Capitulo 5 - vírus

Capitulo 5 - vírus


Fácil de se falar...  

Difícil de se cumprir...

É assim que o mundo funciona...


ErRor


Eu estava caminhando tranquilamente pelo corredor, sem preocupação alguma. Ouvia um bom som em meus fones. Estava completamente relaxada.

Eu não ligava pra ninguém. Eu não conhecia ninguém. Essa era eu: um ser frio e sem coração isolado de tudo e todos.

Faz tempo que perdi a minha compaixão e sensibilidade. Tudo o que eu quero é ser levada pelo vento.

Eu olhava para o pessoal nos corredores e via todos eles se divertindo, com seus amigos... enquanto eu era a isolada, a invisível. Ninguém se importava.

Suspirei e finalmente havia chegado na sala de aula. Balancei a cabeça tirando a franja do meus olhos e sentei logo nas primeiras carteiras. Estava bem distraída.

Peguei meu celular e comecei a mexer. Dei uma olhada em minhas redes sociais e nada de novo. Minha vida social online era bem parada assim como a real. Ninguém compreendia minha arte e eu não compreendia a arte de ninguém. Era estranho ser diferente, mas eu gosto disso, afinal, eu prefiro ser a esquisita do que uma estupida qualquer como todos os outros.

Solidão era minha única amiga mais próxima. Sempre comigo todos os dias. Depois de tanta coisa e decepção, eu prefiro tentar ser eu mesma, mesmo com as dificuldades e preconceitos. Pra mim o mundo é uma merda.

Abri o chat de mensagens com poucos conhecidos que eu tinha e vi se tinha algo de novo, mas como esperava, nada.

Surpreendentemente, acabei recebendo uma mensagem. Era uma mensagem de meu amigo Bruno. Um amigo de infância.

Ele era o único que conseguia espantar a minha solidão. Era meu melhor amigo que eu sempre podia contar e o único que sobrou. Ele era o único que entendia meus delírios. O único que entendia a minha personalidade. O único que me aceitava do jeito que eu sou.


Chat


Bruno: Bom dia, Bonnie! Td bem?

Bonnie: Td, cara. E vc?

Bruno: bem tbm. Estou chegando aí na escola. 

Bonnie: Ok. Vou te esperar.

Bruno: Até!

Bonnie: Até!

Bruno era um garoto muito fofo. Ele era gentil e legal, mas de vez em quando era meio criança. Era extremamente inteligente e um pouco orgulhoso por causa disso. Era difícil de convencê-lo de alguma coisa quando ele cismava de que estava certo. Chegava a ser irritante, mas todos temos falhas.

Ele não era nenhum popular e tals, era só mais um isolado como eu. Por isso nos damos tão bem.

Fiquei na minha ouvindo música até o sinal tocar. Eu guardei meus fones e me reconectei com a vida exterior. De repente, eu ouço algo lá no fundo da sala.

Aquela loba do dia anterior estava se debatendo sozinha e finalmente percebi porque tanta calmaria na sala. Todos estavam olhando assustados pra ela.


_Não custa tentar!_ Gritou sozinha. Um pouco depois dela dizer isso, ela desmaiou. 


Algumas pessoas correram para socorrê-la. Eu apenas assisti a cena completamente confusa. Um tempo depois do nada, ela se levantou toda raivosa. Pude sentir que ela estava olhando pra mim, mas deveria ser só impressão.

Dei de ombros e me virei pra frente de novo. Aquilo não era problema meu.

Pude ver ela caminhando para fora de sala batendo os pés. Logo em seguida, Bruno chegou. Ele sentou do meu lado. Nos cumprimentamos e ele começou a falar:


_Tudo bem?

_Tudo e você?_ Respondi deixando meu celular de lado.

_Bem também. Como foi ontem?

_Foi um dia normal, eu acho. Apenas fiquei... fazendo coisas._ Acho que a última frase saiu forçada. Ele pareceu suspeitar. 

_Que tipo de coisas?_ Perguntou curioso.

_Ah... nada, só... desperdiçando meu tempo no celular e fazendo meus desenhos._ Falei. Eu não quero que ele saiba de certas coisas. Principalmente dos meus problemas.

_Ah, entendi... Então, pronta pra aula?

_Não. Nem um pouco. Eu tô morrendo de sono!_ Deitei minha cabeça na mesa.

_Não passou mais uma noite em claro... ou passou?

_Passei. Se acostumar a dormir cedo é horrível.

_Infelizmente não tem jeito, querida. Vamos ver o lado positivo!

_Que lado positivo?

_O ano está só começando. Quem sabe o que pode vir pela frente? Eu aposto que vamos nos divertir bastante, afinal..._ Ele se aproximou de mim e segurou uma de minhas mãos. _Estamos juntos.

_É... hahah..._ Me senti sem graça com o comentário. De vez em quando ele vem com algo do tipo. Era... como eu posso explicar? Bizarro. _Mas mesmo assim... eu quero minhas férias de volta!

_Hah, férias? Eu já estava cansado de não fazer nada. Foi muito bom descansar, mas algum movimento na vida é legal.

_Isso é porque eu não te apresentei os animes e as séries. Aposto que você não sairia de casa se visse essas coisas.

_Podemos ver juntos um dia desses.

_Claro. Aí eu aproveito e te ensino a jogar videogames.

_Heh... eu vou amar._ Ele sorriu.


O professor entrou em sala todo ranzinza. Mal entrou e já mandou todo mundo calar a boca e se virar para frente.

Um tempo depois, aquela garota Star entra na sala de novo, agora com um taco de beisebol em mãos. Por algum motivo, ela estava de cabeça baixa. Ela passou por mim e levantou-a um pouco mostrando algo que me paralisou.

Os olhos vermelhos.

Até ter uma resposta de meu corpo, eu pisquei e não vi nada alem de seus normais olhos verdes.

Impossível.

Acho que estou vendo coisas. Ela não pode... ou será que sim?

Quando eu menos esperava, ela jogou todo meu material em cima de mim.


_Argh!_ Ela jogou meu fichário no meu rosto e o meu material caiu todo no chão.

_Ah, me desculpa! Eu não vi!_ Sua voz era de deboche. Aquilo me irritou.

_Qual o seu problema, hein?!_ Bruno interviu. _Será que não consegue ficar nem um dia sem infernizar a vida de alguém?!

_Cala a boca, seu idiota! O assunto é comigo..._ Ela se virou pra mim com ira nos olhos. _E com a gata.

_Mas o que..._ Mal pude reagir e o professor nos apreendeu:

_Ei! Olha aí essa briga paralela! A aula é aqui!

_Não se mete, seu velho retardado! Não é da sua conta!!!_ Todos se surpreenderam quando ela respondeu desse jeito.

_Como é que é?!_ O professor se sentiu incrédulo. _Você quer ir para a coordenação?!

_Eu não to nem aí pra a coordenação, babaca!_ Ela arrastou o taco indo em direção ao professor que também se aproximava.

_Saia de sala agora!!!_ Apontou para a porta furioso.

_Me obrigue!!!_ Ela puxou o taco e o professor se assustou, mas antes qualquer coisa, ela pôs a mão na cabeça de pressa. _Argh!_ Nesse curto período, foi o suficiente para o professor tomar aquele objeto da mão dela.


Furioso, o professor conseguiu tirar ela de sala. Ela foi para a coordenação.

Não sabia o que iria acontecer com ela, mas dei de ombros e voltei à concentração da aula.

As aulas passaram tranquilas e nada de absurdo. Só estavam relembrando o que foi dado nos anos anteriores.

Assim que o recreio chegou, todos saíram de suas salas, exceto eu, que fiquei completamente enrolada tentando achar minhas coisas na minha mochila.


_Bonnie, vamos!_ Bruno disse retornando a sala ao notar que eu não tinha saído.

_Só um segundo!_ Enviei o braço lá dentro ainda procurando.


Peguei meu celular, fones e dinheiro. Nós dois saímos e fomos em direção ao pátio conversando, mas parei no meio do caminho ao ver aquela loba saindo correndo e se escondendo na dobra de um corredor. 

Um pouco depois, um dos coordenadores veio todo revoltado parecendo procurar alguma coisa.

Assim que ele passou, ela saiu de onde estava escondida e veio em nossa direção. Assim que me viu, seu olhar alerta mudou para um irado.

Ela não disse nada. Ela parou na minha frente e arregalou os olhos com um sorriso maquiavélico. De repente, eu me senti fraca e caí no chão.

_Bonnie?!_ Bruno se assustou. Ele se abaixou e me segurou.


_VOCÊ NÃO PODE ME PARAR._ Essa voz...

Eu rapidamente olhei para cima e a vi ainda sorrindo.


_O-o que você disse?!_ Fraquejei. Ela percebeu.


Ela pegou meu pescoço e me levantou no ar. Eu senti dificuldade de respirar. Bruno tentou intervir, mas ela me lançou contra os armários mais rápido.


_Argh!_ Aquela doeu. Enquanto eu tentava me recompor, ela se virou para ele.

_BRUNO . . ._ Disse tirando um taco de beisebol de sua mochila.

_Star..._ Ele olhava assustado para ela. Por um segundo vi suas pupilas diminuírem e olheiras aparecerem, mas ele disfarçou e apenas cobriu o rosto.

_NÃO FAÇA NADA COM ELE!!!!_ Gritei. 


Ela atingiu a cintura dele e ele caiu também.

Eu levantei na hora e corri na direção dela, mas ela simplesmente deu uma joelhada no meu estômago.

Ela desviou o olhar por um segundo e socou Bruno por fazer um movimento com o braço.


_O QUE PENSA QUE IA FAZER COM AQUILO?!_ Gritou com ele.

_Aquilo o que?! Eu não estava fazendo nada!_ Se defendeu.

_Não pense que eu sou idiota!!! Eu vi o que você iria pegar!!! Eu vi o brilho por baixo da sua camisa!!!_ Ela deu mais outro soco nele. 


Eu não tive escolha. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo. Eu sabia que ódio era aquele dentro dela. E sabia de quem era a culpa por aquilo estar acontecendo.

Eu tive que entrar na jogada daquele demônio. Era o único jeito.


_Vou ter que quebrar uma das correntes.


Eu fechei meus olhos e me concentrei. Senti uma parte de minha sanidade se romper. Era a hora.


_STAR!!!_ Gritei. Ela se virou e eu dei um soco no rosto dela com um pouco da minha energia.


Ela voou e caiu bem longe. Bruno se levantou surpreso e vendo o fogo azul em minhas mãos.


_Bonnie, o que é isso?!_ Merda.

_Sai daqui, Bruno!_ Ordenei.

_Mas.._ Retrucou, mas eu o interrompi.

_AGORA!!!_ Ele se sentiu acuado com a ordem e não viu outra escolha a não ser obedecer e assim saiu.

_Agora o bicho vai pegar._ Me pus em posição de batalha. _Que bom que não tem ninguém aqui nesse corredor.

_Grrr!!!_ Star rosnou e se levantou. _Você vai me pagar!

_É o que vamos ver, cachorra._ Ela veio e partiu pra cima de mim com aquele bastão.


Eu fui desviando até encostar na parede e chutei a canela dela. Ela soltou o taco e pôs a mão no joelho. 

Aproveitei e chutei a arma pra bem longe dela e a empurrei no chão.

De repente, senti uma dor de cabeça por quebrar aquela corrente. 

Ela quer assumir o controle.

Rapidamente pus dois de meus dedos em minha testa e tentei aprisiona-la de novo. Enquanto isso a garota me deu uma rasteira para me distrair e eu caí.

Ela saiu correndo e pegou o bastão de novo.


_Chega de brincadeiras, Bonnie! Eu vou acabar com você!!!_ Senti a energia sair dela. Eu engoli seco. Não podia arriscar a quebrar outra corrente de novo.


Eu fugi e ela veio atrás de mim.


_Vai amarelar, gata?! Você não passa de uma medrosa mesmo!_ Ao ouvir aquelas palavras. Me enchi de raiva. Eu odeio ser subestimada.


Eu parei e preparei para atacar. Ela foi logo para atingir minha cabeça e eu desviei, mas o que eu menos esperava era que tinha alguém atrás de mim.

Quando vimos o que fizemos, paramos tudo na hora. 


_Sua idiota! O que você fez?!_ Gritei com ela.


Era um garoto. Um guaxinim para ser exato. Ele tinha caído. Por sorte ela não atingiu a cabeça dele. 

Não parecia mexer um músculo, mas sua respiração ficava cada vez mais intensa a cada segundo. Ele se levantou e se virou. 

Ele era alto e bastante forte.

Estava de cabeça baixa. Sua cabeleira loira caía sobre seu rosto então era difícil ver sua expressão. 

Olhei para o local atingido em seu ombro e vi resquícios de sangue em seu casaco vermelho escuro. 


_Filha da puta..._ Ele levantou sua cabeça. Eu apenas vi temíveis olhos intimidadores e dentes afiados. Ele parecia uma fera irada. _VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO!!!


Ele tomou o bastão da mão dela e partiu em dois. Eu só fui recuando para trás assustada. Star vacilou um pouco, mas se recompôs o provocando.


_VAI SE FERRAR, SEU IDIOTA!!! A CULPA NÃO É MINHA SE VOCÊ ENTROU NA FRENTE!!!_ Ela gritou. Já estávamos em uma área com alguns alunos. Aquilo estava chamando a atenção.


Quando percebi, já tinha um aglomerado em minha frente assistindo a briga.

Comecei a ouvir passos. Alguém veio correndo. Uma raposa para ser exato. Ela parecia desesperada.

Eu tive uma sensação de que ela iria querer interferir na briga, mas só de olhar o seu tamanho deu dó.

Eu pus o braço na frente e disse:


_Eu não iria lá se fosse você._ Disse um pouco macabra. Senti ela estremecer.


Eu suspirei. Acho que era melhor eu interferir nisso, já que nada disso estaria acontecendo se não fosse por mim.

Eu andei até lá. Pude ver ela recuar alguns passos antes de dar as costas. 

Tive que empurrar algumas pessoas se quisesse entrar no meio. Achava que o garoto estaria perdido se Star usasse a minha energia, mas quando pus os olhos neles, a situação era bem contrária à que eu tinha imaginado.

Star estava caída no chão encostada nos armários toda machucada enquanto ele se aproximava dela devagar como um predador. O que será que ele era?!


_Ai, merda!_ Corri e entrei na frente dele. Ele me olhou confuso.

_O que está fazendo, gata?!

_Deixe-a em paz!_ Falei firme.

_Por que está defendendo ela? Não foi ela que queria te atingir com aquele pedaço de madeira? Saia logo da minha frente!

_Não! Se quiser machucá-la, terá que passar por cima de mim!!!_ Aquelas palavras o irritaram mais.


Ele mostrou suas garras. Estava pronto para me atacar. Eu sentia uma aura estranha sair dele. Ela me intimidava, fazia uma pressão sobre mim. 

Ele era um usuário de magia também? Eu nunca vi nada igual. Qual poder ele tem?

Seja lá o que for, era muito forte. Eu sabia que não era pária sozinha. Eu seria estraçalhada.

Eu não vi escolha a não ser despertá-la. Eu espero não perder o controle.


_(Quebre as correntes)_ Falei para mim mesma.

_Ultima chance, gata. O que vai ser?_ Falou agora mostrando os dentes. 


Eu me vi surgir atrás dele com um sorriso enorme e psicopata. Meus olhos vermelhos ganharam um brilho e eu peguei a cabeça dele e lancei contra o chão com muitos força. Eu estava insana.

Eu sentia as gotas de sangue pingarem eu meu rosto e seu desespero e agonia saírem como debates contra as minhas mãos para se livrar.

Eu puxei ele de volta, ou melhor, “ela” puxou ele de volta e estalou os dedos. Eu reparei que não passou de uma ilusão. Comemorei internamente por ela não ter matado ele.

Assim que ela o largou, aprisionei-a novamente e notei ele bambear e cair no chão.


_O que foi isso?!_ Ele disse com medo. Eu me deliciei com aquela cena. Droga, estou perdendo o controle.

_Hahahah..._ Ri. Comecei a rir insanamente.

_Q-qual é-é o seu p-problema?!_ Ele estremecia.


Pus a mão na minha cabeça tentando conter. Eu já estava passando dos limites. Eu não posso usar mais isso pra situações idiotas.


_Suma logo antes que eu faça pior!_ Gritei com ele.


Ele se levantou nervoso e recuou pra trás. Pude ver que ele estava constrangido e zangado comigo.


_Isso não vai ficar assim!_ Ele deu as costas e partiu.


A plateia parecia não entender nada, pois ninguém pode ver minhas ilusões a não ser a vítima. Todos estavam olhando para mim.


_O que foi?! Algum problema?! Circulem logo!_ Ordenei. Eles começaram a sair.


Andei até a Star caída. Ela acordou do seu transe e me olhou com ódio. Fiz um movimento para tentar tirar aquela “coisa” dela e pareceu que funcionou. Ela começou a respirar desreguladamente com adrenalina no seu corpo.


_Ah, finalmente..._ Suspirei. Ela olhou para mim toda assustada. _Da próxima vez que quiser se meter onde não é chamada pense duas vezes.

_Mas o que..._ Ela se levantou.

_Escuta: fique longe de mim e do Bruno. Eu não quero mais me meter em outra enrascada._ Mandei.

_Ficar longe de você?!_ Pareceu incrédula. _Foi você que me lançou aquela maldição ontem!!!

_Olha, eu sei que não foi legal. Não foi de propósito. Eu não pensei direito.

_Não pensou direito!? Hah, você não pensou direito! Que legal! Você tem esses poderes aí e sabe que não pode controlar e mesmo assim usa!!!

_O que você queria?! Você estava implicando com meu amigo! Eu perdi a cabeça!

_Aquilo era só uma brincadeira! Poxa, tem gente que não sabe levar na zoeira!

_Brincadeira?! Só se for de muito mau gosto!

_É! Eu tenho mau gosto, sim! Eu gosto de implicar, mas eu nunca faria mal a ninguém!

_Grrrr!!!_ Pus a minha mão na testa tentando me acalmar. _Olha, só vamos esquecer isso, ok? Finja que nada aconteceu e que vai ficar só entre a gente.

_Até parece que eu vou ficar quieta! Eu vou me vingar! Nem que eu tenha que chamar o exército!

_Se você abrir a boca eu juro que vou acabar com você!

_Pode vir! Duvido você me derrotar sem esses seus dons de merda!

_Eu não vou desperdiçar meu tempo com você! Aliás, nem preciso me preocupar. Ninguém vai acreditar em você mesmo._ Dei as costas.

_Quer apostar?! Aposto que vou conseguir me livrar de você!!! Eu vou descobrir seus segredos! Eu vou contar pra todos que eu conheço! Você vai sentir na pele o que eu senti de ontem pra hoje!!!_ Gritou para que eu ouvisse já que eu estava já a uma distância considerável.

_Blá, blá, blá._ Fiz o movimento da boca com as mãos. Pude ouvir ela rosnar e bater os pés furiosa. 

_AAAAAAHHHH!!!_ Ao ouvir aquele grito repentino, me virei rapidamente.

_O que foi?!_ Falei assustada.

_Nada! Er... não é nada não, hahah!_ Deu um sorriso amarelo. Estava mentindo. _Deixa pra lá._ Saiu correndo.


Deixei pra lá e fui para o pátio da escola. Pude ver Bruno todo agitado de preocupação um pouco mais à frente. Assim que ele me viu, tratou de correr até mim.


_Bonnie, o que aconteceu?! O que foi aquilo?! Star te machucou?! O que ela fez?!_ Perguntou desesperado.

_Aquilo não foi nada. Esquece. Ela só estava querendo uma revanche por causa que ontem, não era nada pra valer.

_Aquilo não parecia ser brincadeira ou algo do tipo._ Desconfiou.

_Eu sei. Ela não estava pensando direito. Ela anda meio estressada se você reparou.

_É. Pode até ser, mas... ela não estava agindo no normalmente. Ela não costuma ser tão agressiva. Mesmo não pensando.

_Ela estava com raiva, queria revanche e não anda muito bem. O que você esperava?!

_Sinceramente, Bonnie, Tem algo muito estranho. O que está escondendo?

_Cala. a porra. da sua. boca. Isso não te interessa._ Engrossei a voz. Na mesma hora ele parou surpreso. Suspirei e tentei amenizar o clima tenso que eu provoquei. _Olha, vamos deixar isso pra lá. Eu não quero nenhum comentário.

_Tudo bem, Bonnie..._ Falou tentando compreender. _Mas depois eu quero que me esclareça algumas dúvidas.

_Pode ser. Desde que não interfira em algo pessoal tá tudo bem...


Fomos em silêncio ara o mesmo local onde ficamos ontem: debaixo de uma árvore distante de todos. Eu peguei meu celular e comecei a jogar um jogo enquanto ouvia música.

Bruno estava preocupado. Estava fora de órbita olhando para o nada. Pausei o jogo e me virei para ele:


_O que foi agora?

_Só estou pensando._ Abaixou a cabeça. _Sei que não quer que eu me meta, mas acho que essa história não vai acabar por aqui.

_Eu sei..._ Abaixei a cabeça cansada só de pensar. 

_Ela não é de levar desaforo pra casa. Ainda mais agora. Eu estou preocupado com o que ela é capaz de fazer._ Se virou para mim.

_Humpf! Posso até ser gordinha, mas não sou fraca. Se ela ousar levantar a mão pra mim eu detono com a raça dela. 

_Eu não acho você gorda.

_Hah, para de mentir. Eu sei que não tenho um corpo ideal.

_Você é muito pessimista, sabia? Não se menospreze!

_Eu não estou sendo pessimista, estou sendo realista! Sinceramente, pare de dizer essas mentiras para me animar. Não vai funcionar.

_Mas é o que eu vejo! Você é linda!

_Pare de me contrariar. Você só vai me irritar ao invés de me fazer feliz se insistir. Eu sei o que sou e não preciso que ninguém me iluda com elogios.

_Desculpe se você é tão perfeita aos meus olhos. Cada um vê de um jeito, certo?

_Humpf! Vou concluir que você é cego. Ninguém é perfeito.

_Desculpa ser cego. Eu não consigo ver nenhum defeito em você. Pra mim até os que você chama de “defeitos” eu vejo como qualidades.

_Tsc. Desisto de contrariar._ Voltei para o celular. Ele era teimoso e insistente demais. Esse era um péssimo hábito dele.


Ele se virou para frente também e encostou em mim.


_Que jogo é esse?_ Perguntou tentando mudar de assunto.

_Infernal Night 3: the blood Moon.

_Hum... é bom?_ Do nada eu senti uma vontade de usar o sarcasmo. Dã, se o jogo fosse ruim eu não estaria jogando! Bem, mas como eu não queria ser grossa, respondi:

_É muito bom. É um dos melhores jogos pra celular que eu já encontrei. Deveria baixar também.

_Pode ser, Mas não curto muito esses jogos.

_Você não tem vida._ Deixei sair enquanto me concentrava no jogo. 


Ele não comentou mais nada. Apenas me assistiu encostado em mim. Foi assim durante um tempo, mas eu sentia que algo não estava certo...

Após isso, notei Star correndo desesperada puxando uma garota com ela. Uma pequena raposa que parecia reclamar por ser puxada com tanta força.


_Tem alguma coisa errada._ Pensei alto.

_Como assim, Bonnie?_ Ele ouviu.

_Ah, nada. Estou falando do jogo.

_Entendi..._ Ele pegou o celular dele para checar a hora. _Nossa, só faltam 5 minutos pro recreio acabar.

_Mas já? Foi tão rápido. Vamos logo pra sala então.

_Ok.


Nós levantamos e andamos até a sala. Enquanto caminhava, sentia uma sensação estranha, tipo uma previsão. Algo ruim estava para acontecer.

O que será que era?


ErRor


Eu me libertei. Eu me libertei daquela vadia. Ela teve a idiotice de quebrar todas as correntes. Eu assumi seu corpo, escapei antes que ela percebesse, mas metade de mim ainda estava presa. O único jeito de eu assumir uma forma real é matando ela, mas não posso fazer aqui. Isso vai chamar atenção, principalmente... de Lucy.

Atrair ela é a coisa que eu menos quero. Ela é a única capaz de me destruir. Preciso logo me fortalecer.

Graças a Star, ela me deu um pouco de energia para poder sair, mas ainda preciso de mais.

Abri meus olhos e estava no corredor com a Bonnie e Star discutindo.

As duas saíram batendo os pés, mas a Star veio em minha direção. Parece que me viu.


_AAAAAAHHHH!!!_ Gritou amedrontada. Bonnie tomou um susto.

_O que foi?!_ Voltou rapidamente.


A loba olhou pra mim e hesitou.


_Se você dizer alguma coisa eu MATO você._ Ameacei, Star engoliu seco.

_Nada! Er... não é nada não, hahah!_ Deu um sorriso amarelo. Bonnie desconfiou. _Deixa pra lá._ E saiu correndo.


Bonnie nem se importou e saiu. Suspirei de alívio. Acho melhor sugar mais um pouco de energia. Preciso de poder se quiser fazer o meu futuro.

Existem muitas pessoas em um colégio. Eu não sabia por onde começar. Ainda bem que ninguém podia me ver a não ser Star já que ela tem especialidade em ver coisas que os outros não veem.

Caminhei pelos corredores procurando a vítima perfeita. O garoto de antes parecia ser bem atraente com aquela aura tão forte e poderosa. Queria saber que tipo de poder foi aquele. 

Não acho que poderia contra ele. Não com esse meu estado. Achei melhor começar por baixo.

Procurei e analisei muita gente. Ninguém tinha nada que eu quisesse. Até ver uma pequena raposa olhando para o fundo de um corredor escuro ao lado de uma outra garota.


_Jessie... Vamos mesmo fazer isso?_ A menina lontra perguntou.

_Sim se for pelo bem de Star._ A raposa disse cheia de coragem. Era hora de eu aproveitar.


Passei para uma forma visível e alterei meu visual. Agora estava como Bonnie.


_Você disse Star?_ Cheguei perto delas.

_Você...?_ Ela pareceu surpresa ao me ver.

_Eu._ Apontei para mim mesma de brincadeira.. _O que vai fazer ali dentro?

_Procurar minha prima Star! Ela sumiu de novo! Ela pode estar em perigo!

_Star Psychic, huh? Essa é sua prima?_ Botei a mão no queixo já sabendo a reposta.

_Sim!!! Como você sabe? Você a viu?!_ Se empolgou.

_Sim. Ela estava se metendo em uma baita de uma confusão. Estava brigando com um garoto. Um garoto bem forte. Lucas Ravage, a fera indomável._ Consegui um pouco de informações ao forçar meus poderes.

_Ai meu Deus! Esse... esse não é o monstro da lenda desse corredor... ou é?!

_Eu não sei... eu sou nova aqui. Eu só ouvi alguns rumores, pois, assim como você, eu também sou muito curiosa._ dei um sorriso misterioso.

_Onde está a Star?!

_Se for ali, você não irá encontrar nada além da sua própria ruína, Jessie. Eu não acho que você irá voltar de lá inteira._ Já podia ver ela estraçalhada, mas não conseguia ver por quem. Estava ficando tudo embaçado. É melhor parar de usá-los por enquanto se não vou ficar mais fraca do que estou.

_Ela não está lá?!

_Não. Se eu fosse você, iria voltar ao pátio e esperaria ela vir até você. Ela parece desesperada para te encontrar.

_Como você sabe?_ A outra garota desconfiou.

_Digamos que eu tenha dons especiais._ Ri. _Nos vemos em breve, Jessie._ Me despedi e fingi que fui embora. Mal sabia ela que isso só estava começando.


Com minha magia, criei um clone. Uma outra “eu”. Tinha uma brilhante ideia. Se uma pode me dar um pouco de energia, por que não duas? Isso irá diminuir muito mais o tempo do trabalho. 


_Vá atrás de Star. Acho que ela ainda não sofreu o suficiente. Vamos sugar cada gota de poder de todos que tiverem energias especiais nessa escola._ Ordenei para meu outro eu.

_Heheh. Quem diria que haveria tanta magia em uma escola só._ Falou.

_Pois é. Isso facilita muito. Se bobear nem precisaremos sair para procurar._ Concordei. Logo em seguida, nos separamos.


Tá na hora de começar o pesadelo.


ERRoR


A aula já estava no fim. Star foi pega pela coordenação e levou detenção. Assim que ela voltou sala, ela nem sequer abriu a boca. Ficou a aula inteira sem fazer nada. O que ela estava tramando?

Achava que não precisava me preocupar com aquilo, afinal, o que ela pode fazer?

Assim que bateu o sinal, todos saíram. Eu precisava ir ao banheiro, então tomei sentido contrário em relação aos outros. Bruno estava logo atrás de mim.


_Vou ao banheiro. Pode ir sem mim._ Falei.

_Não, tudo bem. Eu te espero.


Ele ficou perto da sala e eu fui. Eu queria checar o que há de tão estranho.

Assim que entrei, tranquei a porta. Fui até o espelho e me concentrei em meu reflexo.


_Aparece, seu demônio._ Nada. Nenhum sinal dela. _Merda._ Eu tinha que entrar. Era o único jeito.


Eu entrei. Estava vazio como sempre. Procurei ao meu redor a cela onde ela estava presa.


_Aparece! Aparece! Aparece!_ Já estava em desespero. Estava com medo ela ter conseguido escapar.


Até que por fim achei a maldita cela. Ela estava lá, mas estava imóvel, com um líquido negro saindo de seus olhos e boca formando uma poça no chão.


_Mas o que...?_ Cheguei mais perto. Eu notei que ela não exalava a mesma energia de antes. Será que...? _Ai, não..._ Acordei de volta no banheiro desesperada. Preciso encontrá-la antes que seja tarde demais.


Saí do local e andei pelos corredores, até que cheguei onde Bruno tinha ficado, mas ele não estava lá.


_Hum? Bruno?_ Tentei chamá-lo. Não adiantou muita coisa.


Comecei a procurá-lo e nada. Vi se ele deixou alguma mensagem, mas não tinha nenhuma. Era estranho. Ele não era de sumir assim.

Procurei em vários lugares. Já estava ficando preocupada.


_Bruno! Bruno! Bruno, cadê você?!

_Você de novo?!_ Ouvi uma voz feminina. Me virei e era aquela raposa pequena de antes.

_O que faz aqui?_ Perguntei estranhando. 

_Eu tô procurando alguém._ Respondeu.

_Ah, ótimo! Eu também!_ Disse meio irritada. Já estava frustrada por estar procurando tanto e sem nenhum resultado.


Eu saí dobrando o corredor batendo os pés. Ouvi a raposa murmurar alguma coisa. Logo em seguida ela veio atrás de mim:


_Ei! Espera!


Eu tentei me afastar. Não tinha tempo pra ficar de bobeira conversando. Aquilo já estava ficando irritante. Fiquei um tempão tentando fugir dela e nada. Ela era bem rápida e ágil.


_O que você quer, garota?! Me deixa em paz!!!_ Gritei.

_Qual o seu nome?_ Aquilo era sério?! Sabia que ela iria falar coisas aleatórias!

_Não te interessa!_ Dei um fora.

_Eu encontrei um desenho seu sobre minha mesa! Eu quero te ajudar!_ Desenho?

Ajudar...?_ Eu freei na hora. Um desenho meu? Ajuda? _Do que você está falando?

_Toma._ Ela me entregou o papel. Eu arregalei os olhos imaginando como o meu desenho muito sentimental e íntimo do ano passado foi parar nas mãos dela.

_Onde conseguiu isso?_ Perguntei em um tom neutro e bem sério querendo logo uma resposta direta. Minha franja caiu sobre meus olhos. É muito suspeito algo tão importante e secreto está com ela.

_Estava em cima de minha mesa. Eu só não sei como foi parar lá._ Respondeu.

_Como sabia que era meu?

_É que... não sei como explicar com palavras, eu só... senti._ Merda... não pode ser...

_Você... já me viu antes?_ Perguntei temendo a resposta. Aposto que ela estava com a raposa.

_Claro! Hoje mais cedo! Nos encontramos duas vezes. Uma foi quando havia aquela barulheira nos corredores..._ Eu a interrompi.

_É, eu sei, mas e a outra?_ Falei ansiosa.

_A outra foi quando eu estava prestes a entrar naquele corredor abandonado mal assombrado.

_Corredor abandonado mal assombrado? O que é isso? Espera, eu estava com os olhos vermelhos?

_Estava. Como você consegue ter olhos azuis e ao mesmo tempo vermelhos?

_Merda._ Pus a mão na testa. A minha tensão só piorou. Aquela bruxa pegou outra. Tenho que detê-la o mais rápido que for. _O que foi que eu falei pra você naquela hora?!_ Perguntei esperando alguma pista.

_Você me disse para não entrar lá porque era perigoso e que iria acontecer alguma coisa comigo. Estava toda estranha, depois você me disse que minha prima se meteu em uma briga e que estava me procurando. Você por incrível que pareça conseguiu prever o futuro. Minha amiga e eu estranhamos, mas você só disse que tinha “dons especiais”.

_Ai, não..._ Joguei minha franja para trás. Ela vai estragar tudo se continuar assim. Daqui a pouco todos vai ficar sabendo e isso não vai ser nada legal pra mim.

_O que houve?_ Estranhou.

_Aquela... não era eu._ Não tinha jeito. Ela teria que saber também pelo menos só o básico.

_Como assim não?! Eu te vi!!! Isso não é nenhuma pegadinha, não é?! Olha, se for..._ interrompi.

_Cala a boca. Deixa eu falar. Por favor, se você me ver com esses olhos vermelhos de novo nem chegue perto. Você tem visto coisas estranhas depois daquilo?

_Sim. Eu vi.

_Me fala! O que você viu?! Por favor, não minta!!!_ Questionei querendo saber o que exatamente ela já sabe.

_Eu vi um monstro sombrio na sala de aula que parecia querer me pegar. Eu entrei em transe e pareceu que eu fui parar em uma lembrança. Uma lembrança sua._ Não acredito. Não acredito que ela mostrou... ele.

_Ele era todo deformado? Tinha uma forma felina? Tinha olhos vermelhos?! Fileiras de dentes afiados?!

_É. Tinha sim.

_Merda, merda, merda!!! Isso é tudo culpa minha! O que eu vou fazer?! Eu tenho que relatar isso, mas eu com certeza vou ser punida por fazer algo que não devia!!!_ Me desesperei. Eu vou me ferrar muito. Não posso lidar com isso sozinha, principalmente agora. Preciso da Lucy. Só espero que ela não me dê uma punição tão séria.

_Do que você está falando?_ Se assustou.

_Escuta, existem coisas que as pessoas sequer sonham em saber. Coisas sobrenaturais, por assim dizer. Olha, se esse monstro começar a te ameaçar, fale comigo imediatamente! Eu não sei qual é o grau da situação. Isso pode ser catastrófico!

_Entendi...

_Sou Bonnie Emerald. Sou do 1° ano. Da turma 2. Não se atreva a confrontar esse monstro sozinha, entendeu?!_ Comecei a roer as unhas.

_Entendi... o que ele é? Um fantasma?

_Pior! Bem pior! Olha, não perca a cabeça, ok?! Tudo vai se resolver! Eu prometo!

_O-ok..._ Ela começou a tremer. _M-mas e esse desenho? O que significa?

_Nada! Nada importante! Ele só quer brincar com sua cabeça!_ Tomei o mais rápido o possível o desenho da mão dela e rasguei nervosa. Eu não quero que ninguém mais saiba do meu passado. _Onde eu estava mesmo?_ Pus a mão na cabeça parando para pensar. _Ai, droga! É mesmo! Meu amigo sumiu!

_Posso ajudar? É o mínimo que posso fazer para retribuir. Como ele é?

_Um cervo jovem. Tem uma pele alaranjada, cabelos negros com um corte puxado pros lados e tem um uniforme preto oriental.

_Hum... Eu... acho que o vi._ Respondeu. Me exaltei assim que a ouvi.

_Você viu?! Onde?!_ Falei desesperada.

_Ele estava com minha prima Star... indo para um local onde ela costuma se esconder.

_Star..._ Meu humor mudou. Acho que era isso que ela quis dizer em se vingar. Covarde. Sabe que não pode me derrotar, então vai tortura-lo para conseguir informações sobre mim e me atingir por trás. Eu me enchi de ódio, mas precisei me controlar. _Filha da puta. Eu avisei para ela não se envolver no meu caminho de novo. Ela anda curiosa demais pro meu gosto. Ela vai acabar se matando.

_Você conhece ela?

_Conheci ontem. Não nos demos muito bem, mas ela anda xeretando demais a minha vida. Aposto que ela levou ele pra descobrir minhas fraquezas. Eu vou acabar com ela!

_Não! Por favor! Não vamos arrumar brigas!_ Me impediu. _Deixe que eu resolvo tudo! Star confia em mim!

_Tá, mas eu vou com você.

_Er...

_O que foi agora?

_Eu prometi a Star que nunca contaria onde fica seu esconderijo secreto e se ela me ver ao seu lado, quem me garante que ela ainda vai continuar confiando em mim?

_Tsc._ Não gostei disso. Não acho que ela vá conseguir impedi-la, mas não custa tentar. _Te dou 10 minutos. Se você não voltar com ele, eu mesma vou até lá.

_Tudo bem.


Esperei ela se afastar um pouco para começá-la a seguir sem ela saber.

Fomos parar nos fundos da escola. Ela procurou aos arredores até ouvir um barulho no deposito.

Ela seguiu o barulho e começamos a ouvir sons de Star gritando com alguém e logo em seguida algo se quebrando.

Ela se desesperou e assim que encontrou a porta a chutou.

Ela ficou estática assim que entrou. Eu não podia ver o que estava acontecendo, apenas escutar.


_S-Star...?_ Sua voz era trêmula. Ela se assustou com alguma coisa.


Ouvi alguém cair. Logo em seguida, a raposa adentrou o local. Aproveitei para dar uma espiada.

Bruno estava caído todo ferido enquanto Star assistia Jessie ajudá-lo incrédula.


_(Vadia...)_ a xinguei já entendendo o que estava acontecendo. Como pôde fazer isso com ele?!

_O que você fez?_ A menor perguntou traumatizada.

_Não é da sua conta. O que faz aqui?_ Ela cruzou os braços com uma cara amedrontadora. Seus olhos estavam... vermelhos de novo?!

_Vim procurar você. Eu te vi vindo pra cá.

_Pois não devia._ Ela rosnou.

_Star, sabe que eu estou sempre disposta a te ajudar, mas não posso ignorar algo assim.

_Se contar, a mesma coisa que aconteceu com ele acontece com você._ Ameaçou.

_Faça isso e você terá que se ver comigo._ 

Não tinha mais como ficar calada. Entrei na conversa.

_Você?! O que faz aqui?!_ Começou a ficar inquieta.

_Acha que eu não iria perceber seu plano idiota? Como ousa ferir um de meus amigos?!

_Sua vadia! Isso não teria acontecido se você não fosse uma gata metida a besta que se mete nos assuntos dos outros!

_E o que você pode falar?! Olha o que você fez!!! Diferente de você, eu fiz por um bem maior!!!

_Você vai ver, gata. Não hoje, talvez nem amanhã, mas um dia..._ Me empurrou e saiu. Meu outro eu a pegou de novo.


Aquela coisa é como um câncer. É preciso parar antes que se multiplique e se fortaleça, mas aquilo já estava em um nível bem maior. Não sei mais quantas pessoas ela já infectou. Eu não posso mais contra ela.

De repente, uma dor de cabeça me atingiu. Eu já sabia o que era. Ela já estava forte o suficiente para me enfrentar. Quase que eu caio.


_B-Bonnie! Cof! Cof!_ Bruno tentou se levantar, mas estava muito fraco.

_Shhhh... tente não fazer muito esforço._ A garota tentou acalma-lo.


Bruno ficou surpreso por ser interrompido. Eles ficaram se entreolhando por uns segundos, até eu chamar a atenção deles.


_P-pessoal... eu vou ter que ir na frente..._ 

Não estava aguentando. Precisava ligar para Lucy imediatamente. _Er... como se chama?_ Me virei para a raposa.

_Ah, Sou Jessie. Não me apresentei antes, não é?

_Jessie, cuide dele por mim. Eu preciso urgentemente ir.

_Pode deixar, mas... espera, não quer ajuda?

_Não. Só uma pessoa pode me ajudar agora. Preciso correr. Eu dou notícias!_ Sai correndo para que ela não faça mais perguntas. Eu corri o mais rápido que podia para um canto isolado. Encontrei um corredor vazio e escuro. Era o lugar perfeito.


Tinha algumas mesas e objetos na frente bloqueando a passagem, eu pulei e atravessei. O lugar não tinha iluminação a não ser a das janelas arreganhadas e algumas quebradas. 

Aquele lugar era medonho. Era degradado, sujo e feio. Tinha alguns rastros de um líquido que secou já faz muito tempo. Aquele lugar fedia que nem uma desgraça. 


_Ai, credo. Eles não dão uma geral nesse lugar a quanto tempo?_ Encostei em uma parede com uma janela em cima para me dar claridade.


Peguei meu telefone e abri os Contatos.


_Lucy.. Lucy... Lucy..._ Procurei ela. Assim que achei, cliquei e esperei chamar.

_Alô?_ Ela atendeu.

_Lucy, sou eu, Bonnie.

_Bonnie? O que foi? Você não é de me ligar assim... a não ser que você tenha feito merda.

_Pois bem, eu estava tranquila, né? Mas aí..._ Fui interrompida.

_Pode parar._ Pude ouvir ela bufar. Ela sabia que eu estava enrolando. _O que você fez?

_Olha... Pode ser que.. não estou dizendo que eu fiz, ok?!

_Aham, sei._ Disse sarcasticamente.

_Eu tenha usado... meus poderes...?

_COMO É QUE É?!_ Ela gritou tão alto que chegou a doer meus ouvidos. _Você tá maluca?! Qual foi a parte de NÃO usar que você não entendeu?!

_Desculpa, mas é que...

_Desculpa coisa nenhuma! Eu disse pra você! Você é tão teimosa! Fala logo no que deu de uma vez!!!

_Grande parte dela escapou e meio que possuiu algumas pessoas e tá ganhando força...

_..._ Silêncio.

_Lucy...? Tá aí?

_SUA FILHA DA..._ Desliguei o telefone. Vou ligar de novo assim que ela se acalmar... ou até ela vir até mim querendo me socar.


Suspirei cansada. Foram dias de muito estresse. Espero que tudo melhore logo. Guardei meu celular no bolso e comecei a andar.

Estranhamente, me senti observada. Olhei ao redor e não havia ninguém. Esquisito.

Bebi a poção para acalmar a situação e mantê-la presa no seu lugar por enquanto. Eu espero que não piore mais do que já está.

De repente, ouvi um barulho nos fundos do corredor. Me virei imediatamente já em estado de alerta.


_Quem está aí?_ Perguntei. Analisei o local. Não parecia ser nada. Deixei pra lá e saí.


Fui em direção à saída. Minha mãe já estava me esperando impacientemente.

 

_Onde esteve?! Estou te esperando já faz tempo!_ Perguntou querendo já uma explicação.

_Ah, é que tive resolver um negocio lá na secretaria. Nada demais._ Menti.

_Certo. Vamos. Tenho muita coisa pra fazer lá em casa. Pra mim o dia mal começou.


“Sinceramente, o meu já terminou depois desse confusão toda.” Pensei.


Antes de ir, dei uma última olhada para o colégio. Bufei já esperando pelo o que vai vir.

O inferno acabou de começar.


ErRoR


Que se inicie a guerra, Bonnie.

Você nunca vai vencer, sua vadia.

É o que veremos.



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