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nathandasilva

testamento.

“Eu te amo mesmo a ponto de te pedir em casório com o não garantido, 

de pedir carro de som e dar buquê de rosas, três orquídeas e um cacto,

só pra te irritar,

faria para ti peça, música, livro, e poesia,

manifesto em praça, performance caótica, exposição de arte,

te faria atelier e estamparia, 

escreveria até minha mão direita adormecer, e então, faria livro de caligrafia com a mão esquerda para escrever até essa outra mão adormecer,

aprenderia costura, me furaria mil vezes, 

te faria mil mensagens e seria sua testemunha, para 54 tatuagens,

e piercings, e incontáveis cortes de cabelo,

viajaria contigo pra qualquer canto de qualquer mapa de qualquer canto e qualquer lugar do mapa e carregaria suas malas,

te carregaria em casa, no peito,

arrumaria as roupas, alugaria o carro, trocaria o pneu, e ainda reclamaria da sua música,

trocaria a roupa de cama toda vez que eu babasse, 

lavaria a roupa sempre que a máquina funcionasse,

deixaria a louça acumular até o momento em que nos perdêssemos em meio aos pratos e embalagens de comida,

compraria uma moto pra trazer a pizza mais rápido, 

comeria todas essas coisas chatas só pra poder usar de argumento pro sorvete no final de um dia extremamente quente e cansativo,

faria massagem nos ombros, nas costas, no corpo,

compraria aquele hidratante estranho com nome de bebê,

apareceria pruma noite no motel com camisinha neon,

e camisinha de café,

faria filme teu nos momentos que você olha através das coisas,

parecendo atravessar,

faria ensaio do seu sorriso e da sua inabilidade de escapar,

dos ensaios sobre teu rosto dormindo,

e seu cabelo sobre as orelhas,

e seu corpo sobre o sofá, a cama, o banco do carro,

justificaria meus gastos exorbitantes em chocolate,

alegando amnésia e dizendo que não sabia que você não era tão chegada assim, apesar de achar isso ligeiramente bizarro,

compraria mate diet, 

faria mate diet, 

seria o rei do mate diet,

teria tonéis de mate diet em casa até você não aguentar o número gigantesco de vezes que você vai ter que fazer xixi,

aceitaria sua música e lembraria delas,

sem ter que anotar,

nem guardar em lista do spotify,

apesar de amar seu spotify,

de faria perfume exclusivo,

do cheiro que você tem quando está tranquila,

veria todos os filmes indicados pra te dar o prazer,

de esfregar na minha cara.


Te amaria mais que isso.


E só. […]”

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