Mulheres não podem ser forçadas a ir para abrigos exclusivos, diz ministra

Mulheres não podem ser forçadas a ir para abrigos exclusivos, diz ministra

www1.folha.uol.com.br

Em visita a Porto Alegre, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, anunciou a elaboração de um protocolo de proteção às mulheres e crianças em situações de emergência climática. Ela também disse que mulheres não podem ser forçadas a irem para um abrigo exclusivo para elas.

A ministra viajo para o estado após relatos de abusos sexuais cometidos contra mulheres e crianças no contexto das chuvas e enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Desde o início da situação de calamidade, seis pessoas foram presas por suspeita de estupro.

Abrigo para pessoas atingidas pelas enchentes em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre - Pedro Ladeira/Folhapress

Nos próximos dias, 300 agentes da Força Nacional devem chegar ao estado para atuar em abrigos.

Cida se encontrou com o governador Eduardo Leite (PSDB) e o secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Fabrício Guazzelli Peruchin, para discutir prazos para estabelecer medidas de atendimento a mulheres atingidas por enchentes no Rio Grande do Sul. As propostas devem ser concluídas até terça-feira (14).

A ministra e a comitiva da pasta, integrada pela secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Denise Motta Dau, e pela secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, Rosane Silva, também se reuniram com representantes de mais de 20 órgãos que integram o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.

A reunião estabeleceu linhas gerais para o protocolo emergencial, no qual devem constar especificidades de gênero, raça, credo, idade e outros critérios.

"Nós precisamos tratar o protocolo de emergência que cuide do processo como um todo, não só única e exclusivamente da violência", disse a ministra. De acordo com ela, mulheres e meninas são afetadas desproporcionalmente por violências e violações durante crises climáticas.

Uma das pautas prioritárias foi a da abertura de abrigos exclusivos para mulheres e crianças. Cida ressalta que existem ações do governo estadual e da prefeitura de Porto Alegre relacionadas ao tema, além de iniciativas individuais e de entidades da sociedade civil.

A ministra também alerta que é importante fazer distinções sobre como o encaminhamento das mulheres afetadas pelas enchentes é feito. "Muitas vezes a mulher não quer se separar da família, ela já perdeu tudo, ela tem os vínculos afetivos", diz Cida. "É uma decisão que não pode ser forçada pelo governo, seja o governo federal, seja o governo do estado ou por quem se quer que seja a ida das mulheres para um abrigo exclusivo para mulheres e meninas."

Ela diz que é preciso discutir também pontos como saúde feminina, o salvamento durante os resgates e os indicadores de casos de violência, para que mulheres resgatadas possam ser encaminhadas para o abrigamento correto logo após o resgate.

Segundo a ministra, também há uma articulação com o governo federal e os Correios para entrega de kits emergenciais com absorventes e roupas íntimas para mulheres.

Os itens estão entre os mais pedidos por centros de triagem e voluntários trabalhando com donativos para as vítimas das chuvas que afetaram 446 dos 497 municípios do estado.

Ao menos 143 pessoas morreram e 125 estão desaparecidas em decorrência da tragédia, conforme boletim publicado no início da noite deste domingo (12). Há 538,7 mil desalojados e 81,2 mil em abrigos.

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