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A Casa dos Sete Pecados, de Mari Pau Domínguez é um romance histórico passado no século XVI. Foca a sociedade madrilena da corte do Rei D. Felipe II (que posteriormente será Filipe I de Portugal).Filho do Imperador do Sacro Império Romano Germânico Carlos V de Habsburgo e de Isabel de Portugal. Foi casado com a princesa portuguesa Maria Manuela de Portugal, que faleceu aos 17 anos poucos dias após o parto do único filho do casal, D. Carlos. A segunda esposa foi Maria I de Inglaterra, mais velha 11 anos e de quem não teve filhos e a 3ª esposa Isabel de Valois, de quem teve 2 filhas.Acompanhamos a vida do monarca a partir da morte da sua 3ª esposa, Isabel de Valois. Conta-se a sua tristeza com a recente 3ª viuvez, com 2 filhas ainda pequenas e a necessidade de assegurar um herdeiro varão para o trono. O filho mais velho, do primeiro casamento, já tinha morrido, diz-se que a mando do rei seu pai por ser amante da falecida rainha Isabel de Valois.A lenda conta que o Rei Filipe teve várias amantes durante a sua vida. Nesta obra fala-se do caso de Elena de Zapata (nome de casada quando o Rei resolveu afastá-la da corte por casamento), moradora na Casa das 7 Chaminés em Madrid, mandada construir pelo Rei como oferta de casamento.Segundo a lenda, foi uma paixão avassaladora, à qual nem o Rei nem Elena conseguiam resistir. O Rei tornou a casar, o 4º matrimónio, com Ana de Áustria, sua sobrinha, mas manteve o caso com Elena durante anos. Sempre a esconder essa relação da Rainha, mas esta a saber de tudo por mexericos e rumores da corte espanhola. Arranjou casamento para a amante com um cavaleiro nobre, que veio a falecer em circunstâncias dúbias quando estava na Flandres. A amante foi posteriormente assassinada a mando do Rei, por um secretário seu, ficando a partir daí atormentado pelo peso da culpa e remorsos e pelas saudades da amante, inclusivamente via o fantasma da amante. Por outro lado, a Rainha Ana de Áustria, sabendo de todos os rumores, vivia atormentada por saber que o seu marido e Rei vivia um caso com a amante, que não conseguia conquistar o amor do marido apesar dos 5 filhos que teve com ele.O casamento de Felipe II e Ana de Áustria foi perturbado pelo caso amoroso do Rei, pelas intrigas palacianas, pelas sucessivas mortes na família (irmã do Rei e filhos), pelo interesse da Rainha pelo novo morador da Casa das 7 Chaminés... no final da obra, quando o Rei parte com a corte e a Rainha para Portugal, para reclamar o trono deixado vago pela morte do sobrinho D. Sebastião, apercebemo-nos que existe a tentativa do Rei se aproximar da Rainha e de que, à sua maneira, a amava. Quando ambos são contagiados com febres, o Rei recupera e a Rainha fica muito doente e falece. A Casa das 7 Chaminés existe na realidade, em Madrid e actualmente é a sede do Ministério da Cultura espanhol. A Casa foi construída com 7 chaminés por uma questão simbólica. O Rei Felipe II gostava do nº 7 e o misticismo desse número sempre o perseguiu, como o número da perfeição. Para além de serem 7 os pecados capitais, encontrando-se um deles bem presente naquela casa, a luxúria, manifesta na relação amorosa com Elena.Para quem gosta de História e de romance histórico, que tem como base figuras reais da História e ficciona partes da narrativa que não estão tão documentadas (como é o caso da história da Casa que é envolta em lenda), esta obra é muito interessante. Dá uma visão da corte espanhola do século XVI, os dilemas morais das personagens que viviam nessa sociedade (sobretudo o Rei e a Rainha, o dilema entre o desejo e aquilo que é correcto pela moral cristã), as intrigas palacianas, a questão do poder...
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