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André Rocha

Vejo uma arte, um artista, uma cozinha, um projeto, uma queda de presidente, um desastre natural, uma morte e um desastre causado.

O mundo acaba e assisto pelo Instagram em quadradinhos de imagens. Pensei que seria mais abrupto, mais pânico, menos burocrático.

Parece que o fim do mundo é processado pela Net como uma finalização de contrato, talvez por isso todo sofrimento com ansiedade.

De volta ao feed, datas sem ordem, textos sem coerência, fotos sem Mayfair, discursos positivistas, influências futilizadas, produção de "conteúdo relevante", valor, retorno, custo.

Quanto tudo se é desenhado, meticuloso, pensado; o natural rompe o status quo. Mas quando o natural é desenhado, meticuloso, pensado; esse vende.

Até parece que nada mais é real. Desassociação da realidade, loucura coletiva sutil, multi-formas, multi-formatos.

Na fluidez do pensamento, o texto se escreve em letra sólidas. Na fluidez cotidiana a vida se perde pelos cantos duros.

O mundo acaba, tem de acabar. Só o tempo até lá que é árduo.

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