma tarefa muito fácil, mas passar a vida dentro desse elevador não é uma opção, então não teremos nenhuma escolha.  Eu na direita e meu tio na esquerda, puxamos a porta para lados opostos. Um puxão de ambos; gastamos nossas forças pra nada, a porta nem se moveu. Posicionando-nos ao lado da porta mais uma vez, outro puxão, talvez essa vez possa funcionar. Estou literalmente me pendurando na porta, que não quer abrir a nenhum custo. Talvez eu devesse me impulsionar para trás. Digo ao meu tio que talvez devesse fazer o mesmo. Agora que pensei, na teoria, é algo ridículo, dois caras presos dentro de um elevador, fazendo toda a força do mundo para saírem de lá. Enfim, um pequeno espaço na porta, e nós ambos com as mãos ocupadas. Meu tio grita para que eu pegue a mochila e a coloque entre os vãos; rápida e impacientemente. Retiro as mãos da porta e agarro minha mochila, um erro, meu tio não dá conta de segurar a porta só. A porta se fecha. Uma bronca:

-Dereck, fique atento. Quando eu disser para pegar a mochila, não desgrude as mãos dessa porta. Deixe-a do seu lado para que ela fique mais fácil de alcançar.

Repetimos todo o exaustivo processo para abrir um insignificante vão na porta. Posiciono minha mochila para que assim que o vão se abrir, eu possa agarrá-la.  Repetimos todo o processo, desta vez fazendo mais força do que antes nunca.  Assim que vejo um milagroso vão com espaço o suficiente, rapidamente encaixo minha mochila ao espaço. Agora só precisamos forçar mais um pouco para que a porta se abra completamente. Abrimos; definitivamente não estamos livres de toda aquela escuridão, mas temos o prazer de sentir ar puro em nossos pulmões novamente. Puro, mas nem tanto, devido aos milhares de produtos químicos lançados no ar diariamente pela Fundação. Enfim, agora que estamos livres do maldito elevador, temos um novo e maior problema para nos preocuparmos: Tem um SCP-939 a solta.

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