PSDB avalia cenários com Datena, Nunes e Tabata em SP de olho em 2026

PSDB avalia cenários com Datena, Nunes e Tabata em SP de olho em 2026

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Disputado por Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) enquanto aposta em José Luiz Datena para a Prefeitura de São Paulo, o PSDB vai levar em conta a eleição de 2026 e disputas em outras cidades para tomar um dos lados caso o apresentador desista, como em ocasiões anteriores.

Tucanos afirmam que a preferência por uma candidatura própria une o partido rachado e que o apresentador tem demonstrado disposição em concorrer. Ao mesmo tempo, porém, há ceticismo em relação ao seu histórico e a observação de que sua saúde exige cuidados —Datena passou por duas cirurgias nas últimas semanas.

Já entre Nunes e Tabata, líderes do partido se dividem e elencam condições que pesariam a favor de um e de outro. A decisão final deve ficar a cargo da executiva nacional, comandada por Marconi Perillo.

José Luiz Datena, ao centro, em filiação ao PSDB ao lado do presidente municipal do partido, José Aníbal, e da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) - Rubens Cavallari - 4.abr.24/Folhapress

Perillo afirma à Folha que a prioridade é Datena, mas que uma escolha entre Nunes e Tabata vai levar em conta compromissos programáticos e a estratégia do partido para 2026.

Tabata já havia filiado Datena ao PSB e o convidado para ser vice em sua chapa. Diante da possibilidade de atrair um segundo partido para sua campanha, ela patrocinou a migração do apresentador para o PSDB, mas sempre com o plano de que ele fosse vice, enquanto os tucanos não descartam a candidatura própria.

Nunes, por sua vez, prega ter uma gestão de continuidade em relação a Bruno Covas (PSDB), de quem herdou a cadeira, e, por isso, o embarque do PSDB é crucial. Boa parte da militância e de parlamentares do PSDB o apoiam, e ele abriga uma série de secretários tucanos em sua gestão. Mas o PSDB municipal, comandado pelo ex-senador José Aníbal, vetou uma coligação com o prefeito.

Para parte dos tucanos, a escolha entre Nunes ou Tabata não deveria ser movida por preferências pessoais ou apenas pelo cenário eleitoral de 2024. A ideia é que essa definição aponte para o futuro e auxilie o partido a se reposicionar perante o eleitorado e a se projetar para 2026.

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), é o presidenciável tucano. No longo prazo, o partido quer ocupar a centro-direita e voltar a protagonizar a oposição ao PT do presidente Lula, mas de forma construtiva e responsável, segundo dirigentes.

Nesse sentido, tucanos defendem que a candidatura de Datena afasta o PSDB de Lula e de Jair Bolsonaro (PL) e, por isso, é a melhor opção se o critério for o xadrez nacional.

Nunes, além de ter o apoio de Bolsonaro, tem em sua coligação uma série de potenciais presidenciáveis, como Tarcísio de Freitas (Republicanos). Seu partido, o MDB, tende a apoiar uma reeleição de Lula. O PSB de Tabata, por sua vez, também está ligado ao petista, mas reavaliará o cenário até 2026.

A eventual candidatura de Leite à Presidência passa por uma avaliação sobre a imagem que ficará de sua atuação na tragédia ambiental pelas chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul. Correligionários afirmam ser prematuro um diagnóstico sobre o saldo eleitoral para o governador, mas entendem que a crise contribuiu para dar visibilidade a ele e ajudá-lo no processo de nacionalização de seu nome.

Entre os tucanos que tendem a preferir o apoio a Nunes estão os presidentes estaduais do PSDB e da federação PSDB-Cidadania, os prefeitos Paulo Serra (Santo André) e Duarte Nogueira (Ribeirão Preto), respectivamente. Aníbal e Aécio Neves (MG) são mais entusiastas de Tabata.

Já o protagonista tucano, Datena, é admirador de Tabata e crítico ferrenho de Nunes.

A proximidade de Tabata com o campo político de Lula e de Guilherme Boulos (PSOL) preocupa o PSDB. O temor é o de que, caso ela não passe do primeiro turno, embarque na campanha do deputado do PSOL. Para garantir o apoio tucano, o desejo do partido é que Tabata adote neutralidade no segundo turno.

Perillo afirma que uma aliança de Tabata e Boulos "causaria um constrangimento enorme no partido". "Eu, como presidente nacional, não vou apoiar a candidatura de Boulos no segundo turno", completa.

Além disso, líderes do PSDB reclamam de falta de parceria do PSB de Tabata, que vai enfrentar os tucanos nas urnas em cidades importantes do Grande ABC, muitas vezes numa aliança com o PT. Na avaliação desses dirigentes, o PSB dá mostras de parceria com os petistas, mas não com os tucanos.

Entre os membros do PSDB que defendem o apoio a Tabata, há a leitura de que ela tem indicado que não deve fazer campanha para Boulos e a expectativa de que o partido apareça e tenha protagonismo em sua campanha –possivelmente com peças publicitárias que exponham também Leite.

Esses tucanos dizem que, numa hipótese de Leite ser presidenciável em 2026, é mais factível contar com o apoio de Tabata do que de Nunes. A deputada poderia, por exemplo, ao menos não declarar apoio a uma eventual reeleição de Lula —tudo isso a depender, claro, do direcionamento dado pelo PSB. O partido está hoje na Vice-Presidência da República, com Geraldo Alckmin.

Há também no PSDB a avaliação de que, indo com Nunes, o partido desapareceria em uma coligação com mais de dez partidos e certamente não ocuparia a vice, já garantida com Tabata. Outro fator que desagrada a uma parte dos tucanos é a aliança do prefeito com Bolsonaro.

Por outro lado, o atual prefeito tem mais chances de vitória que a deputada e já contempla o PSDB na máquina da administração. Em relação a 2026, estaria mais longe de Lula do que Tabata, o que é visto como vantagem.

Ainda assim, tucanos cobram, caso o PSDB apoie Nunes, que outras siglas da sua aliança, principalmente o MDB e o PSD, ampliem gestos e alianças em cidades do interior do estado.

Tabata trata o apoio do PSDB como uma peça que daria musculatura à sua pré-candidatura. A avaliação é que, apesar do momento de crise, a legenda tem contribuições a dar pela experiência de gestão na cidade e no estado e por ter em sua órbita quadros considerados qualificados.

A deputada dá sinais reiterados de que deseja contar com a sigla em seu projeto, mas indicou que só estará disposta a negociar espaços na pré-campanha quando o partido anunciar publicamente a aliança.

Em caso de nova desistência de Datena, são citados três nomes que o PSDB poderia indicar para vice: Aníbal, o ex-deputado federal Ricardo Tripoli e o ex-vereador paulistano Mario Covas Neto.

Interlocutores relatam que Tabata interdita qualquer discussão sobre posicionamento de segundo turno no município por ter a certeza de que ela própria passará pelo funil. A leitura de aliados é que, caso fique de fora, ela tomará decisões com a cabeça de quem já se colocará para o pleito de 2028.

Tabata recheou de nomes ligados ao PSDB a equipe que discutirá seu programa de governo. Ex-secretários e outros nomes próximos de Alckmin e de figuras histórias da legenda —que o vice-presidente deixou em 2021 após 33 anos— foram convidados para as discussões e a elaboração do plano.

Source www1.folha.uol.com.br

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